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Máfia dos Concursos trocava aprovação em certames por casas e carros

Em um dos casos investigados pelas polícias do DF e de Goiás, uma mulher ofereceu a residência de R$ 800 mil em troca de duas vagas

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Máfia dos Concursos
1 de 1 Máfia dos Concursos - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Passar em certames públicos e em faculdades federais pela porta dos fundos custava caro para quem aceitava fazer parte do esquema. Policiais que investigam a Máfia dos Concursos no Distrito Federal localizaram diversos comprovantes de transferências bancárias. Os valores, referentes à venda de veículos e de casas, foram encontrados em contas-correntes dos líderes da organização criminosa. Em uma análise preliminar, os investigadores identificaram recibos que variavam de R$ 100 mil a R$ 160 mil.

A documentação apreendida na segunda fase da Operação Panoptes ainda passará por análise. A intenção é saber a extensão dos delitos praticados pelo grupo. Segundo agentes da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), os integrantes da quadrilha diluíam o dinheiro recebido dos aspirantes a cargos públicos em diversas movimentações bancárias, uma estratégia para não levantar suspeitas.

Há diversos casos que explicam o enriquecimento das principais lideranças do grupo. A Polícia Civil de Goiás deflagrou a Panoptes em parceria com a Deco e descobriu que uma mulher ofereceu sua casa, no valor de R$ 800 mil, em troca de duas vagas.

Ela queria ingressar de forma fraudulenta nos quadros de delegado da corporação do Estado, além de aprovar a filha no vestibular de medicina da Universidade Federal de Goiás por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Chamada para explicar a negociata, a mulher se reservou ao direito de ficar em silêncio.

Para o concurso de delegado, a organização criminosa teria recebido ajuda de Ricardo Silva do Nascimento, à época servidor da Fundação Universidade de Brasília e cedido ao Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe). Ele foi flagrado por câmeras vasculhando o cofre de segurança da instituição em busca de cadernos de provas.

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Adriano Valente, delegado-adjunto da Deco
Ricardo é suspeito de ter movimentado R$ 1 milhão no último ano
Nova fase da operação foi deflagrada na segunda-feira (30/10)
Milson Iram da Silva, um dos presos na operação da Deco
Suspeito é alvo de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a depor
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Ex-funcionário do Cespe Ricardo Silva do Nascimento é acusado de integrar a Máfia dos Concursos

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Adriano Valente, delegado-adjunto da Deco

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Ricardo é suspeito de ter movimentado R$ 1 milhão no último ano

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Nova fase da operação foi deflagrada na segunda-feira (30/10)

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Milson Iram da Silva, um dos presos na operação da Deco

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Suspeito é alvo de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a depor

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Segundo policiais da Deco do Distrito Federal, apenas Ricardo Nascimento movimentou cerca de R$ 1 milhão no último ano. De acordo com o delegado-adjunto da especializada, Adriano Valente, Ricardo trabalhava na parte de digitalização das provas, função que garantiria a aprovação dos “clientes” nos certames.

O Ricardo preenchia com as respostas certas as folhas dos candidatos que haviam pagado. A atuação dele foi identificada pelo próprio Cebraspe, que o demitiu no início deste ano e nos forneceu informações para a investigação. Acreditamos que, pelo menos em 2016, ele teria atuado ativamente.

Adriano Valente, delegado-adjunto da Deco

Os membros da organização criminosa não tinham o menor pudor em oferecer facilidades. “Existiam várias formas de atuação. Cola por meio de ponto eletrônico,  celulares escondidos no banheiro e  gabaritos trocados. O ponto eletrônico era um dos mais baratos. O pagamento era adiantado e, depois, os candidatos faziam um empréstimo consignado para quitar a dívida”, detalhou o delegado da Deco Maurílio Coelho.

Todos que fraudaram concursos públicos serão conduzidos a uma delegacia. Quem puder evitar o constrangimento de ser levado pela polícia na frente da família e dos colegas de trabalho e quiser ir até a nossa unidade, estaremos de portas abertas, pois garantimos que chegaremos em cada um dos envolvidos.

delegado da Deco Maurílio Coelho

Ação em Goiás e no DF
A operação em Goiás, chamada Porta Fechada, foi deflagrada no mesmo instante em que a Deco, da Polícia Civil do Distrito Federal, lançava uma nova fase da Panoptes, na segunda-feira (30/10). Ambas têm a intenção de desarticular grupos ligados à Máfia dos Concursos.

A primeira fase da Operação Panoptes na capital do país ocorreu em 21 de agosto deste ano. Na ocasião, foram cumpridos mandados de prisão preventiva contra Helio Garcia Ortiz, o filho dele, Bruno de Castro Garcia Ortiz, Johann Gutemberg dos Santos e Rafael Rodrigues da Silva Matias.

Helio é apontado como chefe da organização criminosa. Bruno agia de forma operacional; Rafael era seu braço direito; e Johann facilitava o esquema fornecendo graduação e pós a quem precisasse e pagasse bem.

Helio Ortiz já é conhecido pela polícia, pois foi preso há 11 anos por cometer crimes semelhantes. Ele foi detido em sua casa, no Guará. Os mandados foram expedidos pela Vara Criminal de Águas Claras.

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