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Máfia dos Concursos: professores do DF que pagaram por vaga são soltos

Segundo a Polícia Civil do DF, cinco deles confirmaram a participação no esquema. Eles foram presos na quarta-feira (28/3)

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1 de 1 máfia dos concursos - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os sete professores e dois servidores administrativos da Secretaria de Educação presos na quarta-feira (28/3), acusados de terem pago até R$ 120 mil para conseguir uma vaga em concursos realizados pela pasta, estão soltos. Segundo investigações da Operação Panoptes, eles foram beneficiados pela Máfia dos Concursos. Um ex-funcionário da banca organizadora dos certames, o Cebraspe, teria ajudado na fraude.

Segundo a Polícia Civil do DF, cinco deles confirmaram a participação no esquema logo nos primeiros depoimentos e foram liberados. Os outros quatro acabaram soltos na madrugada deste sábado (31/3).

A prisão dos candidatos inaugurou uma nova etapa da operação, que tem como alvos os beneficiados. Segundo  Segundo o chefe da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco), delegado Adriano Valente, as investigações apontam que pessoas pagaram para ter acesso facilitado às vagas oferecidas em pelo menos 12 certames no DF e em outras unidades da Federação.

De acordo com o delegado Valente, os fraudadores foram identificados porque tiraram notas altas na redação e na prova objetiva, mas durante a investigação ficou provado que eles não tinham o conhecimento necessário para o exercício do cargo. Alguns chegaram a cometer erros crassos de concordância, embora estivessem em sala de aula na função de ensinar crianças e adolescentes. A suspeita é que o “pacote” de serviços incluía, também, diplomas de conclusão de ensino médio e cursos superior.

O policial explicou que a descoberta dos candidatos envolvidos nas fraudes do certame da Secretaria de Educação foi possível graças a uma ajuda da banca organizadora (Cebraspe), conhecendo os mecanismos de correção e perfil dos candidatos. Denúncias anônimas também colaboraram.

Nos depoimentos, após as prisões, candidatos chegaram a dizer que utilizaram uma caneta especial, em que a tinta era apagada com o calor do fogão, para alterar as respostas do gabarito oficial.

Gabaritos alterados
O start da investigação ocorreu a partir da prisão de Ricardo Silva do Nascimento, ex-funcionário da banca, em outubro. Conforme as apurações, ele preenchia os gabaritos dentro da instituição vinculada à Universidade de Brasília (UnB).

Ele alterava os gabaritos de quem comprava a vaga, conseguindo a aprovação dos mesmos após a prova. O candidato combinava o preenchimento dos gabaritos das provas objetivas com apenas quatro ou cinco itens. Isso facilitava a identificação deles por parte do funcionário do Cebraspe. O mesmo ocorria com a prova subjetiva e redações incompletas.

Durante as investigações da Panoptes (referência ao monstro da mitologia que tinha 100 olhos), a PCDF identificou, pelo menos, mais três modus operandi da quadrilha. O grupo agia com a utilização de pontos eletrônicos, uso de identidades falsas para que outras pessoas fizessem a prova no lugar dos inscritos, além de celulares.

Helio Ortiz
A primeira fase da operação foi deflagrada em 21 de agosto do ano passado. Na ocasião, foram cumpridos mandados de prisão preventiva contra Helio Garcia Ortiz, o filho dele, Bruno de Castro Garcia Ortiz, Johann Gutemberg dos Santos e Rafael Rodrigues da Silva Matias.

Helio Ortiz é considerado o chefe da organização criminosa. Bruno, segundo a polícia, agia de forma operacional; Rafael seria seu braço direito; e Johann facilitava o esquema fornecendo graduação e pós a quem precisasse e pagasse bem.

Em outubro, ocorreu a segunda fase da operação. Na ocasião, a PCDF desarticulou um grupo que pretendia fraudar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por meio de ponto eletrônico. O ex-funcionário do Cespe (atual Cebraspe) Ricardo Silva do Nascimento foi preso preventivamente.

Histórico
Em 2009, o ex-técnico judiciário do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) Helio Garcia Ortiz foi indiciado pela Polícia Federal por falsificação de documento público, estelionato, falsidade ideológica e uso de documento falso. Além disso, foi acusado de liderar a Máfia dos Concursos e cometer uma série de crimes em processos seletivos públicos no Distrito Federal.

Em maio de 2006, Helio Ortiz foi alvo da Operação Galileu, deflagrada pela Polícia Civil do DF, após suspeita de fraude do concurso da própria corporação, realizado em 2004. Na época, ele foi acusado de burlar 12 certames.

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