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Máfia do like: esquema de pirâmide virtual endividou centenas de pessoas pelo país

Para se filiar, o interessado precisava aderir planos que variavam de R$ 120 a R$ 99 mil

atualizado

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1 de 1 homem de óculos - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A proposta era simples e aparentemente vantajosa. Em troca de visualizações e likes em vídeos estrangeiros, uma plataforma digital pagaria rendimentos aos clientes que movimentassem o fluxo de curtidas, chegando a monetizar R$ 2 por cada clique. O esquema de pirâmide financeira virtual desenvolvido por um grupo de estelionatários fez, no entanto, centenas de vítimas em vários estados e no Distrito Federal, deixando rastro de prejuízo.

Diversas ocorrências registradas na Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC) envolvendo os golpistas revelaram como funcionava o programa de investimentos batizado de “Mercado Good”. A fim de garantir a filiação, o interessado precisava aderir a um plano, que variava de R$ 120, no modelo mais básico, a R$ 99 mil, com a promessa de vultosos retornos. Para cada tarefa cumprida, o cliente recebia uma quantia que poderia ser sacada por meio da plataforma.

A Máfia dos Likes mantinha uma dinâmica de tarefas – com duração de 12 meses – e seguia um protocolo no momento de inserir cada uma das pessoas captadas por meio de redes sociais e grupos de WhatsApp. Os pagamentos eram realizados via PIX. Após fazer o cadastro e quitar o plano, o cliente era inserido no grupo com outros integrantes. Todos os administradores usavam telefones com o DDD 11 (São Paulo).

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Imitação

Para passar impressão de credibilidade, a plataforma Mercado Good usava logomarcas idênticas às de grandes empresas de e-commerce, como Mercado Livre, Mercado Pago, além do YouTube. Organizado, o esquema criminoso estimulava as vítimas a reinvestir o dinheiro aplicado e aumentar as cifras com a promessa de maiores rendimentos apenas assistindo a vídeos e curtindo as publicações.

Nas primeiras semanas, os investidores pensavam ter feito um grande negócio, mas o castelo de cartas desmoronava quando os saques eram cortados pelos organizadores da pirâmide. Em todos os casos, as vítimas apenas percebiam que haviam comprado gato por lebre quando tentavam sacar os valores e a plataforma apresentava erros e só permitia retiradas de montantes mais baixos. Tarde demais: todo o dinheiro aplicado no programa já havia evaporado.

Atualmente, existem centenas de reclamações, vídeos no YouTube e relatos de pessoas enganadas pela pirâmide. Dezenas de ocorrências registradas na PCDF relatam sempre o mesmo modus operandi: milhares de reais ficaram retidos após os rendimentos com os likes serem cortados de repente. Logo depois, as vítimas eram bloqueadas e deletadas dos grupos mantidos no WhatsApp pelos criminosos.

Relatos desesperadores

Desesperadas, as vítimas do golpe procuram as autoridades para registrar ocorrência, mas a chance de recuperar o dinheiro aplicado é quase nula. Uma das pessoas que perdeu pouco mais de R$ 22 mil narrou ter chegado a convencer vários membros de sua família a embarcar na furada.

Sem se identificar, o vendedor autônomo de 38 anos contou que, no início, começou investindo pequenas quantias e chegou a ser remunerado. “Primeiro, contratei um plano de R$ 1,9 mil, com bônus de outro plano no mesmo valor. Logo depois, indiquei familiares e amigos quando comecei a receber os dividendos. No entanto, era uma barca furada”, disse.

Semanas depois, quando o cliente tentou sacar os valores, o sistema constou como bloqueado. A vítima revelou que o esquema é sedutor e possibilitava que, caso um integrante indicasse novas pessoas e afiliados, o anfitrião seria remunerado. “Nesse ritmo, pessoas contratavam o plano de R$ 120, posteriormente R$ 720 e, depois, de R$ 5,1 mil. Era uma bola de neve que depois só crescia, deixando um prejuízo altíssimo para os membros”, relatou.

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