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Máfia das Próteses: MP e polícia cumprem mandados no Hospital Daher

De acordo com o MP, médicos envolvidos no esquema preferiam operar no local por receberem de 3,5% a 7% de comissão pelo uso de próteses

atualizado

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1 de 1 daher - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e a Polícia Civil deflagraram nesta quinta-feira (6/10) a segunda fase da Operação Mr. Hyde, que investiga a atuação da Máfia das Próteses no Distrito Federal. O alvo é o Hospital Daher, no Lago Sul. A ação foi autorizada pela 2ª Vara Criminal e estão sendo cumpridos sete mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada a depor) e cinco de busca e apreensão.

O Daher entrou na mira dos investigadores a partir de depoimentos de vários pacientes vítimas do esquema, que informaram ter passado por procedimentos cirúrgicos na unidade hospitalar. As investigações indicam que, nesse hospital, o proprietário atuava no direcionamento dos pagamentos que envolviam órteses e próteses (OPMEs).

“As primeiras escutas telefônicas já levantavam suspeitas contra o Hospital Daher. Um dos médicos investigados na primeira fase havia dito que gostava de operar nesses dois hospitais porque recebia dobrado (Daher e Home). Os médicos envolvidos na Máfia das Prósteses, além dos honorários, recebiam dos hospitais de 3% a 7% e mais quase 30% da distribuidora ATM Medical”, explicou o promotor de Justiça Maurício Miranda.

Médicos, revendedores de produtos, empresas e hospitais são acusados de participar de um esquema para obter ganhos indevidos junto a diversos planos de saúde, gerenciando de forma maliciosa os agendamentos cirúrgicos, manipulando os preços e materiais que seriam utilizados, inclusive órteses e próteses. O prejuízo inicial estimado foi de R$ 30 milhões e mais de 60 pacientes foram lesados com cirurgias desnecessárias e equipamentos com validade vencida.

A investigação é comandada pela Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários de Serviços de Saúde (ProVida) e pela 4ª Promotoria de Defesa da Saúde (4ª Prosus), em parceria com a Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco). Na primeira fase da operação, o único hospital que entrou na mira da polícia e do MP foi o Home, na 913 Sul. Após a coleta dos depoimentos, delegados da Deco já haviam admitido a possibilidade de outros estabelecimentos serem investigados.

Em nota, o Hospital Daher confirmou que recebeu a visita da Polícia Civil. “Não fomos avisados ou comunicados previamente do teor da visita e estamos colaborando ativamente com as solicitações realizadas. Tão logo tenhamos informações oficiais sobre o teor das investigações, informaremos de forma ampla à imprensa”.

Operação Mr. Hyde
A Máfia das Próteses do DF foi desarticulada em 1º de setembro, na Operação Mr. Hyde, realizada em conjunto pela Polícia Civil e o Ministério Público. Treze suspeitos foram presos, entre médicos e pessoas relacionadas à empresa TM Medical.

O grupo é acusado de fraudar pacientes e planos de saúde, que passavam por cirurgias desnecessárias e com materiais de baixa qualidade, para que a empresa pudesse aumentar seu lucro. Apenas neste ano, eles teriam atingido 60 pessoas. Os acusados também são suspeitos de ameaçar e atentar contra a vida de testemunhas.

Indiciamento
No último dia 23, o juiz substituto Caio Todd Silva Freire, da 2ª Vara Criminal, aceitou a denúncia contra 17 pessoas acusadas pelo MPDFT de integrar a Máfia das Próteses. A denúncia separou os suspeitos em três núcleos: o médico, o da empresa TM Medical e o do Hospital Home. Todos os nove acusados de integrar o primeiro grupo responderão pelo delito de compor uma organização criminosa. São eles: Henry Greidinger Campos, Marco de Agassis Almeida Vasques, Eliana de Barros Marques, Rogério Gomes Damasceno, Juliano Almeida e Silva, Wenner Costa Cantanhede, Leandro Pretto Flores, Rondinele Rosa Ribeiro e Naura Rejane Pinheiro da Silva.

Os médicos são acusados de fazer procedimentos cirúrgicos muitas vezes desnecessários e até mesmo de lesar pacientes para implantar órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs) superfaturados.

O núcleo composto pelos donos e funcionários da TM Medical — que fornecia os materiais para as cirurgias — também responderá na Justiça. Os acusados são Johnny Wesley Gonçalves e a mulher dele, Marisa Aparecida Rezende Martins, Micael Bezerra Alves, Sammer Oliveira Santos, Danielle Beserra de Oliveira, Rosangela Silva de Sousa e Edson Luiz Cabral.

Dos três acusados de integrar o núcleo Hospital Home, apenas Antonio Marcio Catingueiro virou réu. Segundo a polícia, ele atuava no Hospital Home fazendo contato comercial entre médicos, planos de saúde e fornecedores de órteses e próteses. Seria o responsável por orientar cirurgiões e fornecedores sobre como fraudar auditorias para incluir procedimentos desnecessários.

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