Máfia das funerárias age mesmo com operação policial em curso
Metrópoles apurou que o líder do bando preso nesta quinta-feira (26) respondia pela Funerária Tanatos, que permanece aberta
atualizado
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A máfia das funerárias pode ter espalhado seus tentáculos por várias cidades do Distrito Federal. A Operação Caronte, deflagrada nesta quinta-feira (26/10), desarticulou dois grupos sediados em Taguatinga e Samambaia, mas o Metrópoles apurou que uma unidade, em Ceilândia, continua em pleno funcionamento.
A Funerária Tanatos, situada na área do Pró-DF, no Setor P.Sul, em Ceilândia, não foi alvo da ação desta quinta, mas a reportagem descobriu uma denúncia registrada na 23ª Delegacia de Polícia (P.Sul) que investiga as mesmas irregularidades.
Um documento obtido pelo Metrópoles mostra que a licença sanitária da funerária foi assinada por Agamenon. Para funcionar, estabelecimentos desse porte necessitam do aval de um médico-legista.O suspeito chegou a integrar os quadros do Instituto Médico Legal (IML), mas foi expulso em 1990. A polícia não informou a razão do desligamento.
Agamenon, que também tem formação em direito, inclusive já defendeu a Tanatos em ações judiciais. Além de cobrar até R$ 6 mil pelos serviços funerários, a organização criminosa liderada por ele furtava objetos dos cadáveres, como cordões e dentes de ouro.
Eles também são acusados de captar ilegalmente a frequência dos rádios da PCDF em busca de informações sobre mortes classificadas como aparentemente naturais. Depois, ligavam para os familiares para obter vantagens ilícitas.
Os criminosos, geralmente, se passavam por servidores do IML. Alegavam aos parentes das vítimas que uma equipe iria prestar assistência ou, ainda, que uma funerária ligada ao grupo poderia ajudá-los.
R$ 500 por atestado de óbito
O argumento era de que se o corpo fosse ao IML seria cortado pelos peritos. Diante disso, os criminosos ofereciam um processo “menos doloroso”, caso o acordo fosse firmado. Duas funerárias — Universal e Pioneira — alvos da operação pertencem ao mesmo dono e funcionam em Taguatinga. Há ainda outras empresas investigadas, instaladas em Samambaia e em Goiás.
Entre os presos, estão empresários, médicos, que cobravam até R$ 500 por atestado de óbito, e até mesmo um porteiro do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Ele teria a função de acionar os comparsas sempre que tivesse alguma morte na unidade de saúde. O vigilante informava, inclusive, as características dos familiares das vítimas para facilitar a abordagem dos “papa-defuntos”.
Segundo os promotores responsáveis pelo caso, todas as pessoas flagradas nas interceptações telefônicas foram presas nesta quinta. A detenção tem o prazo de cinco dias, mas pode ser prorrogada.
Os presos são investigados por cometer os crimes de captação ilegal de comunicações policiais;
usurpação de função pública; estelionato; falsidade de atestado médico; contra as relações de consumo; organização criminosa; e corrupção ativa e passiva.Três alvos são considerados foragidos: Reandreson Miranda dos Santos, que já tinha um mandado de prisão em aberto; Miriam Sampaio dos Santos; e Marcelo de Oliveira Silva.