Máfia das Funerárias: 37 rádios com frequência da PCDF são apreendidos
Equipamentos estavam em carros funerários e casas dos papa-defuntos. Foram cumpridos, nesta sexta (17/11), 21 mandados de busca e apreensão
atualizado
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Os meios utilizados pela Máfia das Funerárias do Distrito Federal para conseguir clientes surpreenderam os policiais que investigam o grupo criminoso, formado por médicos, funcionários de hospitais, empresários e até um policial civil aposentado. Na segunda fase da Operação Caronte, deflagrada pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil do DF, nesta sexta-feira (17/11), foram apreendidos 37 rádiorreceptores programados na frequência utilizada pelas forças de segurança.
O objetivo era chegar primeiro aos locais onde pessoas haviam morrido e negociar o enterro em condições privilegiadas com as famílias, ainda em estado de choque. Para ter acesso às transmissões, as funerárias contavam com a ajuda de um policial civil aposentado, que chegou a trabalhar no Instituto Médico Legal (IML), que passava as frequências. Ele — que não teve o nome divulgado — foi alvo de um dos 11 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para depor) da operação.
As buscas envolveram pelo menos 20 funerárias, clínicas e residências de suspeitos. Segundo a polícia, o esquema criminoso envolve a falsificação de atestados de óbito e a cobrança de preços superfaturados de famílias que precisam organizar velório e enterro de parentes. Os investigados cobravam até R$ 6 mil das vítimas – preço muito acima do mercado, segundo a PCDF.
De acordo com uma fonte policial ouvida pelo Metrópoles, os principais envolvidos foram presos na primeira fase da ação, mas parte do esquema foi mantido pelos suspeitos que, hoje, foram conduzidos coercitivamente.
“Conseguimos provocar um baque muito grande nessa máfia, mas ainda restavam alguns intermediários, médicos e funcionários de funerárias que praticavam crimes, como fraudar os atestados de óbito”, explicou o policial.
Veja o vídeo da operação feito pela PCDF:
O caso
As apurações da polícia indicam que a organização criminosa enganava as vítimas com a promessa de que o atestado de óbito sairia de graça. Mas, na verdade, estava tudo embutido no preço do velório e do enterro. A investigação mostrou que o grupo utilizava o sistema de rádio do IML e chegava aos locais onde tinham pessoas com morte aparentemente natural antes do rabecão.
Durante as buscas realizadas na primeira fase da Operação Caronte, os agentes encontraram duas armas e diversos equipamentos que copiavam a frequência da corporação.
Os investigadores identificaram a ação de dois grupos criminosos ligados ao ramo de serviços funerários, como sepultamento, embalsamento, cremação e traslado de corpos, entre outros. Os suspeitos cobravam o atestado de óbito e o encaminhava para funerárias envolvidas no esquema. Os criminosos, geralmente, se passavam por servidores do IML.