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Máfia da morte zombava de suas vítimas. Ouça áudios

Agamenon e integrantes da organização criminosa riam de parentes de pessoas falecidas e se passavam por servidores do IML

atualizado

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Funerária audio
1 de 1 Funerária audio - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Confiante na impunidade, o médico-legista Agamenon Martins Borges zombava de familiares de pessoas mortas que pagavam valores exorbitantes por serviços funerários. Em conversas com os comparsas, gargalhava por conseguir vender atestados de óbito — documento público e gratuito —, comemorava o fato de um sobrinho sem qualquer formação assinar como profissional de medicina e determinava que as finanças da quadrilha se mantivessem organizadas (ouça abaixo).

Em outro áudio obtido pelo Metrópoles, um integrante da máfia das funerárias fala, por telefone, com o neto de uma idosa que acabara de falecer. O criminoso se apresenta como agente Carvalho, que seria servidor do Instituto Médico Legal (IML).

Falso servidor
Ele aterroriza o rapaz ao dizer que o corpo da avó seria aberto, caso fosse levado para a necropsia e indica Agamenon para ir ao local atestar a causa da morte. O bandido, que não teve a identidade revelada pela polícia, ainda usa o nome da Associação Geral dos Policiais Civis do DF (Agepol) para conferir um ar de credibilidade ao esquema.

“O médico é conveniado da Agepol e não cobra nada para atestar o óbito”, disse. Fragilizados, o rapaz e a família aceitam os termos do acordo. A Polícia Civil já identificou 15 vítimas da máfia das funerárias. São pessoas que ainda nem sabem que caíram em um golpe.

 

Na mesma conversa, o falso servidor do IML diz que Agamenon também é parceiro de uma empresa de cerimonial. É aí que a quadrilha começava a embutir os serviços com valores inflacionados. No final das contas, os parentes desembolsavam, em média, cerca de R$ 6 mil.

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Funerária Pioneira, que funcionava em Taguatinga, foi outro alvo da PCDF
Donos de funerárias são acusados de integrar esquema criminoso no DF
Entrada de funerária suspeita de integrar Máfia das Funerárias
Funerária Tanatos foi investigada por integrar mercado da morte no DF
Fiscalização da Vigilância Sanitária inspeciona Funerária Tanatos
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Funerária Universal foi alvo da Operação Caronte

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Funerária Pioneira, que funcionava em Taguatinga, foi outro alvo da PCDF

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Donos de funerárias são acusados de integrar esquema criminoso no DF

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Entrada de funerária suspeita de integrar Máfia das Funerárias

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Funerária Tanatos foi investigada por integrar mercado da morte no DF

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Fiscalização da Vigilância Sanitária inspeciona Funerária Tanatos

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Agamenon foi preso na quinta (26), durante a Operação Caronte, deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Ele é dono de uma funerária em Formosa (GO).

Segundo os investigadores, o médico integra uma organização criminosa acusada de falsificar atestados de óbito no Distrito Federal e de fazer parte da máfia das funerárias. O grupo conta com um exército de papa-defuntos no Distrito Federal. São homens e mulheres com a mórbida missão de mapear mortes em hospitais, clínicas e até nas ruas. O objetivo é cobrar das famílias enlutadas valores inflacionados.

Além de Agamenon, outras oito pessoas foram presas durante a operação e três são consideradas foragidas. Eles são investigados por cometer os crimes de captação ilegal de comunicações policiais;
usurpação de função pública; estelionato; falsidade de atestado médico; contra as relações de consumo; organização criminosa; e corrupção ativa e passiva.

Caronte
Batizada de Caronte, o nome da operação é uma referência ao barqueiro da mitologia grega, que cobrava pelo transporte das almas do mundo dos vivos para o mundo dos mortos, através de um rio controlado por ele.

O Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (NCAP), a 4ª Promotoria de Defesa da Saúde (Prosus), a Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-vida) e a Corregedoria-geral da Polícia Civil do DF participam das buscas.

Confira os alvos da operação:

– Agamenon Martins Borges
– Reandreson Miranda dos Santos (foragido)
– Miriam Sampaio dos Santos (foragida)
– Alex Bezerra do Nascimento
– Jocileudo Dias Leite
– Valtercícero dos Santos
– Samuel Aguiar Veleda
– Cláudio Barbosa Maciel Filho
– Cláudio Barbosa Maciel
– Augusto Cesar Ribeiro Dantas
– Conrado Augusto de Farias Borges
– Marcelo de Oliveira Silva (foragido)

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