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Mães de alunos humilhados por professora protestam em escola: “Queremos respostas”

Munidas de cartazes, mães de crianças especiais cobravam resposta sobre o pedido afastamento da diretora da unidade por possível omissão

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Em manifestação, mães de crianças autistas pedem afastamento de diretora após denúncias de maus-tratos 2
1 de 1 Em manifestação, mães de crianças autistas pedem afastamento de diretora após denúncias de maus-tratos 2 - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Mães de alunos da Escola Classe (EC) nº 08, do Guará, compareceram à unidade regional de ensino da região, na tarde desta sexta-feira (7/7), e fizeram um protesto após o Metrópoles revelar que uma professora humilhava alunos especiais durantes as aulas. O caso é investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Munidas de cartazes, as mulheres de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) cobravam uma resposta da Regional de Ensino sobre o pedido de afastamento da diretora da unidade por uma possível omissão diante do que foi revelado nas gravações.

“Nós viemos para cá manifestar para que eles saibam que não é um caso pontual, mas sim uma insatisfação coletiva. Nós viemos para cá ter uma resposta [sobre o pedido de afastamento]”, explica Marina Valente, 34 anos, mãe responsável pelas gravações.

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Ela ocorreu em frente a regional de ensino da região na tarde desta sexta-feira (7/7)
O grupo de mães cobrava uma resposta da unidade em relação ao pedido de afastamento da diretora da EC
A mãe Marina Valente disse que não teve resposta no encontro
Os manifestantes levaram cartazes pedindo mais "respeito" aos autistas
Uma professora da EC foi gravada criando verdadeiros momentos de terror aos alunos que possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA)
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Mães de crianças autistas da Escola Classe nº 08 do Guará realizaram uma manifestação

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Ela ocorreu em frente a regional de ensino da região na tarde desta sexta-feira (7/7)

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O grupo de mães cobrava uma resposta da unidade em relação ao pedido de afastamento da diretora da EC

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A mãe Marina Valente disse que não teve resposta no encontro

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Os manifestantes levaram cartazes pedindo mais "respeito" aos autistas

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Uma professora da EC foi gravada criando verdadeiros momentos de terror aos alunos que possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA)

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Três mães dos quatro alunos da classe compareceram ao ato. Da esquerda para direita, Marina Valente, 34 anos, Tâmara Fortuna, 44 anos, e Patrícia Oliveira, 40 anos.

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O batalhão escolar da PMDF também acompanhou o ato

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O caso de maus-tratos é investigado pela Polícia Civil do DF

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Mães pedem "Justiça"

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Professora continua afastada por motivos de saúde

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Mãe colando cartaz em parede da regional de ensino

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Os áudios gravados são de três dias: 5, 9 e 12 de junho de 2023. Marina usou um tablet guardado na mochila do filho de 11 anos para registrar as aulas da criança ao perceber que o menino apresentava comportamentos incomuns em casa.

O aparelho registrou momentos de humilhações vividas pelo filho e outros três colegas de turma. Aos berros, a professora das crianças, Samantha Christine Soares Gurgel, foi gravada enquanto ameaçava e depreciava estudantes com TEA.

Veja como foi o encontro:

Além de Marina, as mães de outros dois alunos da mesma classe compareceram à manifestação. Tâmara Fortuna, 44 anos, e Patrícia Oliveira, 40, seguraram cartazes e repetiram palavras de ordem enunciadas pelo grupo presente.

Veja:

“Decepcionante. Pelo que foi passado na mídia, eles hoje dariam uma resposta para gente do que aconteceria. A professora está afastada por licença médica, não foi a direção que tomou as providências”, lamentou a enfermeira Patrícia Oliveira, mãe de um dos alunos presentes no áudio.

O presidente nacional do Movimento Orgulho Autista Brasil (MOAB), advogado Edilson Barbosa, participou do ato e repudiou a forma de tratamento recebido pelas crianças. “Não admitimos essa forma de atendimento, de tratamento.”

O representante organiza, juntamente com as mães, um novo ato de cobrança de posicionamento sobre o afastamento da diretora da EC. O grupo irá se reunir, às 14h da próxima quarta-feira (12/7), na Secretaria de Educação.

Na gravação, a professora chega a dizer às crianças para não começarem com “essa loucura” e os ameaça ao falar que eles vão “ver o que é bom para tosse”. Duas professoras ficavam responsáveis pelos quatro estudantes. A que teve os áudios divulgados está afastada, por licença-médica; a segunda, que continua em atividade, consta como testemunha do caso, por ter agido de forma conivente diante do ocorrido, segundo a denúncia.

Ouça:

 

A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) confirmou o caso, e a Ouvidoria investiga a denúncia, com “devida apuração” da Corregedoria do órgão. “A pasta reforça o compromisso e o empenho na busca por elementos que permitam o esclarecimento dos fatos, bem como [oferecer] todo o suporte para os estudantes”, destacou.

Cuidados

Manter o canal de comunicação aberto com os filhos e questionar os motivos de não quererem fazer alguma atividade típica, como ir ao colégio, é uma das recomendações da psicóloga Paola Rodrigues, do Instituto de Medicina e Psicologia Integradas (Impi), principalmente aos pais de crianças com TEA.

“É importante sempre perguntar como foi o dia. Muitas vezes, começando a falar da rotina como forma de abrir as portas para o filho falar sobre a dele. Uma estratégia eficaz é usar de brincadeiras também”, orienta a especialista.

Outro conselho da psicóloga é conversar com outras famílias e com a equipe da escola, para verificar se o espaço é, de fato, um ambiente saudável.

Alguns sinais para se atentar:

  • Criança começa a pedir para faltar aula sem motivo;
  • Perdas no rendimento escolar;
  • Alterações de humor;
  • Mudanças de comportamento, como agressividade e ataques de raiva;
  • Perda de autoconfiança;
  • Comportamento arisco ao toque.
Denúncias

Com as gravações, a família da criança de 11 anos registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que investiga denúncia por supostos maus-tratos. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e o Conselho Tutelar também foram acionados.

O gabinete da secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, recebeu e-mail da Ouvidoria do Governo do Distrito Federal (GDF), com detalhes sobre o caso. O departamento informou que “adotará todas as medidas cabíveis, podendo, inclusive, no curso da apuração, promover o afastamento da servidora, nos termos da Lei Complementar nº 840/2011”.

Um novo professor substituiu as duas responsáveis pela turma, segundo a SEDF. O Metrópoles tentou contato com a defesa da educadora denunciada, mas os advogados dela informaram que só se pronunciarão sobre o caso após se certificarem da ocorrência.

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