Mãe visita jovem internada após planejar massacre a escola: “Só chora”
Internação compulsória não tem data para terminar. Mãe diz que a adolescente passa bem e que quer voltar para casa
atualizado
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A mãe da jovem de 19 anos suspeita de planejar um massacre em uma escola pública no Recanto das Emas falou com a filha pela primeira vez, nesta terça-feira (25/5), desde a internação compulsória determinada pela Justiça. Sem a possibilidade de ocorrer pessoalmente, a conversa foi por chamada de vídeo.
De acordo com a mãe, a adolescente está sendo bem tratada, mas disse constantemente que queria sair do hospital psiquiátrico. “Só chora muito e pergunta quando vem para casa. Fiquei 1% aliviada, só que é muito exaustivo e traumatizante para toda a família não ter ela conosco”, desabafa.
A mãe considera que não há razão médica para a garota ficar internada. Ela espera que a decisão judicial tenha sido apenas para proteger a jovem. “Não teve qualquer intercorrência que justifique que ela é agressiva. Eles não internam pacientes estabilizados e com tratamento em dia, que é o caso dela. Quero acreditar que tenha sido para preservá-la de algum atentado em razão da exposição”, comenta.
Ainda não há previsão de quando a adolescente poderá voltar para casa, mas a mãe crê que não demore muito.
Internação compulsória
Equipes da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) e da Divisão de Operações Especiais (DOE) cumpriram ordem judicial de internação psiquiátrica compulsória da jovem de 19 anos suspeita de planejar um massacre em uma escola pública do Recanto das Emas.
O pedido para internação foi apresentado à Justiça, no sábado (22/5), pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).
A decisão foi da juíza plantonista do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) e cumprida pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na manhã de domingo (23/5).
Segundo o MPDFT, o pedido, deferido pela Justiça, foi solicitado para garantir a segurança da jovem e de terceiros. A Justiça intimou os pais da adolescente assim como a Secretaria de Saúde do DF para o cumprimento da medida.
“Após compartilhamento das provas da área criminal com área cível do MPDFT, foi solicitada a internação, medida de caráter cível, a fim de garantir a segurança não só da pessoa apontada como potencial autora do ataque, como da própria sociedade”, destacou o Ministério Público.
Veja imagem do cumprimento da internação:
A jovem foi alvo de uma operação de buscas, intitulada de Shield (escudo, em inglês) e revelada pelo Metrópoles, na manhã de sexta-feira (21/5). A mãe dela contou que policiais civis do Distrito Federal fizeram uma intensa revista nos cômodos, principalmente no quarto em que a suspeita dorme, onde os investigadores encontraram máscaras e simulacros de arma de fogo.
A operação da DRCC foi deflagrada em parceria com a Adidância da Polícia de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos. A jovem foi levada para a delegacia e liberada, por não haver prisão em flagrante.
Apesar do envolvimento da polícia norte-americana na investigação, a corporação confirma que o ataque não ocorreria em colégios internacionais, mas em uma escola pública do DF no Recanto das Emas. O plano de massacre, revelado por meio de monitoramento na internet, seria executado quando as aulas presenciais fossem retomadas.
“Vontade de matar”
Em entrevista exclusiva ao Metrópoles um dia após a operação, a mãe disse que a jovem já havia admitido à família que “tinha vontade de matar adolescentes da escola dela”. Apesar disso, a mulher, de 53 anos, afirma não acreditar que a menina concretizaria o ataque.
De acordo com relatos da mãe, a filha sofria bullying na antiga escola pelo modo como se vestia e, muitas vezes, “chegava em casa da escola nervosíssima e tinha surtos de raiva”. “Eu falava: ‘Não, minha filha. Vamos conversar’. Voltamos nos médicos dela, aí aumentaram a medicação, porque ela toma antidepressivos”, contou.
A mãe afirmou que a filha estuda em outra unidade de ensino, diferente da que teria como alvo. “Nessa escola de agora ela tem amigos, de quem eu conheço os pais, é tudo tranquilo. Era na escola antiga dela que ela sofria bullying e chegou a falar que queria matar os adolescentes porque tinha muita raiva. Mas já não falava mais nisso”, detalha.
“Foi no início deste ano que ela teve uma última conversa com uma menina do Rio de Janeiro pelas redes sociais. A menina dizia que, se minha filha quisesse, ainda poderia fazer isso, porque ela tinha armas… Mas eu falei: ‘Filha, pare de conversar com essas pessoas, porque são de má índole'”, narrou a dona de casa.
Há dois anos, a jovem teria sofrido um surto psicótico enquanto andava na rua e acabou atropelada por um carro. Na ocasião, levou 50 pontos na cabeça, além de ter fraturado o quadril e os ombros. Também por causa disso, a mãe defende que ela não teria condições físicas de fazer qualquer ato com a magnitude descrita pela polícia.
“Ela tem esquizofrenia, ansiedade, síndrome do pânico. Para resolver tudo, ela tem que estar comigo, porque não faz nada sozinha”, destacou. Segundo a dona de casa, a família entregou os laudos médicos da jovem para a PCDF.