Mãe sobre professor investigado no DF: “Show de horrores”
Aluna contou à servidora que o docente do CEF 104 Norte levou texto em latim e disse que “invocaria o diabo”
atualizado
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Pais e responsáveis por estudantes do 6º ano do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 104 Norte disseram que o professor de português contratado temporariamente pela Secretaria de Educação que está sendo investigado por pedir para os estudantes escreverem uma redação sobre sexo anal e oral deu “show de horrores” em sala de aula.
A servidora Priscilla Fava de Sousa, 38 anos, é mãe de uma menina que estuda na turma. Ela disse que a filha tem 11 anos e já havia relatado comportamento estranho do docente uma outra vez.
“Sabemos que ele estava há cerca de um mês no colégio, desde que outra professora se aposentou. Segundo as crianças, um dia ele chegou a levar um texto em latim para a sala e também citou que invocaria o demônio e colocaria os nomes na boca do sapo para costurar. Esse professor já tinha um histórico. O que ocorreu na quarta-feira [13/11/2019] foi um show de horrores”, assegurou.
Segundo a servidora, a filha dela falou que não anotou nada do que estava escrito no quadro e, quando as amigas dela foram até à coordenação para reclamar da situação, a vice-direção não atendeu as meninas. “O conteúdo era completamente inapropriado e o professor recolheu essas redações. Eu fui até a 2ª DP registrar ocorrência porque acredito que deva haver uma apuração rigorosa. A direção nos garantiu que, nesse concurso, ele foi devolvido e não entra mais em sala, mas e nos próximos? Não podemos deixar que aconteça”, ressaltou.
O caso foi revelado pelo Metrópoles. O professor Wendel Santana, 25, foi desligado da unidade educacional após lecionar sobre sexo durante aula na última quarta-feira (13/11/2019). Na ocasião, ele também pediu aos alunos que escrevessem uma redação improvisada sobre o tema e escreveu expressões no quadro, como “boquete”, “69”, “fio terra”, “punheta” e “dar o cu”.
A polêmica virou caso de polícia. A Polícia Civil do DF confirmou que o diretor da instituição de ensino e os pais registraram ocorrência na 2ª DP (Asa Norte). Inicialmente, o crime investigado está inserido no artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que consiste em submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento. A pena prevista é detenção de 6 meses a 2 anos. A tipificação criminal pode mudar no decorrer das apurações. As autoridades alertam que os pais devem registrar ocorrência. Em casos sensíveis como esse, a 2ª DP trabalha em conjunto com a DPCA e possui policiais treinados para colher depoimentos dos estudantes.
Segundo denúncia recebida pelo Metrópoles, as crianças fotografaram o conteúdo escrito pelo docente na lousa e gravaram áudios durante a aula.
MPDFT
A Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), instaurará procedimento para investigar as denúncias apresentadas contra o professor temporário afastado do CEF 104 Norte.
O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) também se posicionou sobre o ocorrido. Gilza Camilo, diretora da associação, afirmou que a entidade apura as acusações. “Viemos aqui hoje [segunda-feira (18/11/2019)] para resolver outro problema e tomamos conhecimento do caso. Não sabemos se as acusações procedem, mas o professor foi afastado e iremos apurar as denúncias”, explicou.
“A situação é grave. A Secretaria de Educação afastou o professor e vamos aguardar as apurações dos órgãos competentes”, disse o também diretor da entidade Samuel Fernandes.
Nas imagens cedidas à reportagem, é possível ver a data da ocorrência e o tema proposto pelo educador no quadro branco. “Brasília, 13 de novembro de 2019. Objetivo: fazer o próprio currículo. Redação improvisada. Escrever sobre polidez e transformações afetivo-sexuais na adolescência (pós-infância). Sexo oral e penetração”, escreveu.
Veja os registros obtidos pela reportagem:
No conteúdo dos áudios obtidos pela reportagem, é possível ouvi-lo dizendo aos alunos: “Repitam comigo: ‘Clitóris, clitóris’. Tem que tratar o assunto com educação, porque é normal”, ele diz.
Confira os áudios:
O outro lado
Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE-DF) havia informado nessa segunda-feira (18/11/2019) que o professor temporário foi devolvido preventivamente pela Coordenação Regional de Plano Piloto e Cruzeiro, enquanto a pasta está investigando a situação no CEF 104 Norte.
Nesta terça-feira (19/11/2019), a pasta atualizou as informações e disse que irá rescindir o contrato do professor. “As autoridades policiais foram comunicadas pela direção da escola. Os estudantes receberão o devido apoio do Serviço de Orientação Educacional”, diz trecho do texto.
O Metrópoles procurou o professor Wendel Santana para ouvir sua versão sobre o episódio, mas ele não respondeu aos questionamentos da reportagem.