Mãe que matou filha publicou mensagem de aniversário: “Estarei sempre aqui”
Em post no perfil pessoal, Zenaide Rodrigues fez declarações carinhosas e amorosas à criança. Parentes declaram incompreensão diante do caso
atualizado
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“Ah, como eu fico feliz em te ver assim crescendo”. Essa é a primeira frase de um post publicado no Instagram pela mãe Zenaide Rodrigues de Souza, 32 anos, no último aniversário da filha, em 25 de maio de 2022. Zenaide está presa por, de acordo com as investigações, ter estrangulado a menina de 5 anos na segunda-feira (6/3). Após matar criança, a mulher ateou fogo no apartamento.
Em material cedido ao Metrópoles por familiares próximos ao casal, a suspeita do crime bárbaro escreveu em uma rede social: “Independentemente da idade que tenha, eu estarei sempre aqui”. A publicação com mensagem carinhosa é mais um fragmento de incompreensão dos parentes diante do crime. “Ela sempre foi muito carinhosa”, disse um familiar do pai da criança. O perfil da mãe é privado e tem apenas quatro publicações.
Veja a imagem da publicação:
No texto, Zenaide conta que a filha “é um orgulho que não cabe no peito” e que estaria aprendendo a lidar com a “não dependência” da criança. A menina foi enterrada na tarde desta terça-feira (7/3), no Cemitério de Taguatinga. Familiares tanto do pai da criança, Bruno de Sena, quanto de Zenaide, relataram que o relacionamento dos dois era conturbado, com brigas constantes por ciúmes. Uma parente de Bruno disse que os conflitos do casal pioraram nos últimos dois anos, e ambos decidiram pela separação há alguns meses.
“Boa mãe”
Em depoimento à Polícia Civil (PCDF), o pai da criança disse que a ex-companheira “era uma boa mãe”. Ainda segundo ele, Zenaide sofre de depressão e fazia tratamento desde o ano passado.
A mulher deixou um bilhete no apartamento antes de incendiar o imóvel. Na carta, ela descreve como assassinaria a filha e ataca o pai da criança.
“Que você viva com essa culpa para sempre. Era o que você queria — nunca mais ver sua filha. Que seja feita a tua vontade, com toda dor e ódio de mim, no meu coração. [Você] nunca quis ser pai de verdade mesmo. [Eu] te encontro no inferno”, escreveu Zenaide.
No manuscrito, a mulher detalha, ainda, como tiraria a vida da filha: “Quando ela estiver dormindo, coloco o travesseiro no rosto dela, amarro os pés e as mãos com o cadarço do sapato. [Em seguida], bebo o vinho e coloco fogo na casa”.
A mãe também pede que as coisas da filha sejam levadas para a Bahia. “Não é para deixar nada aqui”, exigiu.
Zenaide permanecerá presa enquanto responde pelos crimes de homicídio qualificado — por motivo fútil, com emprego de fogo e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima —, bem como por provocar incêndio em imóvel habitado. O inquérito foi enviado ao Tribunal do Júri de Taguatinga, onde tramitará o processo.
O crime
Vizinhos da família acionaram o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) por volta da 1h para apagar o incêndio no apartamento do 11º andar da Torre A, no Residencial Itamaraty, em Taguatinga Norte.
Testemunhas informaram que a mãe da vítima confessou ter ateado fogo ao imóvel, mas disse que não tinha intenção de matar a criança. Durante o incêndio, Zenaide chegou a passar de uma sacada para outra, entre apartamentos vizinhos, na tentativa de fugir das chamas.
No térreo do prédio, ela foi atendida pelos bombeiros e presa por policiais militares. A Polícia Civil descartou que o incêndio no apartamento tenha causado a morte da criança.
Depoimentos de testemunhas revelaram que a criança apresentava sinais de rigidez cadavérica, e as pupilas dos olhos se encontravam foscas.
A reportagem apurou que há a possibilidade de a criança ter morrido na tarde de domingo (5/3). “Um dos socorristas comentou que a menina apresentava sinais de esganadura. A corporação aguarda laudo cadavérico para confirmar as causas da morte. Mas podemos afirmar que a morte não foi ocasionada em decorrência de incêndio e fumaça”, enfatizou o delegado Josué Magalhães, da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro).
Um dos bombeiros que atendeu à ocorrência afirmou à PCDF que encontrou a criança sem vida. Ele relatou que a porta do quarto onde foi encontrado o corpo da menina estava fechada e que o cômodo não havia sido atingido pelas chamas.