metropoles.com

Mãe que ameaçou professora deu “carteirada” citando Nikolas Ferreira

Aluna afirmou que Moraes acabou com as leis no Brasil. Professora corrigiu e foi ameaçada pela mãe, que disse ser amiga Nikolas Ferreira

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Mário Agra/Câmara dos Deputados
O deputado federal Nikolas Ferreira fachin - Metrópoles
1 de 1 O deputado federal Nikolas Ferreira fachin - Metrópoles - Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

A mãe que ameaçou uma professora do Distrito Federal e a acusou de “doutrinar” a filha em sala de aula deu uma “carteirada política”: a mulher foi até a escola e disse que era “amiga” dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO), e do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG). A revolta aconteceu após a professora corrigir a estudante, que escreveu em uma redação que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes havia acabado com as leis no país.

A mãe da aluna disse que não aceitaria que a filha fosse doutrinada e que “esfregaria o celular na cara” da educadora para mostrar que a docente estava errada. O caso aconteceu na última quarta-feira (17/4), no Centro de Ensino Médio (CEM) 1 do Gama. A estudante, do 2º ano, escreveu a informação incorreta na atividade escolar, e a professora explicou, com base na Constituição Federal, que não cabe ao Poder Judiciário elaborar leis, que este é uma papel do Legislativo.

A aluna, então, ligou para a mãe e relatou o que a professora havia falado. Imediatamente, a responsável pela estudante enviou um áudio no WhatsApp para a supervisora da escola para condenar a conduta da professora, que classificou como “doutrinação”.

A mãe ainda disse, segundo o diretor do CEM 1, que era amiga dos deputados Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer. Nikolas foi eleito, em março, para a presidência da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Ele foi indicado pela bancada de sua sigla, o Partido Liberal (PL), após acordo de lideranças que definiu a presidência das comissões com o presidente Arthur Lira (PP-AL).

A professora que sofreu os ataques e intimidações registrou um boletim de ocorrência e precisou ser afastada das atividades laborais por 30 dias, devido ao abalo psicológico sofrido. Segundo a Secretaria de Educação, a família da estudante fez um pedido de transferência de escola, o que foi atendido pela Coordenação de Ensino do Gama.

CLDF e SEEDF acompanham

A Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), presidida por Gabriel Magno (PT), emitiu nota de repúdio pela violência contra a professora e afirmou que houve um “ataque direto à liberdade de cátedra”.

“Expressamos nossa solidariedade e reafirmamos nosso compromisso com uma educação escolar que cumpra a função de ofertar a todos os estudantes o acesso ao conhecimento historicamente acumulado pela sociedade e validado por meio da ciência. Somente assim será possível construirmos uma sociedade igualitária, fraterna e livre de opressões e discriminações”, ressaltou o parlamentar, na nota.

Após o episódio, representantes do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) foram à escola e se reuniram com o corpo docente do colégio. “Não há dúvidas de que isso é um claro ataque à liberdade de cátedra. Escola é lugar de conhecimento, de diálogo, de tolerância e de respeito à diversidade”, afirmou Raimundo Kamir, diretor da entidade.

Por meio de nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) informou que “agiu prontamente” ao ser informada do “incidente” na escola e que entrou em contato com a Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Gama para comunicar sobre a situação.

“Tanto a Coordenação de Ensino do Gama quanto a diretoria da escola relataram que, após o incidente, a professora registrou um boletim de ocorrência, e a CRE prontamente atendeu ao pedido de transferência da aluna feito pela família [da estudante]”, detalhou a pasta.

A secretaria acrescentou que a situação permanece sob supervisão direta da CRE e que, se necessário, tomará outras medidas administrativas, de acordo com as normas legais vigentes.

“Reiteramos o compromisso da Secretaria de Educação com a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos no ambiente escolar. A escola é um espaço de aprendizado e convivência pacífica, onde se promove a cultura da paz, e a pasta repudia veementemente qualquer forma de violência, seja ela de natureza moral ou física. Reafirmamos nosso empenho em manter um ambiente escolar seguro e acolhedor para todos os alunos, professores e funcionários”, concluiu o órgão.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?