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Mãe que amarrou filha em placa no DF recebe ajuda: “Deus abençoe”

Mãe informou que, após divulgação de reportagem do Metrópoles, nessa terça (14/5), pessoas ofereceram ajuda, inclusive proposta de emprego

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Mãe que amarrou filha em placa no DF recebe ajuda
1 de 1 Mãe que amarrou filha em placa no DF recebe ajuda - Foto: Gustavo Moreno/Metrópoles

A história de vida da mãe que precisou amarrar a filha em uma placa de trânsito no DF para pedir ajuda em um sinal, causou grande comoção nas redes sociais. A goiana, que veio morar em Brasília para conseguir tratamento para a criança, de 5 anos, tem enfrentado dificuldades “para ter o que comer” em casa, segundo ela.

Por isso, a mulher perambula entre os diversos veículos parados diante de um semáforo no Buraco do Tatu, a 2km do Congresso Nacional, pedindo auxílio financeiro. Em um cartaz, divulga o valor das pipocas, vendidas por ela, e o número de um Pix para quem quiser ajudá-la.

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A cena chama a atenção de quem passa pelo local. Muitos ajudam. Outros se revoltam e lamentam a desigualdade social no país
Uma criança, presa a uma placa de trânsito por uma corda improvisada amarrada à calça, faz da parede de ladrilhos brancos a lousa da "sala de aula"
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Emocionada, a mulher explicou ao Metrópoles o porquê de ter deixado a filha presa à placa de sinalização: "Para que ninguém a roube de mim e para impedi-la de atravessar a rua quando eu me virar

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A cena chama a atenção de quem passa pelo local. Muitos ajudam. Outros se revoltam e lamentam a desigualdade social no país

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Uma criança, presa a uma placa de trânsito por uma corda improvisada amarrada à calça, faz da parede de ladrilhos brancos a lousa da "sala de aula"

Israel Antonio/Material cedido ao Metrópoles

A mãe informou que, após a divulgação da reportagem do Metrópoles, nessa terça-feira (14/5), diversas pessoas ofereceram ajuda, inclusive uma possível proposta de emprego. Diante da boa repercussão, ela permitiu a divulgação de sua chave Pix (61 993078274) e declarou que toda doação, comidas e roupas serão bem-vindas.

“Agradeço muito a Deus e a todos que desejam fazer doações. Uma mulher entrou em contato para tentar me ajudar a conseguir um emprego e recebi até um Pix. Isso já nos ajudará muito em casa. Trabalho para sustentar a minha família, mas não é fácil. Aqui [no DF], somos só eu, meu marido e minha filha. Então, não sei como agradecer. Fico muito feliz que alguém tenha me ouvido e só desejo que Deus abençoe todos vocês”, declarou emocionada.

Entenda o caso

A cena da criança amarrada a uma placa de trânsito chamou a atenção de quem passou pela pista do Buraco do Tatu, em Brasília, nessa segunda-feira (13/6). No entanto, a mulher, que teve seu nome preservado nesta reportagem, garante não ser um caso de maus-tratos. “Viemos de Goiânia para fazer o tratamento do rim da minha filha em Brasília. Somos só eu, meu marido e ela. Não consigo emprego e nem uma creche especial que cuide dela, mas, mesmo assim, ela está na escola. Hoje, no entanto, não teve aula e precisei trazê-la comigo, pois o meu marido está trabalhando”, desabafa a mãe

À reportagem ela ponderou não ser sempre que leva a filha para a área central da cidade. “Só quando ela não tem aula, porque fico sem escolha”. Segundo a mãe, que não tem familiares no DF, “esse é o único jeito de terem o que comer” em casa.

“A polícia já veio aqui falar comigo e perguntar o motivo de eu colocá-la assim. Expliquei que era para ela não ser atropelada e para ninguém pegá-la de mim. Dessa forma, consigo vê-la e correr para ajudá-la”, revelou.

“Eles entenderam. Viram que a minha filha é bem cuidada. Estou aqui batalhando por ela. Para que a dificuldade que estamos passando não piore. Não tenho ninguém para deixar a minha filha, o meu marido trabalha também”, completa.

De acordo com a mulher, desde que chegou ao Distrito Federal, ela tenta conseguir acesso a algum benefício do governo. Contudo, nunca foi comtemplada. Em meio ao desespero, passou a vender guloseimas na rua. Segundo a vendedora, quando a filha está com ela, ambas ficam durante a manhã nos sinais. Logo que o tempo começa a esquentar, no entanto, elas juntam os objetos pessoais e vão embora para casa.

“Ela trata o rim. Só tem um. Esse é um dos outros motivos para estarmos aqui. As coisas realmente não estão fáceis. Não temos muitas opções. Então, quando ela vem comigo, trago tudo o que ela precisa. Na sacola tem água, suco, comida e o banheiro da rodoviária fica logo ali. Não tem vaga em creche com tempo integral. Então, ela segue na escolinha, que vira e mexe não tem aula”, detalhou.

Testemunhas, que registraram a cena em fotos, apontaram que a situação escancara ainda mais a desigualdade do país.

“O ônibus parou no semáforo, olhei para o lado e me deparei com a situação. A primeira coisa que pensei foi tirar uma foto para ajudar a mãe a conseguir emprego ou pelo menos doações. A cena me fez pensar nas minhas filhas e na dificuldade que as mulheres têm de acessar o mercado de trabalho depois da maternidade. Pensei também no medo que essa mãe tem de sua filha sofrer um acidente ou ser roubada. A criança está bem cuidada, agasalhada e tem até um tapetinho para não se sujar”, relatou o analista de comunicação Israel Antonio Manoel Pereira.

Conselho tutelar

A reportagem entrou em contato com a conselheira tutelar Thelma Mello, da Asa Sul. Ela informou que, até o momento, não houve denúncia sobre o caso, mas adiantou que pretende apurar.

Segundo ela, são vários os problemas que levam a essa situação. “O DF tem um déficit enorme de creches públicas e a maioria das mães de baixa renda são mães solo e não conseguem pagar a creche particular. Em muitos casos, são famílias do Entorno que chegam ao DF para conseguir dinheiro e sobreviver. As pessoas estão passando fome e os benefícios e cestas da assistência social demoram muito”, comentou.

“É assim: o estado viola o direito fundamental da criança à educação, alimentação e moradia e a família acaba violando também por desconhecimento e desespero para sobreviver”, complementou Thelma.

O que diz a Secretaria de Educação

Sobre a queixa da mãe de falta de creche em tempo integral para deixar a filha, a Secretaria de Educação respondeu que “o caso específico requer um tempo um pouco maior para a área técnica poder checar a situação da criança”.

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