Mãe que amarrou filha em placa no DF recebe ajuda: “Deus abençoe”
Mãe informou que, após divulgação de reportagem do Metrópoles, nessa terça (14/5), pessoas ofereceram ajuda, inclusive proposta de emprego
atualizado
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A história de vida da mãe que precisou amarrar a filha em uma placa de trânsito no DF para pedir ajuda em um sinal, causou grande comoção nas redes sociais. A goiana, que veio morar em Brasília para conseguir tratamento para a criança, de 5 anos, tem enfrentado dificuldades “para ter o que comer” em casa, segundo ela.
Por isso, a mulher perambula entre os diversos veículos parados diante de um semáforo no Buraco do Tatu, a 2km do Congresso Nacional, pedindo auxílio financeiro. Em um cartaz, divulga o valor das pipocas, vendidas por ela, e o número de um Pix para quem quiser ajudá-la.
A mãe informou que, após a divulgação da reportagem do Metrópoles, nessa terça-feira (14/5), diversas pessoas ofereceram ajuda, inclusive uma possível proposta de emprego. Diante da boa repercussão, ela permitiu a divulgação de sua chave Pix (61 993078274) e declarou que toda doação, comidas e roupas serão bem-vindas.
“Agradeço muito a Deus e a todos que desejam fazer doações. Uma mulher entrou em contato para tentar me ajudar a conseguir um emprego e recebi até um Pix. Isso já nos ajudará muito em casa. Trabalho para sustentar a minha família, mas não é fácil. Aqui [no DF], somos só eu, meu marido e minha filha. Então, não sei como agradecer. Fico muito feliz que alguém tenha me ouvido e só desejo que Deus abençoe todos vocês”, declarou emocionada.
Entenda o caso
A cena da criança amarrada a uma placa de trânsito chamou a atenção de quem passou pela pista do Buraco do Tatu, em Brasília, nessa segunda-feira (13/6). No entanto, a mulher, que teve seu nome preservado nesta reportagem, garante não ser um caso de maus-tratos. “Viemos de Goiânia para fazer o tratamento do rim da minha filha em Brasília. Somos só eu, meu marido e ela. Não consigo emprego e nem uma creche especial que cuide dela, mas, mesmo assim, ela está na escola. Hoje, no entanto, não teve aula e precisei trazê-la comigo, pois o meu marido está trabalhando”, desabafa a mãe
À reportagem ela ponderou não ser sempre que leva a filha para a área central da cidade. “Só quando ela não tem aula, porque fico sem escolha”. Segundo a mãe, que não tem familiares no DF, “esse é o único jeito de terem o que comer” em casa.
Testemunhas, que registraram a cena em fotos, apontaram que a situação escancara ainda mais a desigualdade do país.
“O ônibus parou no semáforo, olhei para o lado e me deparei com a situação. A primeira coisa que pensei foi tirar uma foto para ajudar a mãe a conseguir emprego ou pelo menos doações. A cena me fez pensar nas minhas filhas e na dificuldade que as mulheres têm de acessar o mercado de trabalho depois da maternidade. Pensei também no medo que essa mãe tem de sua filha sofrer um acidente ou ser roubada. A criança está bem cuidada, agasalhada e tem até um tapetinho para não se sujar”, relatou o analista de comunicação Israel Antonio Manoel Pereira.
Conselho tutelar
A reportagem entrou em contato com a conselheira tutelar Thelma Mello, da Asa Sul. Ela informou que, até o momento, não houve denúncia sobre o caso, mas adiantou que pretende apurar.
Segundo ela, são vários os problemas que levam a essa situação. “O DF tem um déficit enorme de creches públicas e a maioria das mães de baixa renda são mães solo e não conseguem pagar a creche particular. Em muitos casos, são famílias do Entorno que chegam ao DF para conseguir dinheiro e sobreviver. As pessoas estão passando fome e os benefícios e cestas da assistência social demoram muito”, comentou.
“É assim: o estado viola o direito fundamental da criança à educação, alimentação e moradia e a família acaba violando também por desconhecimento e desespero para sobreviver”, complementou Thelma.
O que diz a Secretaria de Educação
Sobre a queixa da mãe de falta de creche em tempo integral para deixar a filha, a Secretaria de Educação respondeu que “o caso específico requer um tempo um pouco maior para a área técnica poder checar a situação da criança”.
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