Mãe não aceita hipótese de filha ter se afogado no Lago Paranoá
Segundo a mulher, Natália Costa, 19, sabia nadar. Jovem entrou no espelho-d’água com rapaz no domingo. Corpo foi encontrado na segunda
atualizado
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Edivânia Ribeiro, 47 anos, mãe da universitária Natália Ribeiro dos Santos Costa, 19, contesta a versão de que a filha, encontrada morta no Lago Paranoá na segunda-feira (1°/4), tenha se afogado. Segundo a mulher, o Instituto Médico Legal (IML) a informou da causa do óbito na tarde dessa terça (2), quando ela foi reconhecer o corpo. O laudo, contudo, seria preliminar e a 5ª Delegacia de Polícia (área central), responsável pelas investigações, não confirma o que levou a moça a perder a vida.
“Ela não ia se afogar sozinha. Já estava acostumada com clube e piscina”, afirmou a mulher, muito emocionada, ao Metrópoles, acrescentando que a filha sabia nadar. De acordo com Edivânia, o corpo de Natália tinha marcas roxas na boca e no nariz. “Estava bastante machucado, mas disseram que era porque ela estava no fundo do lago.”
Segundo fontes policiais ouvidas pela reportagem, no laudo preliminar não foram encontradas marcas que apontassem lesões, hematomas, indícios de enforcamento ou algo que denotasse asfixia mecânica.
A jovem desapareceu após ser vista entrando no Lago Paranoá com um rapaz que teria conhecido em churrasco no clube Caalex, no Setor de Clubes Norte, no domingo (31/3). O corpo de Natália foi achado no lago nessa segunda-feira (1°/4). Os parentes souberam do caso pelas redes sociais.
Edivânia agora quer justiça. “Criei minha filha para ver tudo ser destruído assim. Ela faria 20 anos no dia 24, e agora acabou”, lamenta a mulher, que se despedirá de Natália nesta quarta (3). O velório está marcado para começar às 10h, no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. O sepultamento será às 15h.
Embora o caso tenha sido registrado como afogamento, a 5ª DP tem algumas linhas de investigação, entre elas feminicídio ou homicídio. Ainda assim, a ocorrência é cercada de mistérios. O jovem que entrou no Lago Paranoá com Natália se apresentou espontaneamente na 6ª DP (Paranoá) na segunda-feira, acompanhado dos pais.
Inicialmente, o rapaz disse que não tinha ido com a moça ao espelho-d’água. No entanto, um vídeo obtido pelos investigadores da 5ª DP contradiz o depoimento do jovem, que também tem 19 anos. Segundo apurou o Metrópoles, as gravações registradas por câmeras de segurança no domingo (31/3) mostram o casal caminhando em direção ao local. Eles ficam com a água até a cintura e de frente um para o outro.
As imagens, que não foram divulgadas e passam por perícia, indicam também que houve um movimento dela contra o rapaz, como se fosse um “empurrão”. Em seguida, Natália afunda. O jovem fica inerte e, depois de um tempo, retorna para a margem e passa a observar a situação. A garota não retorna e ele vai embora.
Conhecidos?
Outro ponto de contradição é o fato de os dois se conhecerem ou não. O suspeito, morador da Asa Norte, contou que não conhecia Natália. Amigos e familiares, entretanto, garante que eles chegaram a ficar juntos em pelo menos outra ocasião. Disseram, ainda, que ele frequentava lugares em que a jovem costumava ir também.
O corpo da universitária foi encontrado, pelos bombeiros, boiando no Lago Paranoá na tarde dessa segunda-feira (1º/4).
Durante depoimento, muito trêmulo e assustado, o jovem admitiu ter bebido além da conta, afirmou que não conhecia Natália e relatou que teria encontrado a jovem no churrasco que ocorria no clube Caalex quando decidiu tomar uma ducha. Contou que teria sido elogiado pela universitária no parquinho, mas a alertou sobre o fato de ter namorada.
“Foi quando Natália perguntou o que a minha namorada ia achar disso e me mordeu no braço esquerdo, na altura do antebraço”, explicou o jovem universitário, morador da Asa Norte, em depoimento. O suspeito, então, conforme disse à Polícia Civil (PCDF), teria ficado surpreso com o gesto da garota. Alegou que a estudante mordeu seu braço para supostamente causar ciúmes na namorada dele.
Depois do incidente, conforme o jovem narrou para a PCDF, Natália teria convidado o suspeito para ir até o lago – ele garante que recusou a proposta. Afirmou ter observado a estudante caminhando em direção à água. “Até que em um ponto do caminho, que é formado por uma ribanceira, saiu de seu campo de visão e passou a olhar para o céu, permanecendo assim por cerca de 4 a 5 minutos”, ressaltou.
Ainda em depoimento, o rapaz pontuou que, quando voltou a olhar para o lago, a jovem não estava mais lá. Segundo ele, a água “permanecia quieta”, por isso o suspeito deduziu que Natália teria voltado para o local da festa. De acordo com amigos, o corpo da jovem teria marcas de mordidas e arranhões.
Natália foi ao churrasco com mais quatro amigos. Chegaram entre as 15h e 15h30. Uma jovem que estava com a vítima disse ter visto a universitária pela última vez ao lado do suspeito, já depois das 18h. Contou que os dois estavam “brincando de lutinha, de se morder, e foram correndo para o lago”.
Lá, segundo a testemunha contou aos policiais civis, o casal ficou por cerca de 30 minutos. “Depois, ele [o suspeito] voltou sozinho. Todos perguntaram onde estava Natália, e ele, que estava muito bêbado, disse que não sabia. E ficou lá em cima, na saída do clube”, afirmou a moça, de 20 anos. O rapaz prestou depoimento e não foi detido.
A menina popular, que tinha mais de 45 mil seguidores no Instagram, era “exclusiva, amiga de todo mundo e onde chegava era o centro das atenções”, de acordo com a definição de uma amiga. Ela disse estranhar o fato de os amigos que foram com Natália ao clube terem ido para outro lugar, usar narguilé, mesmo depois do desaparecimento da jovem, que morava sozinha em uma quitinete no Paranoá.