Mãe e pastora que prendiam criança por ela estar “possuída” são soltas
As duas foram liberadas após audiência de custódia e vão responder pelo crime de tortura em liberdade. A menina de oito anos continua internada e aos cuidados do Conselho Tutelar
atualizado
Compartilhar notícia
A mãe que mantinha a filha de apenas oito anos em cárcere privado por ela estar supostamente “possuída pelo demônio”, em Ceilândia Norte, e a pastora que a orientou a fazer isso estão soltas. Durante audiência de custódia no Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), a dupla foi liberada neste domingo (7/8) e o alvará de soltura já foi cumprido. As duas mulheres foram presas na noite de sexta (6).
. As imagens revelam a negligência com que a criança era tratada. Estava magra, deitada no chão sem qualquer proteção e totalmente abandonada. Um vídeo divulgado pela Polícia Militar mostra o momento em que a menina foi encontrada pelos PMs
A menina disse que estudava, tinha amigos e até conseguia “andar rápido”. No entanto, a mãe a teria colocado “de castigo”. Ela não soube dizer há quanto tempo ficou trancada. “Lá era muito escuro, ela perdeu a noção do que era dia ou noite. Falava que comia biscoito, às vezes”, ressaltou a conselheira Cristina Caetana, que acompanha o caso juntamente com a Polícia Civil. Sobre o suposto tratamento recomendado pela pastora, a criança informou que a mãe não a tratava pelo nome. “Ela me chama de demônio”, disse a criança.
A menina permanece internada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) se recuperando de um quadro de grave desnutrição. Ainda não há previsão de alta. Parentes da garota foram localizados. Suspeita-se que os familiares não sabiam da tortura. Agora, será feita uma análise para confirmar se os tios podem ficar com a guarda da vítima.
O pai não foi localizado após fugir do DF para evitar a prisão por falta de pagamento de pensão alimentícia. Na tarde deste sábado (6/8), os policiais militares que fizeram o resgate visitaram a garota no hospital, levaram boneca e alimentos. O major Márcio Rogério, um dos responsáveis pela operação, levou a filha de 5 anos, Rafaela, para entregar o brinquedo.
A criança, que morava apenas com a mãe nos fundos de uma igreja, também receberá acompanhamento de psicólogos. O caso é investigado pela 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia). A dupla foi autuada em flagrante por tortura.