Mãe e padrasto de jovem picado por Naja no DF prestam depoimento
O coronel da PMDF Eduardo Conti e a mãe de Pedro Krambeck foram ouvidos pelos investigadores da 14ª Delegacia de Polícia, no Gama
atualizado
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A mãe e o padrasto do estudante de medicina veterinária Pedro Krambeck, 22 anos, picado por uma Naja em 7 de julho, prestaram depoimento na 14ª Delegacia de Polícia (Gama), na tarde desta quinta-feira (16/7). Eles chegaram à unidade policial às 12h14 e deixaram o prédio por volta das 16h20, sem falar com a imprensa (na foto em destaque, o momento que Rose, mãe de Pedro, sai da delegacia). Ambos foram ouvidos pelo delegado responsável pela investigação.
O padrasto do rapaz é um coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que foi alvo da segunda fase da Operação Snake, deflagrada nas primeiras horas desta quinta-feira. O estudante apresentou atestado de 18 dias e ainda não foi ouvido.
O coronel Eduardo Condi é apontado pelos investigadores como um dos responsáveis por ajudar Pedro a ocultar provas em investigação sobre tráfico de animais, após o estudante ser picado pela Naja que criava em casa, no Guará. A suspeita é de que Pedro faça parte de uma organização de tráfico de animais exóticos no Distrito Federal.
O jovem é apontado como proprietário do animal de origem asiática e de mais 16 serpentes contrabandeadas. O oficial da PMDF foi visto saindo do prédio em que a família mora, no Guará, carregando caixas com os animais.
A movimentação foi flagrada logo após Pedro ter sido atacado pela cobra. Câmeras de segurança teriam filmado a ação. Questionada sobre as imagens capturadas pelo condomínio no qual a família mora, a 14ª DP afirmou que só vai se manifestar após a conclusão das diligências.
Veja fotos da mãe de Pedro e do advogado da família deixando a 14ª DP:
As cobras foram encontradas um dia depois do incidente com o estudante. O Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) localizou os animais escondidos dentro de uma baia de cavalo em um terreno do núcleo rural Taquara, em Planaltina.
A corregedoria da PMDF acompanhou a ação da Polícia Civil. O celular do militar foi apreendido. Condi é irmão do subcomandante-geral da corporação, Claudio Fernando Condi. O oficial foi nomeado para ocupar o cargo em junho deste ano.
Procurada pela reportagem, a PM afirmou que não há investigação interna contra o policial, “uma vez que o que se tem de fato, até o momento, é o suposto crime cometido por um enteado de um policial militar”, segundo a nota. A corporação confirma que participou da operação, mas acrescentou que aguarda as apurações conduzidas pela Polícia Civil para avaliar se há indício de crime militar.
Operação
Além de Pedro e do policial, o jovem Gabriel Ribeiro e um outro investigado também foram alvos da operação deflagrada nesta quinta. Gabriel acabou sendo conduzido à delegacia, pois estava com porções de maconha em sua residência. Ao sair da 14ª DP, não quis falar com a reportagem do Metrópoles.
Amigo de Pedro, Gabriel foi alvo da primeira fase da operação. Ele teria ajudado a ocultar a Naja. Após o início das investigações, o rapaz abandonou a serpente no estacionamento do shopping Pier 21 e fez uma ligação para a PM informando a localização do animal.
Policiais cumpriram, ao todo, quatro mandados de busca e apreensão, na manhã desta quinta, nas regiões do Guará, Gama e Riacho Fundo. A segunda fase da operação teve apoio da Divisão de Operações Especiais (DOE) da PCDF e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Foram apreendidos diversos documentos, celulares, medicamentos de uso veterinário, mais uma serpente conhecida como Corn Snake (Cobra do milho) e vários itens usados na criação ilegal de animais silvestres e exóticos.
A Corn Snake tem origem americana. É usada em exposições e como alimento para outras cobras. A serpente não é peçonhenta, mas, no Brasil, não pode ser criada em casa. A prática pode até dar multa. O investigado Gabriel Ribeiro mora no Riacho Fundo e era o dono da cobra. Ele também é estudante de medicina veterinária e foi conduzido à delegacia, onde acabou autuado por maus-tratos a animais.
Com mais essa serpente, são 18 espécies apreendidas e que estão ligadas aos investigados.
Veja imagens:
Na segunda-feira (13/7), peritos criminais da Seção de Engenharia Legal e Meio Ambiente da Polícia Civil do DF (PCDF) estiveram no Jardim Zoológico de Brasília para fazer uma análise nas cobras e serpentes que pertenciam a Pedro Henrique. Até o momento, 16 animais apreendidos passaram por perícia.
Segundo a PCDF, a identificação das espécies é importante para determinar a origem e um eventual tráfico de animais. Nesse sentido, as condições de saúde dos animais podem ajudar na comprovação dos crimes.
Veja fotos da Naja que picou Pedro Krambeck:
Alta
Pedro Henrique Krambeck recebeu alta do Hospital Maria Auxiliadora, no Gama, na manhã de segunda-feira (13/7) e voltou para casa, no Guará. Foram seis dias de internação. Ele mora na QE 40 do Guará II e criava a Naja como animal de estimação, apesar de a serpente não ser natural de nenhum habitat brasileiro e ter um veneno que pode ser letal. As circunstâncias do acidente ocorrido no dia 7 de julho com a cobra ainda são desconhecidas.
O estudante chegou a ficar em coma no hospital. A família de Pedro importou dos Estados Unidos doses de soro antiofídico. A busca pelo antídoto — tão raro no Brasil quanto a presença desse tipo de serpente — mobilizou especialistas. As únicas doses disponíveis no país estavam no Instituto Butantan, em São Paulo. Os médicos enviaram ao Distrito Federal todo o estoque disponível para que fosse usado no tratamento de Pedro.
Confira vídeo da saída do carro com o universitário do hospital:
Veja vídeo da Naja:
O caso
Tão logo atacado pela Naja, o estudante de veterinária foi levado para o hospital pelos pais. Ele apresentava palidez, tontura e dormência nos membros inferiores, sintoma que evoluiu e atingiu os membros superiores.
Segundo o Ibama, não existe registro, nos últimos anos, de entrada legal de uma cobra dessa espécie no Distrito Federal.
Como Pedro não tem autorização para criar a Naja, ele será multado em R$ 2 mil, valor que pode ser aumentado de acordo com a quantidade de serpentes que pertencem a ele.
A suspeita de investigadores da Delegacia de Combate à Ocupação Irregular do Solo e aos Crimes contra a Ordem Urbanística e o Meio Ambiente (Dema) é de que a serpente tenha sido alvo de tráfico internacional de animais exóticos. Ela agora está sob os cuidados do Zoológico de Brasília.
Confira outras imagens: