Mãe de rapaz morto em concurso da PM: “Por que Deus levou meu filho?”
Cerca de 200 pessoas acompanharam o sepultamento de Leonardo Oliveira, 31 anos, que morreu após se submeter a teste físico do certame
atualizado
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Sob forte clima de comoção, cerca de 200 pessoas, entre parentes e amigos, se despediram, na manhã desta sexta-feira (21/9), de Leonardo da Silva Oliveira, 31 anos, no Cemitério Campo da Esperança, em Taguatinga. O jovem morreu após passar mal durante o Teste de Aptidão Física (TAF) de concurso da Polícia Militar do Distrito Federal.
No velório, todos os familiares usaram camiseta com a foto do jovem e o nome “Leozinho”. Na parte de trás, estavam as frases: “É tão estranho. Os bons morrem jovens. Assim parece ser quando me lembro de você. Que acabou indo embora cedo demais… Legião Urbana.”
Muito abalada, a noiva de Leozinho precisou ser atendida, por três vezes, na ambulância que estava de prontidão no local. A mãe também sentiu mal-estar. “Por que Deus levou meu filho tão jovem? Meu Jesus, me dai forças. Ninguém sabe o que a mãe está passando”, disse ela, durante o comboio até o sepultamento.
Após o enterro, Dona Francisca saiu amparada por familiares e foi levada para a ambulância, uma vez que não conseguiria ir caminhando até o estacionamento. Além de Leonardo, ela tem outro filho, Ricardo, 37.
Sem conter a emoção, Alessandro Lima, amigo de Leozinho há 15 anos, descreveu o jovem como parceiro. “Foi uma fatalidade. Ele estava em busca do sonho, que era compor essa corporação. Um cara sorridente, alegre. Sentimos muita tristeza com essa perda”, disse.
Leonardo tentava concluir a prova de corrida, na quarta (19), quando caiu e precisou ser socorrido. Chegou a ser levado ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), mas não resistiu e morreu na madrugada de quinta (20), no Santa Marta, para onde havia sido transferido.
Leozinho era formado em administração, trabalhava no Ministério da Saúde, em cargo comissionado, e morava com os pais na QNN 1, em Ceilândia. Gostava de viajar, de acordo com a família, e fazia muitos planos para sua vida. Entre eles, entrar para a PM. Assim, alcançar a tão sonhada estabilidade financeira e seguir o exemplo dos tios que fazem parte da corporação.
Um padre compareceu ao velório e rezou com os presentes. Muito próximo de Leonardo, o tio e 3° sargento reformado da PM Miguel Alves da Silva atuou na corporação por 23 anos. “Ele estava preparado e acompanhado por um personal trainer. Não tem como negar que era apto ao teste. Ele teve parada cardíaca e não usou nada antes da corrida”, destacou, descartando a possibilidade de o sobrinho ter utilizado energético em momento anterior à prova.
O Metrópoles conversou com o professor de educação física Raphael Matias, que acompanhava o servidor do Ministério da Saúde desde o início dos treinos. “Ele estava apto aos testes. Aparentemente, tinha uma saúde perfeita, de ferro. Acredito que foi uma fatalidade”, disse.
De acordo com o treinador, Leonardo procurou a equipe no mês de julho, com três meses de antecedência da data prevista do Teste de Aptidão Física (TAF). Eles iniciaram um grupo com outros candidatos ao cargo de soldado e faziam os treinos no Parque da Cidade, entre 18h30 e 19h30, três vezes por semana.
A família também crê em fatalidade. “Acreditamos em destino e que chegou a hora dele. Eu apoiava o sonho que, infelizmente, precisou ser interrompido. Era meu companheiro, querido e amado. Um jovem bom e justo. Agora, resta a saudade profunda. O Léo era tudo pra mim. Apesar de ter filhos, também o considerava como um deles”, emocionou-se o tio Miguel da Silva.
PM presta homenagem
Durante o enterro, a PM deu apoio aos parentes. Manteve uma ambulância de prontidão no cemitério. O comandante da corporação, coronel Marcos Antônio Nunes de Oliveira, marcou presença no sepultamento do jovem.
“Era um garoto que sonhava com isso desde pequeno. Estudou bastante e passou em todas as fases. A PMDF se sensibilizou com a situação porque sabemos que ele seria um ótimo profissional. É um guerreiro que se vai e a sociedade perde”, disse o major Michello Bueno, porta-voz da Polícia Militar.
O Batalhão de Motopatrulhamento Tático (BMT) também esteve presente no cemitério com cerca de 32 militares que prestaram solidariedade à família de Leonardo. No decorrer do sepultamento, a corporação jogou, do helicóptero, pétalas brancas e vermelhas.