Mãe de menina morta na casa de padrasto não tinha guarda, diz pai
A mãe de Isabela Dourado de Oliveira, 4 anos, já havia sido denunciada por maus-cuidados. Criança morreu após suposto abuso de padrasto
atualizado
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Antes de se mudar para o Distrito Federal com Isabela Dourado de Oliveira, 4 anos – que morreu após supostamente sofrer violência sexual do padrasto -, a mãe da menina havia perdido a guarda dela por causa de denúncias de maus-cuidados, segundo o pai. As duas residiam em Porto Alegre (RS) e se mudaram para viver com Igor Fernandes Pereira Ayres, 22 anos, suspeito de estuprar a enteada, em Taguatinga Sul.
Ao Metrópoles o pai da criança, Maxuel de Oliveira, 27 anos, contou que Isabela nasceu em Soledade (RS) e que mantinha uma guarda compartilhada da filha com a ex-companheira. No entanto, no meio do ano passado, a mãe havia perdido a guarda da menina após ser denunciada pela escola que a menina frequentava por supostos maus-cuidados.
“A minha mãe ficou com a guarda temporária da Isabela. Mas, durante uma visita, a mãe da minha filha conseguiu tirar ela do nosso convívio familiar. Dentro de dois dias, elas se mudaram para Porto Alegre”, conta Maxuel.
De acordo com a advogada da família, Laiz Freitas, a mãe de Isabela foi denunciada por causa de supostas negligências quanto à alimentação e cuidados pessoais da filha.
Segundo Maxuel, a família dele acionou o Conselho Tutelar, que deveria acompanhar a criança e a mãe na capital sulista. “O processo foi para Porto Alegre. Eu aceitei a mudança porque ela estaria com os familiares maternos. Ainda assim, me preocupava muito, mas eu não tinha opção, ela era muito apegada à mãe e queria ficar com ela”, detalha o empresário.
Veja fotos da criança:
Nesse período, a ex-companheira do empresário começou a namorar com Igor, a quem ela dizia ser amiga virtual havia alguns anos. “Passou um mês, mais ou menos, ela falou pra mim que estava indo pra Brasília visitar o tal namorado com Isa, mas eu não concordei muito bem. Só que ela começou a me convencer de que faria bem para as duas e que seria somente por alguns dias”, diz.
O pai de Isabela detalha que tentou insistir para que a viagem não acontecesse. “Eu falei que ela tinha que pensar na filha dela primeiro porque iria ficar longe de mim, mas ela não deu bola e foi mesmo assim.”
A advogada detalha que estava pleiteando na Justiça uma busca e apreensão para que a criança fosse levada de volta para sua cidade Natal. “Ela fugiu para Brasília com a filha quando tomou conhecimento que o Conselho Tutelar iria atrás dela. Não tivemos nem tempo de tomar alguma providência legal, quando soubemos da morte de Isabela
Sem ver a filha pessoalmente há cerca de oito meses, Maxuel mantinha contato com a menina por meio de ligações telefônicas. De acordo com ele, a criança nunca reclamou de nada a respeito de Igor.
“A Isa não contava o que ele [Igor] falava pra ela, se ele brigava ou algo do tipo. Questionei várias vezes, mas ela me falava: ‘Para, pai, não fica perguntando isso’. A minha filha gostava de todo mundo, se ela visse você hoje, daqui a pouco já estava te amando. Ela era um doce de criança”, relembra o pai da vítima.
De acordo com o empresário, a criança contava que já tinha feito uma amiga da idade dela. Ela ia começar a frequentar uma escola no DF no final deste mês.
No entanto, na manhã dessa segunda-feira, Maxuel recebeu a pior notícia que um pai poderia ter. O falecimento da primogênita.
“A mãe da minha filha me ligou desesperada. Primeiro, ela falou que Isa estava convulsionando. Depois de um tempo, falou que o coração não estava mais respondendo. Perdi o chão totalmente. Muito triste isso acontecer com minha princesa”, lamenta o ocorrido.
O relatório preliminar do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Isabela morreu após grave lesão abdominal. Também foram encontrados “vestígios de atos libidinosos” na criança. A suspeita é que ela tenha sido estuprada pelo padrasto. Ele foi preso nessa segunda-feira (5/2), mesmo dia do crime.
A previsão era de que o translado do corpo de Isabela para Porto Alegre ocorresse na tarde dessa quarta-feira (7/2). A criança será enterrada em Soledade, cidade em que nasceu.
O caso
Segundo as investigações, a criança teve uma parada cardíaca após supostamente sofrer violência sexual e não resistiu.
Durante o atendimento à vítima, um dos integrantes da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) informou aos policiais militares acionados para atender a ocorrência que a criança apresentava sinais de abuso e violência sexual nas partes íntimas.
A 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) investiga o caso, inicialmente registrado como estupro de vulnerável com resultado em morte.
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Igor e a mãe da criança estavam juntos havia nove meses, segundo o boletim de ocorrência. A criança e a mãe se mudaram do Rio Grande do Sul para o Distrito Federal em agosto de 2023.
No mês em que chegaram ao DF, as duas passaram a morar com a família de Igor. Em dezembro, os três se mudaram para o apartamento onde a criança foi encontrada morta, em Taguatinga Sul.
Igor não trabalhava, mas fazia faculdade e recebia pensão alimentícia do pai. Ele não tem registros de antecedentes criminais no Distrito Federal.
A mãe da menina contou à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que tinha saído para trabalhar quando deixou a filha com o companheiro, no apartamento.
Às 8h54, ela teria recebido uma ligação do namorado, dizendo que a criança tinha convulsionado e não reagia mais. Após ser acionada e ouvir testemunhas, a PMDF prendeu Igor.
Versão do preso
À PCDF o suspeito contou ter ouvido um barulho no quarto e, quando correu para ver o que tinha acontecido, encontrou a criança se debatendo e espumando pela boca.
Ele alegou ter tentado fazer massagem cardíaca na enteada, mas a menina não reagiu. Vizinhos da família ouvidos pela polícia relataram ter ouvido, diversas vezes, a garota gritar e chorar quando estava só com Igor.
Uma testemunha relatou, ainda, ter denunciado o padrasto da criança por “achar o comportamento dele muito suspeito”.