Mãe chora ao saber que filho dado à adoção há 31 anos foi encontrado
Por falta de condições financeiras, mulher teria doado o recém-nascido, mas se arrependeu e nunca mais teve notícias dele
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) divulgou um vídeo com a reação de uma mãe ao saber que a corporação havia encontrado o seu filho, entregue à adoção há 31 anos. A imagem, feita há pouco mais de um mês, mostra a mulher aos prantos enquanto recebe a notícia do chefe adjunto da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), Ataliba Neto. “A gente tem uma boa notícia para dar para a senhora: encontramos o seu filho. Não foi rápido, mas deu certo. Vamos tentar promover o encontro entre vocês, tá?”, diz o delegado. O encontro ocorreu no dia 19 de junho deste ano.
Sem reação, ela tira os óculos e leva as duas mãos ao rosto, num choro soluçante. Nesta terça-feira (23/07/2019), a PCDF revelou ter localizado o paradeiro do rapaz. A criança nasceu no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), na Asa Sul. No dia 21 de abril de 1988, a mãe deu o bebê a um casal. Arrependeu-se depois, mas nunca mais teve notícias dele. Com a ajuda dos policiais, conseguiu localizá-lo.
Veja o momento em que a mulher recebe a notícia sobre a localização do filho:
A mulher já era mãe de uma menina, estava separada do cônjuge e não tinha condições de criar uma segunda criança – o pai do garoto não era o mesmo da filha. Devido a esses motivos, começou a procurar pessoas que quisessem adotar o menino. Um casal se interessou e ficou com o bebê.
A família, que já tinha uma filha, imaginou que deixariam o garoto ao relento, caso não conseguisse ser adotado, por isso decidiu ficar com a criança. Conforme apurado, a mãe biológica nunca soube o paradeiro do menino. No dia 27 de abril de 2019, ela registrou uma ocorrência na 1ª DP.
Quase dois meses depois, os policiais responsáveis pela apuração solucionaram o caso. O filho, já um homem, ainda está com o casal que o adotou. Eles moram em outro país. Quando tinha 2 anos, o menino foi diagnosticado com uma grave doença, fato que impediu seu completo desenvolvimento mental. A polícia não divulgou o nome de nenhum dos envolvidos.
A família adotiva não se opôs ao encontro entre mãe e filho. Como não houve adoção por meios legais, o caso foi remetido ao Ministério Público, para o órgão verificar se cabe ou não processar o casal criminalmente.
Nessas situações, a prescrição somente começa a correr quando o fato vem ao conhecimento da autoridade pública. Nos crimes de adoção à brasileira, a pena varia de 1 a 2 anos de detenção, mas o juiz pode deixar de aplicar penalidade (perdão judicial). As identidades e imagens foram preservadas por solicitação das famílias envolvidas.
A adoção foi intermediada por uma mulher que é alvo de investigação. A reportagem apurou que ela mora em Portugal. O delegado Ataliba Neto, da 1ª DP, informou que outra pessoa procurou a delegacia e disse ter entregue o filho para adoção por meio dessa intermediadora. “Não sabemos se ela está envolvida em algo mais grave. Mas vamos investigar”, ressaltou. Por enquanto, o nome da suspeita também será preservado.
Encontro após 38 anos
Em abril deste ano, o Metrópoles revelou a história de Sueli Silva, 56, outra mãe que teve o filho adotado e ficou anos sem vê-lo. Também com ajuda da Polícia Civil, ela conseguiu localizar o filho, tirado de seus braços em fevereiro de 1981, quando ela saía do Hospital Regional do Gama (HRG), onde deu à luz. Após seis anos de investigação policial, o homem foi encontrado. A confirmação de que se tratava de mãe e filho veio por meio de um exame de DNA.
O encontro entre os dois ocorreu logo depois da divulgação do resultado. Sueli foi até João Pessoa (PB), onde Ricardo Santos Araújo mora. Cercado de mimos e carinho em sua casa, na capital paraibana, o filho apresentou à mãe os três netos: uma menina e dois meninos, de 10, 9 e 7 anos, respectivamente. Em seguida, foi a vez de ele conhecer os parentes que moram no DF.