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Lojistas da 102 estão em “guerra” sobre abordagem a moradores de rua

Furtos e outros problemas têm atormentado proprietários de estabelecimentos da quadra situada no início da Asa Norte

atualizado

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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O aumento de pessoas em situação de rua no Plano Piloto tem gerado polêmica entre os comerciantes da 102 Norte. Um grupo defende que a solução passe pelo diálogo e, outra parte, pretende tomar medidas mais enérgicas. A situação se tornou pública após o café Objeto Encontrado ter feito uma publicação no Facebook expondo o conflito.

No post, o estabelecimento afirma que, apesar de entender os problemas causados pelos moradores de rua, como furtos, uso e tráfico de drogas, acredita no diálogo como a melhor saída para o impasse. As discussões entre os comerciantes ocorriam em um grupo de WhatsApp, mas, após constantes desentendimentos, os proprietários do café deixaram o fórum de debate.

“O grupo chegou a um outro consenso: de que as pessoas estavam aqui por culpa do Objeto [Encontrado] e que deveríamos parar de dar qualquer apoio a moradores de rua. Segundo os outros participantes, oferecíamos todas as condições para uma vida fácil às pessoas em situação de rua, embora os termos usados no grupo fossem outros, como ‘cracudos’, ‘pivetes’ ou ‘marginais'”, diz a postagem.

O comércio da 102 Norte fica virado para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Atualmente, há diversos moradores de rua acampados em frente ao centro de saúde. O fim de ano aumenta o fluxo de pedintes em busca de doações e oportunidades.

Problemas para todos
Outros empresários da região confirmam os problemas. Ruiz Lopes, um dos sócios do 5uinto Bar, relata que todas as lojas do Bloco A da quadra já foram assaltadas. O estabelecimento dele teve caixas de som furtadas e sofreu três tentativas de arrombamento. Por conta dos inconvenientes, eles contrataram um segurança privado para atuar nos dias de maior movimento.

“É uma situação muito delicada, pois sabemos que todos têm direito a transitar livremente na rua e não defendemos nenhum tipo de agressão. Os comerciantes estão ficando com medo e vendo os clientes se afastarem por conta dos transtornos. Por isso, entramos em contato com a Polícia Militar e registramos as queixas e, de maneira alguma, incentivamos agressões”, explica Ruiz Lopes.

Eduardo Tavares, um dos sócios da padaria Castália, confirma o mal-estar entre os integrantes do grupo. “Algumas pessoas querem tratar os moradores de rua como se todos fossem marginais. Existem aqueles que roubam, mas há também os que estão enfrentando problemas com drogas e não conseguem comer. Sempre ajudamos quando podemos”, conta.

Tavares já ligou para a PM, pois alguns moradores de rua estavam dormindo em frente à sua loja, impossibilitando até mesmo a abertura do portão. Em outra situação, chegou a presenciar uma briga entre um homem e uma mulher e teve de intervir para evitar que a discussão chegasse às vias de fato.

“A situação é ruim, mas precisamos encontrar um consenso. Os proprietários não estão dispostos a arcar com segurança privada para impedir situações desagradáveis. Da nossa parte, não vamos permitir atitudes violentas em relação a essa população fragilizada”, opina. “Foi pura mesquinharia não contratar vigilância, ia custar R$ 30 por mês”, avalia Lucas Hamú, sócio do café Objeto Encontrado.

Ação variada
Os lojistas entraram em contato com a Administração Regional do Plano Piloto para tentar encontrar uma solução pacífica que diminua a quantidade de mendigos e garanta a segurança dos estabelecimentos e dos clientes.

O órgão informou ter ouvido as reclamações de moradores e comerciantes. No entanto, alega não ter competência para tratar do assunto. As questões, então, foram repassadas à Agencia de Fiscalização (Agefis) e à Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh).

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