metropoles.com

Lixo valioso: após gastar R$ 266 milhões em contratos emergenciais, SLU lança pregão bilionário

É a terceira tentativa do governo de lançar concorrência pública no setor. As outras foram alvos de questionamentos na Justiça e no TCDF

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Hugo Barreto/Metrópoles
Coleta de lixo
1 de 1 Coleta de lixo - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Depois de gastar milhões com negociações emergenciais e a seis meses do fim do mandato de Rodrigo Rollemberg (PSB), o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) reabriu pregão eletrônico para contratar, por um valor bilionário, empresas especializadas nos serviços de coleta e transporte de lixo, varrição de áreas públicas, entre outros.

O governo pretende firmar acordo pelos próximos cinco anos e desembolsar cerca de R$ 1,9 bilhão. O lançamento do processo licitatório ocorre nove meses após o GDF aderir a dois contratos emergenciais, que totalizarão R$ 266,5 milhões até o antepenúltimo mês de 2018.

De outubro de 2017 a abril deste ano, o Executivo gastou R$ 147,7 milhões no primeiro acordo firmado com a Sustentare e a Valor Ambiental. Como não conseguiu solucionar os impasses na Justiça e no Tribunal de Contas do DF (TCDF) relacionados a processos de licitação lançados anteriormente, o SLU firmou o segundo contrato emergencial com as mesmas empresas, por mais seis meses, no valor de R$ 118,7 milhões. Reprodução/ DODF

 

Pela terceira vez, o SLU tenta fazer a concorrência pública. O edital lançado em 2017, no valor de R$ 1,5 bilhão, foi alvo de questionamentos do TCDF e acabou suspenso. A Corte pontuou, por exemplo, que “a divisão do serviço em apenas três lotes restringia o caráter competitivo da licitação e aumentava o impacto de eventual desatendimento decorrente de problemas com uma das contratadas”.

O governo buscou mudar pontos considerados irregulares do certame. Obteve a liberação do TCDF, mas novas dúvidas surgiram. Com isso, o processo foi novamente paralisado pelos conselheiros.

Questionamentos
Mesmo com os contratos emergenciais, os questionamentos continuaram. No primeiro acordo, de seis meses, duas empresas se apresentaram para prestar o serviço: a Sustentare e a Cavo Serviços e Saneamento S/A – controlada pela holding Estre Ambiental S/A.

A Cavo foi considerada apta a participar do processo, mas, em seguida, restou inabilitada pelo SLU, mesmo apresentando o menor preço. Assim, a Sustentare se manteve à frente dos serviços de limpeza urbana, coleta, remoção e transporte de resíduos sólidos domiciliares, além da operação e manutenção da Usina de Tratamento Mecânico Biológico da Asa Sul (UTMB – Asa Sul).

Desclassificada, a Cavo recorreu da decisão do Serviço de Limpeza Urbana. Logo depois, a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep) ajuizou ação civil pública por irregularidades no processo de contratação emergencial, feito em outubro de 2017.

A Prodep solicitou à Justiça a nulidade do ato responsável por desqualificar tecnicamente a concorrente da Sustentare. Em seguida, o Tribunal de Contas também apontou irregularidades e pediu que o processo de contratação fosse refeito.

De acordo com Lenna Daher, promotora da 7ª Prodep, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios questiona o primeiro contrato emergencial pelo fato de o valor oferecido pela Cavo ser inferior ao da concorrente. “Pedimos que a diferença [R$ 12 milhões] fosse depositada todos os meses em juízo. Caso o MPDFT ganhe a ação, o montante retorna aos cofres públicos”, esclareceu.

Por serem valores muito altos, acompanhamos a questão das contratações do lixo de forma ampla. Conforme nosso entendimento, a licitação é o correto. O SLU acabou de republicar o pregão e esperamos que ele se conclua

Lenna Daher, promotora da 7ª Prodep

No segundo contrato emergencial, o SLU encaminhou pedidos de proposta, mediante correspondências eletrônicas, a 46 empresas do ramo. Destas, apenas a Cavo e a Sustentare responderam às solicitações enviadas pelo órgão. Novamente, a Sustentare continuou com o convênio.

A empresa embolsou R$ 102.788.985,48, entre 23 de outubro de 2017 e 21 de abril de 2018. E deve receber mais R$ 83.273.550 até outubro deste ano, segundo os valores empenhados. Somados com os contratos da Valor Ambiental, são R$ 266,5 milhões em acordos sem licitação.

Arte/Metrópoles

 

 

Para o fundador e secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco, o ideal é que todos os contratos da administração pública sejam objeto de licitação. “Havendo um certame, é possível usufruir de preços mais favoráveis. Os motivos alegados pelo SLU, claro, devem ser examinados e reexaminados para ver se há justificativas plausíveis para esse atraso”, ressaltou.

Castelo Branco avalia que administração pública tem de tomar medidas preventivas, tendo em vista a existência de um contrato vigente com data para vencimento. Assim, seria possível prever quando o serviço necessitaria ser substituído. “Agora, é preciso ter um entendimento entre GDF e TCDF para evitar os mesmos vícios responsáveis por impedir a licitação anterior”, completou.

Conforme informou o SLU, em nota, os contratos emergenciais não causaram prejuízo ao erário público: “As empresas vencedoras apresentaram valor inferior ao que já era praticado”, destacou o órgão.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?