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Lixo privado, dinheiro público. DF gasta fortuna para limpar a sujeira de eventos

Somente no último fim de semana, cinco eventos no Plano Piloto resultaram em 11 toneladas de sujeira, acarretando gasto extra de R$ 30 mil ao SLU

atualizado

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1 de 1 garis - Foto: Divulgação

O cenário é rotina conhecida dos brasilienses. Após qualquer evento em espaços públicos, encontra-se toda sorte de sujeira no chão. Latinhas amassadas, papéis rasgados e restos de alimento se acumulam pelas ruas da capital, especialmente aos sábados, domingos e feriados.

No último fim de semana, apenas cinco festas da cidade foram responsáveis por acumular 11 toneladas de lixo, que resultaram em um gasto extra de R$ 30 mil ao Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU). Os eventos foram a Feira de Tecnologia, no Parque da Cidade; o Salão Internacional da Mulher, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães; o Federal Music, na Concha Acústica; a Corrida do Circuito Longevidade, no Eixo Monumental; e a Corrida Copa América de Ciclismo.

Com o objetivo de amenizar o problema, Josenir Ramos Sobrinho lançou, na plataforma de financiamento coletivo change.org, uma petição on-line para pedir que a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente obrigue os organizadores dos eventos a recolher todo o lixo produzido durante as festas. Criado há três semanas, o documento já conta com 914 das mil assinaturas necessárias para levar o pedido adiante. Porém, a situação se mostra mais complexa do que a solução proposta pelo abaixo-assinado.

Pós-festa
No sábado da semana passada (24/10), cerca de 10 mil pessoas se reuniram na Concha Acústica para dançar ao som de grandes nomes da música eletrônica trazidos pelo Federal Music. Após o evento, que acabou na madrugada do dia seguinte, 50 garis tiveram que fazer hora extra para recolher as cerca de 4 toneladas de lixo que estavam espalhadas pela região. Apenas essa ação resultou num gasto superior a R$ 10 mil ao SLU.

“É muito lixo. Tem vezes que direcionamos todo o pessoal para cuidar dos dejetos produzidos por um único grande evento”, explica Daniel Rocha, coordenador de limpeza urbana do SLU. Ele também afirmou que o órgão prepara uma proposta a ser transformada em projeto de lei para responsabilizar os donos do evento pela limpeza pós-festa, mas ainda não há data para ser apresentado.

A organização do Federal Music afirma ter feito um plano extenso para evitar o acúmulo de sujeira na Concha Acústica. “Gastamos R$ 2,8 mil para recolher cerca de 15 mil toneladas de lixo durante e após o show. Havia, pelo menos, 2,5 toneladas num raio de 600 metros do evento”, explica Carlo Alessandro, um dos organizadores da festa. Como explicar tanto lixo na região? “Isso é falta de educação das pessoas. Tem gente que vem andando de longe até o evento e suja o caminho. Não temos como controlar isso”, afirma Raul Mendes, outro responsável pelo evento.

Fiscalização
Pablo Malheiros, advogado e professor de direito civil do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), concorda que não adianta culpar a organização do evento por toda a sujeira. “Deveria haver políticas públicas para conscientizar as pessoas a não descartarem o lixo em espaços públicos”, diz.

De acordo com o especialista, o país conta com 17 leis ambientais que já punem o acúmulo de sujeira após eventos em regiões urbanas. “Falta também uma fiscalização que puna diretamente o indivíduo que joga o lixo no chão”, ressalta.

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