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Líderes religiosos de matriz africana sobre vídeo em igreja: “Falha no diálogo”

Em carta encaminhada ao arcebispo de Brasília, representantes de associações explicaram que ato gravado representa uma tradição religiosa

atualizado

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Rito em igreja - Metrópoles
1 de 1 Rito em igreja - Metrópoles - Foto: Reprodução/Redes sociais

Depois da divulgação do vídeo que mostra seguidores de religiões de matriz africana durante um rito em uma igreja católica de Sobradinho, a Rede Afro-Brasileira Sociocultural e a Federação de Umbanda e Candomblé do Distrito Federal encaminharam uma carta ao arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa.

Padre se diz “perplexo” após vídeo de candomblecistas em igreja do DF

No documento, os líderes religiosos explicam que o ato se trata de uma tradição, assumiram que “não procederam o devido diálogo com o padre responsável, gerando uma situação de constrangimento para com os fiéis” e se colocaram à disposição para pautas de convivência harmônica.

As imagens têm circulado, principalmente, em grupos de WhatsApp. No vídeo, a mulher que gravou a cena chega a dizer que pais e mães de santo estariam “invadindo” o templo e fazendo um “trabalho de macumba”, que seria repetido “em todas as paróquias”.

Veja imagens da igreja e do vídeo:

4 imagens
Integrantes do candomblé entraram no local, onde fizeram um rito rápido de iniciação
Igreja fica em Sobradinho
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Uma frequentadora da igreja gravou e narrou, chamando o rito de "macumba"

Fotos: Regis Velasquez /Metrópoles
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Integrantes do candomblé entraram no local, onde fizeram um rito rápido de iniciação

Fotos: Regis Velasquez /Metrópoles
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Igreja fica em Sobradinho

Fotos: Regis Velasquez /Metrópoles
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Fotos: Regis Velasquez /Metrópoles

 

Leia um trecho da nota das duas associações religiosas:

Infelizmente, nos deparamos, no dia de hoje, com uma repercussão negativa referente a um ato ocorrido na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, a mesma encontra-se localizada na cidade de Sobradinho, Distrito Federal.

Neste final de semana, alguns membros de religiosidade afro-brasileira estiveram presentes na mesma, no intervalo da missa, com a intenção de apresentar os iniciados à igreja, mas não procederam o devido diálogo com o padre responsável, gerando uma situação de constrangimento para com os fiéis ali presentes e demais membros da igreja.

Algumas casas de tradição afro-brasileira, por questões de tradição de casas matrizes, conduzem os membros recém iniciados para participação de uma missa, para, dessa forma, batizá-los e receberem as bênçãos do sacerdote. Nesse ato, eles louvam o altar ali presente e recebem a hóstia consagrada — ato esse rotineiro na cidade de Salvador, na Bahia, onde algumas casas, inclusive, celebram missas em conjunto nas igrejas locais. Neste ato ocorrido em Brasília, compreendemos que ocorreu uma falha relativa ao diálogo para com o padre.

Nos colocamos à inteira disposição para maiores esclarecimentos e também para construção de pautas em prol de uma convivência harmônica e recíproca, que sempre marcou os diálogos das casas de matriz afro-brasileira com a igreja católica”.

“Neste momento, nossa intenção é usar o que foi deturpado e mal compreendido em algo positivo para todos. A meu ver, o erro dos nossos foi o fato apenas de não terem dialogado com o padre antes de irem ao local”, reforçaram a federação e a rede, em nota enviada ao Metrópoles.

“Devemos usar a empatia e nos colocarmos no lugar do padre e dos frequentadores da igreja. Se um grupo de católicos ou evangélicos entrarem no meio de um xirê e forem fazer seus atos, mesmo que por um breve momento, sem conhecimento do sacerdote, como nos sentiríamos? Como em Brasília não se tem o hábito da realização desse ato (de iniciação) dessa forma, isso gerou um constrangimento”, completaram as duas associações.

“Aqui, algumas casas o fazem, mas de forma mais tímida. Entram, acompanham a missa no meio dos fiéis e, depois, saem. Sempre defendi o diálogo entre as igrejas. A maior barreira de aceitação é interior e, claro, precisamos mudar a visão que muitos têm de nosso povo”, concluíram.

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