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Marcola, líder do PCC, chega a Brasília e já está no presídio federal

Ministério da Justiça explicou que “isolamento de lideranças é estratégia necessária para enfrentamento e desmantelamento de facções”

atualizado

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Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
marcola, presídio federal, papuda
1 de 1 marcola, presídio federal, papuda - Foto: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

O principal chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola (foto abaixo), foi transferido nesta sexta-feira (22/3) para o Presídio Federal de Brasília. O avião Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) com o líder da facção pousou por volta das 13h20 na capital federal e chegou à penitenciária, ao lado do Complexo da Papuda, por volta das 14h20.

O desembarque de Marcola no DF veio acompanhado de polêmica. O governador Ibaneis Rocha (MDB) ficou indignado: “Eu tenho de zelar pela população brasiliense, por 186 representações diplomáticas, pelo Congresso Nacional, pelo Palácio do Planalto. É inadmissível aceitar a instalação do crime organizado na capital da República”.

A Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) também se manifestou contra. O presidente da entidade, Délio Lins e Silva Júnior, disse que a ida de presos como Marcola para qualquer penitenciária acarreta deslocamento das facções para as unidades da Federação. “Existe essa movimentação e crimes estão ocorrendo fora do padrão no DF. A preocupação da OAB é principalmente com a sociedade”, ressaltou.

“Acreditamos que a chegada do Marcola pode fortalecer os faccionados perante os outros criminosos de Brasília. A Polícia Civil vai continuar fazendo trabalho intenso para evitar a instalação dessa organização aqui”, ratificou o delegado Leonardo Cardoso, titular da Coordenação Especial de Repressão à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes contra a Administração Pública e Contra a Ordem Tributária (Cecor).

Além de Marcola, outros três integrantes do PCC vieram no mesmo voo e vão ficar em Brasília: Cláudio Barbará da Silva, Patrik Wellinton Salomão, e Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal. A chegada deles ocorre no mesmo dia em que a Polícia Civil e o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) fazem operação contra a expansão da facção criminosa no DF.

Algemados, os quatro foram colocados em um comboio fortemente armado, que segue para o presídio (foto de destaque). Em fevereiro deste ano, o criminoso, que estava cumprindo pena na Penitenciária II de Presidente Venceslau, em São Paulo, foi levado para Porto Velho, em Rondônia.

Reprodução/Twitter

 

“Alternância”
Em nota, o Ministério da Justiça explicou que “o isolamento de lideranças é estratégia necessária para o enfrentamento e o desmantelamento de organizações criminosas”. Assim como em Porto Velho, policiais da Força Nacional de Segurança Pública reforçarão a proteção do perímetro da penitenciária federal no DF.

De acordo com a pasta, “a ação é parte dos protocolos de segurança pública relativa à alternância de abrigo dos detentos de alta periculosidade ou integrantes de organizações criminosas, entre as unidades prisionais federais”.

Marcola foi preso pela primeira vez pela polícia paulista no final da década de 1990 por roubos a carros-fortes e bancos. Já na prisão, também foi condenado por formação de quadrilha, tráfico de drogas e homicídio. Até hoje, no entanto, Marcola nega que seja chefe da facção criminosa.

Recentemente, foi condenado a 30 anos de prisão no processo da Operação Ethos, que investigou o setor jurídico da organização criminosa e, com essa decisão, o total das penas impostas a Marcola já ultrapassa 300 anos.

Para justificar a transferência de Marcola de Presidente Venceslau, promotores do Ministério Público de São Paulo afirmaram que a organização planejava resgatá-lo. De acordo com eles, foram gastos dezenas de milhões de dólares no plano, investindo em logística, compra de veículos blindados, aeronaves, material bélico, armamento de guerra e treinamento de pessoal.

Primeiros presos
Já estão na penitenciária federal de Brasília Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, irmão de Marcola; Antônio José Müller, o Granada; e Reinaldo Teixeira dos Santos, conhecido como Funchal ou Tio Sam.

Em fevereiro, o Metrópoles registrou a chegada deles. Confira as fotos:

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Comboio para levar Marcola ao Presídio Federal de Brasília em fevereiro de 2019
Esquema especial de segurança foi montado para receber a liderança do PCC
Na época, ruas foram fechadas para passagem do comboio
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Marcola e outros presos foram trazidos em avião da FAB para Brasília em março de 2019

Hugo Barreto/Metrópoles
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Comboio para levar Marcola ao Presídio Federal de Brasília em fevereiro de 2019

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Esquema especial de segurança foi montado para receber a liderança do PCC

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Na época, ruas foram fechadas para passagem do comboio

Hugo Barreto/Metrópoles

Após a transferência deles, em 13 de fevereiro, a Divisão de Repressão às Facções Criminosas fez sete prisões de integrantes do PCC. O reforço nas investigações teve início em 2014, ano em que o grupo criminoso deu início a um projeto de expansão nacional e passou a tentar se radicar na capital federal, segundo a Polícia Civil.

Desde então, já foram deflagradas seis grandes operações policiais, resultando na prisão de 270 integrantes da organização criminosa que atuavam na capital federal e em Goiás.

As últimas sete prisões ocorreram em Brasília, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Os membros da facção presos no Distrito Federal foram capturados nas regiões administrativas de Samambaia e Ceilândia.

Organização
Diligências policiais apontam que a história do PCC em Brasília começou em 5 de março de 2001, após o chefe máximo da organização desembarcar no DF. Depois de peregrinar por diversos presídios do país, Marcola foi recolhido ao Centro de Internação e Reeducação (CIR). Apesar da estada ter sido curta – ficou encarcerado até 8 de fevereiro de 2002 –, deixou marcas profundas tanto na mentalidade da massa carcerária quanto na segurança pública candangas.

No curto período em que esteve na Papuda, Marcola criou um braço do PCC chamado pelos criminosos de Partido Liberdade e Direito (PLD). Investigadores identificaram que a facção havia sido criada nos mesmos moldes da organização paulista, inclusive em relação às regras contidas em seu estatuto.

A organização criminosa definiu uma série de terminologias para facilitar a comunicação dentro da Papuda. As ordens da cúpula eram transmitidas de dentro dos presídios pelos “torres”, bandidos responsáveis pelo repasse de informações aos “pilotos”, presidiários escolhidos para coordenar os integrantes do PCC que estavam atrás das grades.

Os levantamentos feitos pela polícia mapearam que o organograma do PCC seria rígido e semelhante a uma estrutura militar, com níveis de comando hierarquizados, divididos em escalões de acordo com o poder exercido pelos membros e suas respectivas funções. A organização criminosa ainda construiu uma rede de colaboradores, formada por advogados, familiares, namoradas de detentos e visitantes.

Conduzidas pelo regimento da organização, essas pessoas são responsáveis pela articulação dos interesses dos encarcerados fora dos presídios, dando suporte jurídico, psicológico e, principalmente, financeiro, inclusive com o gerenciamento de contas bancárias alimentadas com dinheiro faturado em ações criminosas.

Sobre as contas bancárias ligadas ao PCC, as apurações policiais apontam que apenas 20% delas estariam relacionadas a movimentações financeiras de alto valor, acima de R$ 100 mil. O restante seria feito por meio de pequenos depósitos.

Além das contas administradas pelos colaboradores da facção, grande parte dos recursos do PCC estaria ligada a empresas de fachada, como pequenas redes de supermercados, negócios imobiliários, restaurantes, agências de automóveis e até cooperativas de transporte de São Paulo.

Presídio novo
O Presídio Federal de Brasília foi inaugurado em outubro de 2018. Os três primeiros detentos a ocuparem a penitenciária integram o PCC. A penitenciária conta com 50 celas individuais erguidas em uma estrutura de concreto armado e monitorada 24 horas por dia.

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A unidade prisional, gerida pelo Depen, abriga três integrantes da cúpula do PCC
Na cadeia federal, os presos cumprem o chamado regime disciplinar diferenciado (RDD)
Durante o banho de sol, toda a movimentação é acompanhada também por videomonitoramento
Os presos federais recebem apenas a visita de seus advogados
Criminosos perigosos estão no DF
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O presídio federal foi inaugurado no DF em outubro de 2019

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A unidade prisional, gerida pelo Depen, abriga três integrantes da cúpula do PCC

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Na cadeia federal, os presos cumprem o chamado regime disciplinar diferenciado (RDD)

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Durante o banho de sol, toda a movimentação é acompanhada também por videomonitoramento

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Os presos federais recebem apenas a visita de seus advogados

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Criminosos perigosos estão no DF

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A cúpula da Segurança Pública do DF quer evitar a vinda de líderes de facções criminosas

Valter Campanato/Agência Brasil

Na unidade prisional, que fica no Complexo Penitenciário da Papuda, há circuito de câmeras com transmissões em tempo real, além de sensores de movimento e alarmes. Segundo o Departamento Penitenciário (Depen), o sistema conta com equipamentos capazes de identificar drogas e explosivos nas roupas dos visitantes, detectores de metais e sensores de presença, entre outras tecnologias.

Cada preso fica em uma cela individual de 6 m² e tem direito a duas horas de banho de sol por dia. Advogados e amigos poderão visitar os detentos no parlatório, enquanto os familiares terão acesso ao pátio. Será proibido o acesso a televisores, rádios e qualquer outro tipo de comunicação externa.

Os presídios federais cumprem determinações da Lei de Execução Penal (LEP) e começaram a ser construídos em 2006. As unidades recebem detentos, condenados ou provisórios, de alta periculosidade. O isolamento individual é destinado a líderes de organizações criminosas, presos com histórico de crimes violentos, responsáveis por fugas e rebeliões, réus colaboradores e delatores premiados.

Além da Penitenciária Federal de Brasília, existem outras quatro de segurança máxima no país: Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).

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