Levado a DP por porte de arma, Agnelo Queiroz paga R$ 3 mil e é liberado
Acompanhado do advogado, ele saiu do complexo da Polícia Civil do DF sem falar com a imprensa
atualizado
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Após quase três horas de depoimento, o ex-governador Agnelo Queiroz (PT) deixou o complexo da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) nesta quinta-feira (23/07). O petista estava com uma arma, tipo carabina, sem registro. O armamento foi encontrado no momento em que policiais cumpriam busca e apreensão na residência do político, no Setor de Mansões Dom Bosco.
A investigação é do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e apura fraude na compra de leitos hospitalares. As supostas propinas teriam ocorrido em 2014, ainda no governo do petista. Agnelo saiu da delegacia por volta de 11h05 acompanhado do advogado e não falou com a imprensa. Ele foi liberado após pagar fiança estipulada em R$ 3 mil.
A ação, batizada de Operação Alto Escalão, é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). São cumpridos 13 mandados de busca e apreensão. Uma mala de dinheiro, supostamente fruto de propina, com dólares e real, foi apreendida na casa de Adriana Aparecida Zanini, vice-presidente do Instituto Brasília Para o Bem-Estar do Servidor Público (IBESP), também alvo da operação.
A reportagem apurou que havia um total de R$ 250 mil na mala.
O presidente da entidade, Luiz Carlos do Carmo, também é investigado. Ele é homônimo de um senador eleito por Goiás, que não é alvo desta operação.
Segundo apurado pelos promotores, para que esse negócio fosse adiante, o dono da empresa Hospimetal pagou R$ 462 mil a agentes que atuariam em nome de ex-ocupantes de cargos do alto escalão do Governo do Distrito Federal. O valor equivale a 10% do montante total do contrato.
A vantagem indevida teria sido paga por meio de um contrato fictício de publicidade e marketing firmado entre a empresa que pretendia vender seus produtos à Secretaria de Saúde do DF e o IBESP.
Em razão desse pagamento, a empresa foi contratada pela Secretaria de Saúde em 2014. O esquema ilícito havia sido desmantelado pelo Gaeco, que ofereceu denúncia contra servidores públicos e o proprietário da referida empresa.
Os novos fatos foram revelados em colaboração premiada e após a realização de investigações e diligências independentes, além de provas obtidas do processo original. A Operação conta com o apoio da Polícia Civil do DF.
Confira os alvos da Operação Alto Escalão:
Adalgisa Medeiros Teodoro
Adriana Aparecida Zanini
Agnelo Santos Queiroz Filho
Clube Coat Eventos LTDA. ME
Daniel Veras
Fabrício Andrade Carone
Instituto Brasília Para o Bem-Estar do Servidor Público (IBESP)
João Kennedy Braga
Luiz Carlos do Carmo
Mara Lucia Montandon Borges
Rafael de Aguiar Barbosa
Ronaldo Pena Costa Júnior
Wilhas Gomes da Silva
Memória
A operação desta quinta-feira (23/07) é desdobramento de outra investigação do MPDFT, denominada de Operação Checkout. A primeira fase da operação foi deflagrada em junho de 2018, cumpriu 16 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
À época, o Ministério Público investigou servidores da SES-DF e funcionários de empresas privadas envolvidos na possível fraude à licitação e corrupção na compra de macas, leitos de hospitais e outros tipos de mobiliários para unidades da rede pública.
A segunda fase, deflagrada em fevereiro de 2019, cumpriu diligências no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), no Guará e na cidade de São Caetano do Sul (SP), numa empresa de turismo.
O outro lado
Na noite desta quinta-feira (23/7), a defesa do ex-governador divulgou nota. De acordo com o texto, Agnelo foi surpreendido com a ação policial por “jamais, nos últimos 5 anos e quase 7 meses, após ter sido concluído seu mandato no Governo do Distrito Federal, ter sido intimado para prestar quaisquer esclarecimentos sobre os fatos que a imprensa noticia, sendo o objeto da investigação.”
O texto também destaca que Agnelo “permanece com residência fixa em Brasília, cumprindo com suas obrigações como cidadão, inclusive em isolamento social, por integrar grupo de risco, junto com sua esposa e sogra de 84 anos, e tem a convicção de que, tão logo seja possível conhecer o inteiro teor das investigações, terá condições de se manifestar, convicto e seguro de que não cometeu qualquer ilícito penal, em especial durante todo o período de sua gestão como Governador do Distrito Federal.”
O advogado de Rafael Barbosa, Kleber Lacerda, afirmou que não teve acesso à decisão que autorizou a busca e apreensão, proferida pela juíza Ana Cláudia, tendo recebido apenas cópia do mandado cumprido pelo oficial. “Assim, tão logo seja analisada a decisão, utilizará dos recursos legais para defesa de seu cliente”, diz a nota enviada à reportagem.
A defesa de Adriana Aparecida Zanini disse repudiar qualquer acusação, insinuação ou ilação sobre o envolvimento dela com o Ibesp. O advogado André Gerhein afirma que os esclarecimentos serão prestados em juízo competente. “Lamentamos que o Ministério Público não tenha se preocupado em checar devidamente as informações sobre a idoneidade de nossa cliente. Se o tivesse feito, jamais poderia sequer suspeitar de seu envolvimento com qualquer tipo de ilegalidade”, pontua.
A reportagem ainda tenta contato com a defesa dos outros citados. O espaço segue aberto para manifestações.