Leilão fracassa e Hotel Nacional não é vendido mesmo após 3 tentativas
Decadente, o hotel que já foi ícone de sofisticação em Brasília era ofertado pela metade do valor de avaliação, mas não recebeu lances
atualizado
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Mesmo após três tentativas, o Hotel Nacional de Brasília, que já foi ícone de sofisticação na capital federal, não foi arrematado no leilão realizado pela 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo. A disputa foi encerrada às 15h desta terça-feira (27/11).
Na última rodada, o hotel era ofertado por R$ 92,9 milhões, metade do valor inicial. Ainda assim, nenhum dos nove participantes habilitados no leilão fizeram lances. A página na qual a disputa era realizada teve mais de 5,5 mil visualizações. Com o fracasso do leilão, a Justiça ainda não informou o que será feito da propriedade.
Decadente, o hotel foi leiloado a contragosto da família Canhedo, proprietária do imóvel, para o pagamento de uma dívida da Petroforte Petróleo LTDA, uma falida distribuidora de petróleo brasileira.
Uma diária no hotel
No período em que a propriedade estava à venda, o Metrópoles se hospedou durante 24 horas no imóvel, na véspera do feriado do Dia da Proclamação da República, em 15 de novembro, e constatou que o glamour em torno do ícone do Setor Hoteleiro Sul ficou para trás.
O valor pago por uma diária foi R$ 165, preço maior que o da reserva on-line, a partir de R$ 150, para um adulto. No Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, ao qual o Hotel Nacional já foi comparado, uma diária na mesma data custa pelo menos R$ 1.895.
A suíte presidencial, onde se hospedou a rainha da Inglaterra, Elizabeth II, em 1968, serve de moradia para o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), preso em 2014 no processo do Mensalão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Na ocasião, o atual presidente do PDT disse que possivelmente se mudaria caso o hotel fosse arrematado, já que tinha “condições especiais” acertadas com o dono.
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Briga na Justiça
A família Canhedo chegou a entrar com um pedido de suspensão do leilão na Justiça de São Paulo. No dia 11 de outubro, uma liminar foi negada pela juíza Adriana Bertier Benedito.
O vice-presidente do Hotel Nacional, Wagner Canhedo Filho, disse à reportagem que a situação era “esdrúxula”. Segundo ele, não há qualquer dívida do Hotel Nacional com a Petroforte, portanto, o patrimônio não poderia ser integrado à massa falida da distribuidora.
História
Inaugurado em 1961, o Hotel Nacional tem 10 andares e 347 apartamentos distribuídos em 43 mil metros quadrados. Além da rainha, também fazem parte da extensa lista de hóspedes ilustres: os ex-presidentes dos Estados Unidos Jimmy Carter e Ronald Reagan; o ex-presidente francês Charles De Gaulle; e a ex-primeira-ministra da Índia, Indira Gandhi.
Por anos, moraram no icônico prédio vários deputados federais e senadores. Durante as décadas de 1960 e 1970, houve o auge dos bailes de gala, frequentados pela alta sociedade de Brasília. O lugar também era ponto de encontro para namorados e escondeu muitos segredos, como relacionamentos extraconjugais.
Atualmente, segundo funcionários, os principais hóspedes do hotel são políticos “menos poderosos” de outras cidades. Sindicalistas também costumam dar as caras no empreendimento, mas geralmente ficam hospedados apenas durante a semana. Com a mudança no perfil da clientela, as festas de gala deram espaço para eventos corporativos.