Lázaro ligou para mãe e falou que não agiu sozinho em chacina, diz tio
Segundo Jorcilei Rosa Sales, Lázaro Barbosa não entrou em detalhes de quantos eram. Ligação foi feita no dia 11 de junho
atualizado
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Enviados especiais a Barra do Mendes, Bahia – Durante a fuga, Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, ligou para a mãe e disse que não agiu sozinho na chacina que tirou a vida da família Vidal. A informação é de Jorcilei Rosa Sales (foto em destaque), 35, tio e amigo de infância do criminoso.
Jorcilei é casado com a tia materna de Lázaro, Maria Zilda de Sousa, 54. A ligação para Eva Maria de Sousa ocorreu dois dias após Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15, serem encontrados mortos, na madrugada do dia 9 de junho, no Incra 9, em Ceilândia.
Não se sabe se Lázaro falou com a mãe antes ou depois da morte de Cleonice Marques de Andrade, 43, esposa de Cláudio e mãe das outras vítimas. Ela foi sequestrada e encontrada morta no dia 12. Para a mãe, ele disse que não estava com a mulher.
“Ele ligou avisando à mãe que tinha participado do crime. E disse que não foi ele sozinho. Não entrou em detalhes de quantos eram, homem ou mulher. A mãe desligou logo”, contou Jorcilei ao Metrópoles.
No momento da ligação, Eva estava dentro de um ônibus indo de Brasília para Barra do Mendes, na Bahia, cidade onde Lázaro nasceu e ela está desde que o crime veio à tona.
A informação bate com o que Lázaro disse a Sílvia Campos de Oliveira, 40, feita refém durante a fuga, ainda no Incra 9, um dia depois de matar a família Vidal. “Ele perguntou se eu estava acompanhando o caso do triplo homicídio. E, depois, disse: ‘Aquele crime lá eu tava junto, mas não foi só eu’”, contou a mulher ao Metrópoles.
Para a polícia, entretanto, não há indícios de que ele tenha cúmplices. Desde a chacina, Lázaro está sendo caçado por uma força-tarefa na região de Girassol (GO). Ele está foragido há 14 dias.
Família Vidal:
As polícias fazem as buscas em uma mata localizada nos arredores de Girassol, distrito de Cocalzinho de Goiás. Para Jorcilei Rosa Sales, o mato é como um quintal para o assassino, que se mostra experiente na região.
“[O mato] Em Goiás, para Lázaro, é como se ele estivesse aqui dentro deste quintal”, compara Jorcilei, em conversa com o Metrópoles, ao apontar para o espaço da própria casa, na área rural de Barro Alto, a cerca de 18 quilômetros de Barra do Mendes, na Bahia. A área citada por Jorcilei, que perdeu 100% da visão devido a um glaucoma, reúne algumas poucas árvores frutíferas, como pés de mamão, laranja e romã, além de ervas e palmas, cacto característico do Nordeste brasileiro.
“Ali [em Goiás] é muito pequeno para ele; não tem dificuldade nenhuma. É como se ele estivesse dentro de uma casa. Ele é esperto, tem artimanha. Mas isso não quer dizer que seja feitiçaria”, contemporiza Jó, como é conhecido, ao negar que Lázaro tenha ligações com satanismo ou seitas.
Eles se conheceram quando o foragido tinha 18 anos e Jorcilei, 21. Os dois eram vizinhos no povoado de Melancia, em Barra do Mendes.
Lázaro tem sido julgado, condenado e procurado por diversos crimes desde meados de 2008. Há 13 anos, foi condenado por duplo homicídio na Bahia. Espalhou terror por onde passou. Sozinho ou ao lado do irmão, morto há cinco anos, estuprou mulheres, queimou casas, feriu e matou pessoas.
Jó, como Jorcilei é conhecido, explica que, mesmo com a intimidade entre os dois, Lázaro raramente falava sobre os crimes que cometeu, o tempo que passou nas prisões ou as fugas: ele escapou do Complexo Policial de Irecê, em 2009, de onde é considerado foragido até hoje; do Complexo Penitenciário da Papuda, em 2016; e de uma prisão em Águas Lindas (GO), em 2018.
“Na hora certa, ele vai a uma delegacia. Vai se entregar sem arma na mão, sem mochila; vai de boa. O tempo de se entregar, quem manda é o cansaço. No dia em que ele estiver exausto, cansado e abatido, vai se entregar, sem precisar usar nenhuma força policial”, afirma.