Laudos serão decisivos para concluir caso de professor envenenado
Investigadores fizeram, nesse sábado, reconstituição dos passos de Odailton no CEF 410 Norte em 30 de janeiro
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) aguarda laudos para concluir as investigações sobre a morte do professor Odailton Charles de Albuquerque Silva, 50 anos.
O delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), Laércio Rossetto, revelou, nesse sábado (15/02/2020), que suicídio é uma das linhas de investigação do caso. A outra hipótese é homicídio.
O ex-diretor do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 Norte passou mal na instituição, em 30 de janeiro de 2020, e morreu cinco dias depois. Os investigadores já sabem que Odailton foi vítima de envenenamento.
No sábado, investigadores fizeram a reconstituição dos passos de Odailton no CEF 410 Norte em 30 de janeiro. Doze testemunhas participaram da diligência policial, que será decisiva para conclusão do caso.
“O trabalho realizado pelos peritos criminais, que são experts na área, é minucioso e bem detalhado. Por meio dele, será possível colocar no laudo o que teria acontecido, segundo a reprodução simulada e os depoimentos das testemunhas”, disse Rossetto.
Os profissionais também trabalham em exames que apontarão se há vestígios do veneno em partes do corpo do servidor ou nos bolsos das roupas dele.
Diretor do IC, Emerson Pinto de Souza acompanhou a reconstituição, nesse sábado (15/02/2020), e disse que os laudos devem sair nos próximos dias.
Advogado da família do ex-diretor, Bruno Pires de Oliveira também acompanhou as diligências no CEF 410 Norte no sábado. Oliveira disse que os parentes aguardam a conclusão da investigação.
“A família recebe um áudio do Charles no qual ele relata um fato [de que teria sido envenenado após tomar suco de uva]. A família, a princípio, acredita nessa versão. Mas é prematuro. A gente não tem como ter nenhuma afirmação contrária ao que ele disse. Isso está sendo investigado pela Polícia Civil que está à frente para solucionar e trazer a realidade”, afirmou.
Em áudios enviados a amigos, o servidor disse que tinha começado a passar mal depois de ingerir suco de uva oferecido por uma pessoa da escola com a qual ele não se dava bem.
Peritos do IC e médicos legistas do Instituto de Medicina Legal (IML) concluíram que o docente foi intoxicado por uma espécie de raticida chamado de audicarb, substância que pode ser encontrada em formato popularmente conhecido como chumbinho.
A perita criminal Flavia Pine Leite, que fez o exame nas roupas do docente, afastou qualquer possibilidade de vestígios de suco de uva. “Achamos vestígios de raticida nas roupas, traços de vômito, mas nada relacionado a essa bebida específica”, explicou.
Escola se manifesta
De dentro da escola, onde participaria de reunião, o professor Odailton enviou áudios angustiantes a familiares e colegas, pedindo socorro e detalhando seu estado de saúde. O docente chegou a dizer nas gravações de WhatsApp que desconfiava de alguma substância estranha em sua bebida. Disse ainda que tinha bebido um suco de uva oferecido por uma colega da escola, mas até o momento a polícia não conseguiu confirmar essa informação.
Confira o áudio:
A direção do CEF 410 Norte afirmou, em nota, que nenhum funcionário do colégio serviu qualquer “substância líquida” a Charles, como Odailton era tratado. “A única substância líquida que o professor Charles ingeriu no CEF 410 Norte foi água, o que o fez por vontade livre, colhendo-a na sala dos professores diante de outras pessoas que ali estavam”, diz o documento.
Ainda no comunicado, o colégio frisa que, no dia do episódio (30/01/2020), apenas alguns servidores terceirizados e educadores estavam na escola, para preparar as dependências que estavam em obras. “Não havia nenhuma reunião agendada entre a atual equipe gestora e o ex-diretor”, pontuou a direção.
Durante as investigações, a 2ª DP apreendeu dois aparelhos celulares de servidores do CEF 410 Norte.
Antes de morrer, o professor também falou em áudio sobre suposto esquema de rachadinha no colégio. “Vou botar no pau esse povo, comigo vai ser tudo na Justiça”, finaliza. Em nota, a Secretaria de Educação (SEE-DF) disse que vai aguardar as investigações policiais e a finalização do inquérito para se pronunciar.
Ouça o áudio:
Durante a reconstituição feita nesse sábado (15/02/2020), o vice-diretor do CEF 410 Norte, Diego Faria, frisou que Odailton não era esperado na escola em 30 de janeiro.
“Não havia reunião marcada. A gente não esperava ele na escola aquele dia”, afirmou.