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Laudo de morte de ex de biomédico aponta procedimentos no bumbum

Ex-esposa de biomédico acusado de causar doenças e deformações no bumbum de pacientes morreu em 2018. Laudo aponta relações com procedimento

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Foto de Rafael Bracca
1 de 1 Foto de Rafael Bracca - Foto: Reprodução

A morte misteriosa da ex-esposa de Rafael Bracca, biomédico acusado de cometer erros em procedimentos no bumbum de pacientes, motivou mais investigações policiais. O laudo de óbito da mulher, obtido pelo Metrópoles, aponta possíveis relações com aplicações nos glúteos da vítima.

Gleycelilia Souza, ex-mulher de Rafael Bracca, faleceu em 12 de outubro de 2018, aos 30 anos. A 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) solicitou o laudo de exame de corpo de delito para entender a causa da morte, e a necrópsia foi realizada dia 14. O documento aponta “exame histopatológico [relativo à análise microscópica dos tecidos] compatível com a história de realização de procedimento em nádegas”.

O laudo contextualiza que a morte ocorreu “após possível procedimento médico”, além de apontar “lesões puntiformes em nádegas”. Rafael Bracca é investigado por erros em procedimentos nos glúteos de pacientes de pelo menos três estados diferentes. Elas alegam que o profissional não revelava os materiais aplicados no bumbum delas, e exames de algumas das vítimas mostram material oleoso injetado.

Há ainda acusações de uso de Synthol, uma substância que ficou famosa após a morte de Valdir Segato, conhecido como o “Hulk brasileiro”. Esse óleo mineral costuma ser injetado nos músculos para deixá-los maiores e inchados, proporcionando efeito quase imediato, mas traz efeitos colaterais múltiplos, podendo causar danos aos nervos, embolia pulmonar por óleo, oclusão da artéria pulmonar, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e complicações infecciosas.

Questionamentos

Uma das perguntas que o laudo da morte da ex de Bracca tentou responder, no avançar das investigações, era se as lesões da vítima eram compatíveis com o uso de Synthol. O exame, então, mostrou “indícios da presença de substância de origem oleaginosa exógena, em subcutâneo de região glútea”, e afirmou: “A referida substância pode ser compatível com Synthol”.

Gleycelilia, ex de Bracca, teve alterações diagnosticadas pelo corpo, como “fibrose multifocal, reação histiocitária do tipo corpo estranho, com espaços vazios – vacúolos citoplasmáticos – e hemorragia extensa”.

O laudo questiona a causa da morte e qual instrumento ou meio provocou o óbito. Na última atualização dos exames investigativos, as perguntas ainda estavam com respostas indeterminadas. O Metrópoles procurou Rafael Bracca para obter esclarecimentos sobre o caso de Gleycelilia. Por meio da advogada de defesa, ele informou que não enviaria uma nota, mas poderia dar uma entrevista sobre o tema, quarta-feira, pela tarde.

As denúncias

O Metrópoles mostrou com exclusividade relatos de problemas graves de saúde em pacientes do biomédico que vendia tratamento para o bumbum. Após a divulgação do texto, mais vítimas procuraram a reportagem. Biomédico, nutricionista e influencer, com mais de 60 mil seguidores no Instagram, Rafael Bracca vende cursos na internet, tem clínica na Asa Sul (DF) e em Barueri (SP) e fez fama com o “protocolo TX-8”, para preenchimento de glúteos.

Nas redes, ainda divulga a polêmica ozonioterapia e já chegou a defender a hidroxicloroquina como forma de tratamento contra a Covid-19, na pandemia. Mesmo não sendo médico, divulga que tem protocolos voltados para esquizofrenia, depressão, ansiedade, diabetes, TDAH e até autismo, que prometem “reverter sintomas”. Para vender um curso voltado principalmente para biomédicos, ele diz que tem 20 anos de carreira, mas se formou na área em uma faculdade particular de Brasília em junho de 2019.

Bracca chegou a ser indiciado em um inquérito da 21ª DP por tráfico de drogas, após a corporação ter encontrado outras fórmulas proibidas na clínica dele da Asa Sul, em fevereiro deste ano. Na ocasião, a Polícia Civil tentou ouvir o suspeito, mas não conseguiu. Foram várias “tentativas de interrogatório”, como consta o relatório de indiciamento, mas o depoimento não foi colhido “por falta de interesse dele”.

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