Laudo da PCDF confirma: professor morreu envenenado por raticida
Segundo o delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), Laércio Rossetto, a morte de Odailton Charles não foi natural
atualizado
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Peritos do Instituto de Criminalística (IC) e médicos legistas do Instituto de Medicina Legal (IML) concluíram que o professor Odailton Charles de Albuquerque Silva, 50 anos, morreu vítima de envenenamento. O docente dava aulas no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 Norte. Segundo o documento, ele foi intoxicado por uma espécie de raticida, chamado de audicarb, populamente conhecido como chumbinho. Os exames também descartaram a ingestão de suco de uva pelo professor.
Encaminhado ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran) na quinta-feira (30/01/2020), o educador ficou na unidade de saúde até a última terça-feira (04/02/2020), quando morreu.
Segundo o delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), Laércio Rossetto, a morte do docente não foi natural. “É importante ressaltar que os laudos do IML e IC descartam essa possibilidade”, disse. De acordo com a diretora do IML, Márcia Cristina dos Reis, o professor teve uma amostra de sangue analisada pelo órgão em parceria com o IC. “Esse raticida é muito comum, mas tem a venda proibida, já que uma pequena dose pode ser letal. Encontramos traço de chumbinho no sangue do professor”, explicou
As amostras de sangue foram coletadas quando Odailton Charles ainda estava hospitalizado em estado grave.
A perita criminal Flavia Pine Leite, que fez o exame nas roupas do docente, afastou qualquer posibilidade de vestígios de suco de uva. “Achamos vestígios de raticida nas roupas, traços de vômito, mas nada relacionado a essa bebida específica”, explicou.
Em áudios enviados por Odailton a amigos, ele disse que tinha começado a passar mal depois de ingerir suco de uva oferecido por uma pessoa da escola com a qual ele não se dava bem.
Durante a crise, enviou mensagens pedindo socorro e detalhando seu estado de saúde. O docente chegou a dizer nas gravações de WhatsApp que desconfiava de alguma substância estranha em sua bebida. “Alguém me ajuda, alguém me ajuda. Eu cheguei aqui, tomei um suco e acho que colocaram laxante, estou com muita diarreia”, disse o educador.
Confira o áudio:
O Metrópoles teve acesso com exclusividade ao prontuário médico de Odailton. O documento, emitido por médicos do Hran, aponta intoxicação, provavelmente causada por algum organofosforado, substância presente em inseticidas e agrotóxicos.
O velório do professor ocorreu nesta quinta-feira (06/02/2020), na Igreja Adventista de Águas Claras. Ele foi enterrado à tarde, no cemitério Campo da Esperança da Asa Sul.