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Lacen-DF suspende teste de tuberculose por “questões de biossegurança”

SES-DF disse que detecção da bactéria por meio de cultura foi interrompida por questões de biossegurança relacionadas às análises dos exames

atualizado

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Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
Lacen-DF
1 de 1 Lacen-DF - Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) interrompeu as atividades de cultura para detecção da tuberculose no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Segundo a pasta, o serviço foi suspenso por “questões de biossegurança relacionada às análises”.

O Lacen-DF é referência regional para exames de tuberculose. A instituição é a única da capital federal apta a fazer testes de sensibilidade da bactéria causadora da doença, procedimento que requer uma estrutura física com níveis altos de biossegurança.

O laboratório, que está classificado como nível de biossegurança 3 (NB3), interrompeu temporariamente os procedimentos de cultura para identificar o bacilo da tuberculose. A interrupção se deve a riscos associados à manipulação do Mycobacterium tuberculosis, que pode ser perigoso se não forem seguidas normas de segurança adequadas.

Fontes ouvidas pela reportagem afirmaram que a interrupção se deve a um problema no ar-condicionado da unidade. Segundo a SES-DF, “quando o ar-condicionado não funciona corretamente, a pressão negativa dentro do NB3 não está adequada”. “Isso significa que os profissionais que manipulam amostras para cultivo podem ficar expostos a riscos de contaminação.”

Por meio de nota, a pasta acrescenta que a empresa responsável pela manutenção necessária foi acionada e está tomando as devidas providências. “A expectativa é que o laboratório esteja apto ao seu pleno funcionamento em até 15 dias”, disse.

Todavia, apesar da interrupção das atividades de cultura, o laboratório continua a processar análises de biologia molecular para a tuberculose. “Ou seja, estamos funcionando parcialmente”, esclareceu a pasta.

A confirmação dos casos de tuberculose é fundamental tanto para o diagnóstico quanto para o controle da doença. Os principais exames de diagnóstico para tuberculose pulmonar são: baciloscopia, teste rápido molecular (TRM-TB) e cultura.

A diferença entre cultura para tuberculose e análises de biologia molecular está principalmente nos métodos e na velocidade dos resultados.

A cultura – método “padrão ouro” para o diagnóstico da tuberculose, quando associada ao teste de sensibilidade antimicrobiana – permite o diagnóstico da tuberculose resistente.

Além disso, nos casos pulmonares com baciloscopia negativa, a cultura de escarro (secreções) pode aumentar em até 30% o diagnóstico bacteriológico da doença. O resultado dessa análise demora até 10 dias para sair no DF.

A análise de biologia molecular para tuberculose, frequentemente realizada com a técnica de PCR (reação em cadeia da polimerase), é um método mais ágil. Ela consegue detectar a presença do Mycobacterium tuberculosis, mesmo em pequenas quantidades de amostra.

Além disso, essa técnica é capaz de identificar se a bactéria é resistente a medicamentos, o que é crucial para o tratamento adequado.

No entanto, a análise molecular tem uma limitação: ela não permite o cultivo da bactéria. Isso significa que não se pode obter informações sobre como a bactéria responde a diferentes tratamentos. Os resultados desse exame são rápidos, geralmente disponíveis em até 2 dias.

De acordo com a SES-DF, são processadas, aproximadamente, 30 amostras por dia provenientes da rede pública de saúde.

Casos no DF

A tuberculose, conhecida como a segunda doença que mais mata no mundo, atingiu 309 pessoas no Distrito Federal apenas este ano. A infecção, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, atinge principalmente os pulmões e leva ao óbito caso não seja identificada e tratada corretamente.

Os dados são da Secretaria de Saúde (SES-DF). Já 2023 fechou os 12 meses com 429 casos da doença.

Apenas no DF, há 27 mortes de 2023 em investigação por tuberculose. Para este ano, são 29 em investigação. Esses números ainda não foram oficialmente fechados pelo Ministério da Saúde e a área técnica segue fazendo as investigações para determinação da causa básica da morte.

Sintomas

Segundo a Secretaria de Saúde, a tosse é o sintoma mais comum da tuberculose pulmonar. Ela costuma ser acompanhada de escarro.

Podem surgir, também, febre baixa, suores noturnos, emagrecimento, fraqueza, cansaço e dores no corpo. A pasta alerta que uma tosse persistente e por mais de 3 semanas pode ser um sinal de tuberculose.

A doença é transmissível e pode ser adquirida entre pessoas por meio do contato com a tosse, espirro ou qualquer fluído corporal do infectado.

A tuberculose tem cura. Para o tratamento correto, é necessário que haja o diagnóstico correto. Os exames estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).

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