Krav maga para elas. Mulheres do DF aprendem autodefesa como segurança
Em resposta ao cotidiano de insegurança e assédio, cresce o número de mulheres que buscam a arte israelense nas academias
atualizado
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Cada vez mais preocupadas com a saúde, o bem-estar e a segurança, as mulheres estão invadindo os tatames. Em Brasília, muitas passaram a investir nas técnicas de krav maga, a única modalidade de luta reconhecida mundialmente como defesa pessoal, não como arte marcial.
No DF, há cerca de 1,2 mil praticantes de krav maga, sendo 30% mulheres — em 2016, esse número ficou em 10%. A crescente procura pode estar relacionada ao empoderamento feminino ou à prevenção frente a um cotidiano de assédio e violência. O mais provável é que seja um misto das duas coisas.
Unanimidade entre instrutores e praticantes de longa data é que as mulheres vêm ocupando academias e outros espaços em busca de modalidades voltadas especificamente ao preparo para situações de risco.Instrutora há 16 anos, Vanessa Ribeiro, 42, diz que já precisou usar as técnicas de krav maga em seu cotidiano. “Fui vítima de uma tentativa de roubo em Salvador (BA). Com os ensinamentos que havia aprendido, consegui me defender e livrei-me do assalto com sucesso. Costumo dizer que o episódio foi decisivo para a melhora da minha autoestima e o meu encorajamento”, diz.
Desde aquele dia, ela decidiu que queria ensinar a técnica para outras mulheres. “O princípio desta modalidade é que os exercícios sejam exequíveis por qualquer pessoa, em seu ritmo próprio, respeitando o limite de seu corpo. O treinamento ensina várias possibilidades de autodefesa. Os golpes aplicados são curtos e rápidos. Visam atingir os pontos sensíveis do corpo humano, como olhos, nariz, garganta, genitália e joelhos”, explica a instrutora.
Atividade diferente
A servidora pública Luciana Leão, 42 anos, queria fazer uma atividade física diferente e conheceu o krav maga por meio de uma amiga, há cerca de três meses. “Hoje, eu não consigo mais largar. Deixo de ir para a academia, mas não perco as aulas de krav por nada”, garante.
Luciana confirma que a técnica é ideal para o enfrentamento de situações do dia a dia. “Acredito que me sinto mais confiante. Quando começamos a praticar a modalidade, encontramos outras opções e caminhos de defesa”, acrescenta.
O perfil das alunas é bastante diversificado. Afinal, todas estão sujeitas a episódios de violência. Dados recentes da Secretaria de Segurança Pública e Paz Social mostram que, no primeiro semestre deste ano, 19,5 mil pedestres foram alvo de assaltos no Distrito Federal. Em 70% dos casos, o interesse dos bandidos é por celulares.
Segundo a pasta, não é possível estimar, dentro deste universo, quantos pedestres roubados são mulheres. Mas, de acordo com as ocorrências divulgadas pelas forças de segurança, nota-se que elas são vítimas comuns nas ruas do DF. Os casos de estupro também preocupam. De maio a junho, o número subiu de 66 para 77, ou seja, 16,7%.
Nossas turmas eram quase todas masculinas. De uns três anos para cá houve uma procura forte e crescente de mulheres. Hoje, elas respondem por cerca de 30% do público. As idades variam dos 15 aos 65 anos. É muito bacana esse interesse de diferentes gerações.
Vanessa Ribeiro
Prática
Com roupa branca, cabelo preso e olhar atento aos comandos, as alunas seguem à risca todos os exercícios de aquecimento, que incluem flexões, abdominais e alongamentos. Depois, elas começam a fazer os exercícios práticos de defesa pessoal.
“Eu espero não precisar usar o que eu aprendo nas aulas no meu dia a dia, mas ter a capacidade de autoproteção faz com que a gente se sinta mais segura. A nossa postura muda diante de uma situação de enfrentamento”, ressalta a professora e advogada Marlene Vieira, que tem mais de 50 anos (ela não revela a idade certa) e pratica regularmente o krav maga há seis.
As aulas simulam situações reais. Para facilitar o aprendizado gradual, os alunos usam sacos de boxe, bonecos, bolas e outros objetos. Depois do trabalho da parte física, começam as técnicas. Cada dia tem um tema diferente e são realizadas encenações para que as pessoas aprendam a se defender de episódios de violência, como roubo de bolsa ou ataques com facas.
Assista ao vídeo com as instruções:
“Não há regras ou competições. Não se trata de um esporte. A proposta é nunca usar as técnicas aprendidas, a menos que sua vida esteja em risco em uma situação real de agressão. O objetivo não é um troféu ou medalha, mas voltar para casa em segurança no final de cada dia”, pontua Vanessa.
Saiba mais
O krav maga foi desenvolvido em Israel na década de 1940 e é a única modalidade reconhecida mundialmente como arte de defesa pessoal. A prática consiste em técnicas de respostas simples, rápidas e objetivas para situações de violência no dia a dia. Com origem militar, sua aplicação nas forças de segurança já foi adotada por corporações do mundo inteiro por sua eficiência em combate.
Encontre um lugar para treinar krav maga em Brasília por meio da página:
https://pt-br.facebook.com/centrodekravmagadebrasilia
- Asa Norte: SCLRN, 702/703, Bloco A, 2° andar, entrada 27
- Sudoeste: CCSW 1, Lote 4, Bloco B, Loja 5
- Asa Sul: Clube Assefe, Setor Clubes Sul, Trecho 1, Lote 7
- Águas Claras: Avenida Parque Águas Claras, Quadra 301, Conjunto 4, Lote 1, Loja 1, 1ª andar
- Taguatinga: Setor Central C-02, Lote 16, Loja 2