Justiça mantém prisão de pai que espancou filho de 2 anos até a morte
Criança de 2 anos teve hemorragia e rompimento do pâncreas em decorrência de agressões físicas sofridas após ataques do próprio pai
atualizado
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Wagner Pereira da Silva, 37, preso em flagrante nessa terça-feira (17/10) por matar o próprio filho de 2 anos no Paranoá, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva na manhã desta quinta-feira (19/10), após audiência de custódia. Assim, ele deve ficar detido até pelo menos o julgamento.
O corpo da criança foi encontrado em uma quitinete da região. O pequeno teve hemorragia e rompimento do pâncreas em decorrência de agressões físicas sofridas após ataques do próprio pai.
Segundo o juiz Rômulo Batista Teles, responsável pelo caso, o modus operandi de Wagner “demonstra especial periculosidade, tornando necessária a constrição cautelar para garantia da ordem pública”.
“Os fatos apresentam gravidade concreta, porquanto há sérios indícios de que o custodiado, ao praticar maus tratos contra seu filho, de apenas 2 anos de idade, causou a morte do menor. Segundo relato da genitora da criança, após o filho completar dois anos, o pai passou a agredi-lo com mais intensidade”, começou o magistrado.
Na decisão, o juiz relatou que, segundo o depoimento da mãe da vítima ,Patrícia Viriato da Silva, 25, no dia do crime Wagner encaminhou mensagem à mulher solicitando o retorno dela à casa do casal.
“Após pegar um ônibus às 8h20 e chegar em casa, o autuado recebeu a genitora da criança e declarou: ‘Pati, você já sabe o que aconteceu, né?’. Ao entrar na casa, a mãe viu seu filho gelado no colchão com a boca branca. Somente após [a mulher] começar a chorar é que o custodiado fez ligação para o Samu”, pontuou.
Conforme relatado pelo juiz, os bombeiros que atenderam o caso perceberam inconsistências nas declarações dos genitores: “Ora, considerando que não faz sentido o autuado demorar tanto para chamar por socorro, além do fato de que bombeiros descartaram, a princípio, a morte acidental, bem como o histórico de maus tratos praticados contra a vítima, […] o contexto do modus operandi demonstra especial periculosidade, tornando necessária a constrição cautelar para garantia da ordem pública”.
“Desse modo, a prisão provisória encontra amparo na necessidade de se acautelar a ordem pública, prevenindo-se a reiteração delitiva e buscando também assegurar o meio social e a própria credibilidade dada pela população ao Poder Judiciário”, finalizou.
O caso
Durante o depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Wagner relatou que praticava a violência “como forma de correção”. O preso confessou que desferia socos e tapas no rosto e no peito de Cássio da Silva Pereira, de apenas 2 anos, principalmente nas madrugadas, porque o menino ficava “sonâmbulo”.
A autópsia feita no corpo de Cássio mostrou que havia lesões nos dois olhos, além de um rompimento no pâncreas. O pai, na noite anterior, assumiu para a PCDF que havia agredido o bebê após a esposa estar cozinhando e pedir que Wagner tirasse o filho do local para que ela se concentrasse nos afazeres domésticos.
Segundo o suspeito, ele retirou o menino do local, mas o garoto resistiu. Wagner, então, deu um puxão de orelha e dois tapas no rosto da criança, um em cada lado.
Na manhã do dia seguinte, nessa terça-feira (17/10), Wagner disse que pouco tempo depois de Patrícia ir para a faculdade, Cássio teria se levantado. O pai, então, desferiu outro tapa no rosto do menino, que foi para o quarto. Depois de aproximadamente uma hora, Wagner mandou mensagem para Patrícia, avisando que a criança não estaria passando bem. Depois, ligou para o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), pedindo auxílio para tentar reverter a situação do bebê, que não resistiu.
Segundo o delegado adjunto da 6ª DP (Paranoá), Bruno Carvalho, a esposa relatou à polícia, também, que o casal brigava constantemente e Wagner descontava a raiva no filho. Continuou dizendo que o esposo era agressivo e já praticou violência doméstica contra Patrícia em outras ocasiões.
Uma vizinha da família, que preferiu não se identificar, informou já ter presenciado, em frente à sua casa, a cena de Wagner jogando pedras contra Letícia.