Justiça manda soltar mulher que sequestrou bebê em hospital do DF
Segundo a polícia, a mulher decidiu levar um recém-nascido por causa do trauma de ter perdido um filho em agosto deste ano
atualizado
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A Justiça do Distrito Federal decidiu soltar Dayane da Fonseca Santos, 23 anos. A jovem foi presa na quinta-feira (27/11/2019) após levar o recém-nascido Miguel Pietro da mãe, Larissa de Almeida Ribeiro, 21, no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). A acusada passou por audiência de custódia nesta sexta (28/11/2019) pela manhã. Ela responderá por subtração de incapaz.
A soltura de Dayane foi expedida pela 1ª Vara Criminal de Taguatinga. Na decisão, a juíza Flávia Pinheiro Brandão Oliveira proíbe a acusada de mudar de endereço e de se aproximar do HRT – local de onde o bebê foi raptado.
“A indiciada é ré primária, possui residência fixa no distrito da culpa [Taguatinga] e faz faculdade. Não há indicativos concretos de que pretenda furtar-se à aplicação da lei penal, tampouco que irá perturbar gravemente a instrução criminal, principalmente por que confessou a prática do delito e tem colaborado com as investigações”, defendeu a magistrada.
Ainda nesta manhã, o Metrópoles conversou com Larissa. À reportagem, a mãe contou que o primeiro dia após o reencontro com a criança foi repleto de alívio e agradecimentos.
Moradora do Gama, a cabeleireira Larissa passou a noite pertinho da criança. “A coisa que eu mais desejo é que a gente seja muito feliz, né? Que nada de ruim aconteça com a gente nunca mais. Estou muito feliz e quero voltar para casa logo”, disse. De acordo com ela, após o sequestro, os pontos da cesárea foram rompidos e, por isso, está precisando tomar antibióticos.
Ela deve ficar internada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) até domingo (01/12/2019). Sobre a sequestradora, identificada como Dayane dos Santos, 23, ela não demonstra mágoa. “Eu a perdoo. Porque agora sou mãe, tenho um pensamento, um sentimento diferente. Se ela fez isso, tem um motivo. Não sei se ela tem filho ou queria ter. Por que ela realmente queria ter um menino, mas não podia ser o meu, né? Ela tem que fazer o dela”, disse Larissa.
Larissa teve o filho levado do HRT na madrugada de quinta-feira (28/11/2019). O recém-nascido foi achado horas depois, após a mulher tentar dar entrada no HRC com a criança. “Fiquei muito angustiada durante as investigações. Meu sentimento depois de tudo o que se passou, neste momento, é de felicidade”, afirmou Larissa ao Metrópoles.
Foram 6 horas de tensão após o filho dela, com apenas 19 horas de vida, ser levado por uma mulher de jaleco. A suspeita teria visitado a mãe de Miguel às 3h e o levado para supostamente fazer um exame de glicemia. No entanto não o devolveu.
Dayane, que está presa, perdeu um filho em agosto deste ano. Ela continuou tentando engravidar e, recentemente, o teste deu negativo. A acusada levou a criança recém-nascida para fora do hospital dentro de uma sacola. Foi presa ao tentar entrar no HRC se passando por mãe de Miguel.
Segundo a mãe de Larissa e avó do bebê, Francisca de Almeida Ribeiro, 55, o pequeno está muito saudável e bem-cuidado. “Agora, a gente vai cuidar mais ainda. Muito mais. A minha filha não desgruda dele”, afirmou.
Modus operandi
Dayane entrou no HRT por volta das 15h de quarta-feira (27/11/2019) e se identificou como visitante para conseguir o acesso à unidade de saúde. Cursando faculdade de fonoaudiologia, usou um jaleco para despistar os profissionais do hospital e se passar por enfermeira.
Ela permaneceu dentro do local por 12 horas até conseguir uma mãe que estivesse sozinha. Falou com várias até encontrar Larissa, a mãe de Miguel.
Assim como o HRT, onde o bebê estava internado, nenhum hospital público tem câmeras de segurança. Após o episódio, a Secretaria de Saúde disse que há um projeto em andamento para implantação de uma central de monitoramento de toda a rede pública.
“Houve falha do hospital. É necessário tomar medida de maior controle da saída de pessoas, como a instalação de câmeras e revistas na saída”, destacou o delegado Luiz Henrique Sampaio, da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), responsável pelo caso. Segundo ele, Dayane confessou o crime e disse estar arrependida.