Justiça manda soltar mulher que chamou enfermeira do DF de “negrinha”
A mulher foi presa em flagrante na segunda-feira (10/7) suspeita de cometer uma série de injúrias raciais contra enfermeira negra
atualizado
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Em audiência de custódia, a Justiça do Distrito Federal concedeu liberdade provisória, sem o pagamento de fiança, a Ana Elizabeth Avelino Caldas (foto em destaque), 71 anos, nesta terça-feira (11/7). A idosa foi presa em flagrante na segunda-feira (10/7) suspeita de cometer uma série de injúrias raciais contra uma enfermeira negra em um hospital do Lago Sul.
A paciente teria chamado a funcionária de “negrinha” e ainda teria falado que “essa criatura deveria estar trabalhando em um casebre”, segundo informações da Polícia Militar do DF.
Segundo a audiência, a mulher possui diagnóstico de transtorno bipolar desde 2004 e está em surto psicótico, não conseguindo se conter e conversar na audiência. Em razão disso, ela chegou a ser encaminhada para atendimento psicossocial e sua oitiva foi dispensada.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) se manifestou pela regularidade do flagrante e, em seguida, pela liberdade provisória com imposição de medidas cautelares diversas da prisão. A Justiça acompanhou as recomendações do MPDFT e verificou que a prisão em flagrante não tinha nenhuma ilegalidade.
A decisão indicou: “O fato é concretamente grave e a prisão inicialmente se mostra necessária. No entanto, a autuada é primária e de bons antecedentes, não há condenações, possuindo 71 anos e nunca ter se envolvido com nenhuma prática delitiva”. Ainda assim, a idosa está proibida de ter contato ou de se aproximar das vítimas.
A mulher está envolvida em outros processos na Justiça do DF. São casos relativos a injúria, difamação e pagamento de indenização por dano moral. Todos estão ainda na 1ª instância.
Caso de racismo
A PM foi acionada e deteve a mulher em flagrante pelo crime de injúria racial. Testemunhas confirmaram as ofensas racistas contra a enfermeira e todos os envolvidos foram levados para registro da ocorrência, na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul).
Na Polícia Civil, a paciente relatou que estava passando mal e precisou de novos atendimentos médicos. Ela foi levada a uma unidade diferente do mesmo grupo hospitalar.
Em nota, o hospital onde ocorreu o crime confirmou que a enfermeira sofreu ofensas racistas e disse que “repudia qualquer tipo de discriminação e reafirma o seu compromisso irrestrito com o combate ao racismo”. “Lamentamos profundamente o ocorrido e estamos prestando todo o apoio necessário às autoridades e colaboradores.”