Justiça converte em preventiva prisão de homem que matou ex com foice
Após cometer o feminicídio, Cleidson Ferreira de Oliveira, 37 anos, se entregou na Deam 2, em Ceilândia, nessa quarta-feira (17/8)
atualizado
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A Justiça do Distrito Federal converteu em preventiva a prisão de Cleidson Ferreira de Oliveira, 37 anos. O homem é acusado de matar a ex-companheira Anariel Roza Dias (foto em destaque), 39 anos, com golpes de foice, em Ceilândia, na madrugada de quarta-feira (16/8).
O autor do feminicídio passou por audiência de custódia na manhã desta quinta (17). Após cometer o crime, Cleidson foi à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam 2), em Ceilândia, e se entregou. Segundo testemunhas, ele entrou no local falando: “Me prende, acabei de matar a minha mulher”.
Um PM que estava na delegacia relatou que acompanhava uma vítima de outro crime quando o homem, vestindo roupa vermelha e usando óculos, entrou na unidade policial pedindo que os militares o prendessem.
O autor disse que achou que estava sendo traído e, por isso, atacou a mulher. Relatou, ainda, que o corpo da vítima estava em uma parada de ônibus localizada na QNP 06/10, no Setor P Sul, em Ceilândia.
Cleidson Oliveira também levou os agentes até o local onde guardou a foice, que foi apreendida e encaminhada para perícia. Anariel Roza Dias tinha medidas protetivas contra o autor e já havia registrado ocorrências de agressão e ameaça. O homem foi preso em flagrante.
Ele contou aos investigadores que tem problemas psiquiátricos, faz tratamento médico e está afastado pelo INSS. Acrescentou que chegou a morar junto com a vítima, mas que os dois tinham muitos desentendimentos.
O crime
Durante a madrugada de quarta (16), Cleidson foi a uma distribuidora e comprou cachaça e cigarros. No caminho, encontrou Anariel acompanhada de um rapaz no ponto de ônibus. Lá, começou a golpear a vítima com a foice.
O homem que a acompanhava saiu correndo. O criminoso não soube informar quantos golpes deu na ex-companheira e se ela chegou a falar algo. Ele contou que, logo em seguida, foi à delegacia para se entregar.
Passagens pela polícia
Anariel havia registrado três ocorrências no âmbito da Lei Maria da Penha contra o assassino apenas neste ano.
A moradora de Ceilândia foi a 24ª vítima de feminicídio no Distrito Federal em 2023, segundo dados do Painel de Feminicídios da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF). Em menos de oito meses, a quantidade desses assassinatos superou o total registrado em todo o ano passado.
Em janeiro, a vítima procurou a delegacia após o então companheiro agredi-la com chutes. À época, ela estava grávida de dois meses, à espera do filho do casal. A polícia não detalhou o que ocorreu com a gestação.
Anariel chegou a recusar receber medidas protetivas sob a justificativa de que não se sentia em risco. Ela também preferiu não passar por exames no Instituto de Medicina Legal (IML).
Três meses depois, a vítima procurou novamente a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF); desta vez, para denunciar um episódio de injúria, ameaça e lesão corporal. Anariel Roza relatou que o companheiro a tinha golpeado nas costas com um pedaço de madeira. Além disso, Cleidson a teria ameaçado de morte: “Vou te matar, sua vagabunda”, relatou a vítima.
Na ocasião, a vítima requereu medidas protetivas de distanciamento do agressor e o afastamento dele de casa. Porém, o feminicida não foi localizado pela Justiça para ser intimado e, portanto, não tomou conhecimento da ordem judicial.
Apesar do fim do relacionamento e da existência das medidas protetivas em favor dela, Anariel Roza foi agredida novamente. Em 30 de julho, duas semanas e meia antes de ser assassinada por Cleidson, ela denunciou outro episódio de violência doméstica.
O ex-companheiro a surpreendeu em uma rua de Ceilândia, dando um soco na boca e um chute nas costas da vítima. Ele só teria parado as agressões depois de testemunhas intervirem para socorrer Anariel Roza.
Por receio, ela recusou mais uma vez medidas protetivas, que incluíam a disponibilização de um botão do pânico, de vaga em casa-abrigo e de atendimento multidisciplinar.