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Justiça libera quebra de sigilo telefônico de três presos por chacina

Justiça autorizou o acesso integral e irrestrito a dados, registros, mensagens e demais informações telefônicas contidas nos aparelhos

atualizado

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A Justiça do Distrito Federal deferiu a quebra de sigilo telefônico de três presos acusados da maior chacina registrada na capital do país. São eles: Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Fernandes Barbosa e Fabrício Silva Canhedo.

Na decisão, publicada nessa sexta-feira (10/2), o juiz Taciano Vogado Rodrigues Junior, do Tribunal do Júri de Planaltina, autorizou o acesso integral e irrestrito a dados, registros, mensagens e demais informações telefônicas contidas nos aparelhos celulares apreendidos. Segundo o magistrado, a medida “se mostra de grande relevância para a elucidação do fato, e esclarecimento das circunstâncias delitivas”.

“Não há dúvida, portanto, quanto à plausibilidade de justificava da medida requerida, a qual se mostra adequada ao fim pretendido, mesmo porque pode resultar também em verdadeiro meio de defesa aos próprios réus, sendo certo que os dados contidos nos aparelhos celulares poderão trazer esclarecimentos não só de interesse exclusivo da acusação, mas pertinentes também aquilo que se busca no processo penal moderno, qual seja, a descoberta da verdade materialmente possível”, pontuou o juiz.

Ainda na sentença, o magistrado autorizou o ingresso da mãe de Elizamar da Silva e da irmã de Renata Juliene Belchior como assistentes de acusação no processo.

Entenda o papel de cada preso na chacina que fez 10 vítimas no DF, segundo depoimentos

Veja quem são os presos acusados da chacina: 

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Horácio Carlos Ferreira, 49 anos
Fabrício Silva Canhedo, 34 anos
Carlomam dos Santos Nogueira, 26 anos
 Carlos Henrique Alves da Silva, 27 anos
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Gideon Batista de Menezes, 55 anos

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Horácio Carlos Ferreira, 49 anos

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Fabrício Silva Canhedo, 34 anos

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Carlomam dos Santos Nogueira, 26 anos

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 Carlos Henrique Alves da Silva, 27 anos

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Motivação dos assassinatos

A chácara em que parte dos parentes morava, no Itapoã, avaliada em R$ 2 milhões, seria a motivação dos criminosos para matar a família. No terreno, viviam também Gideon Batista de Menezes, 55 anos, e Horácio Carlos, 49 — suspeitos de participar da chacina.

Gideon e Horácio Carlos contaram aos investigadores que eram funcionários de Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54, e que queriam vender a chácara dele após o crime. O plano seria assassinar toda a família do mecânico para tomar posse do imóvel.

Os criminosos começaram a planejar a chacina em outubro. No dia 23 daquele mês, alugaram o cativeiro onde manteriam as vítimas, em Planaltina (DF).

Em dezembro, a ex-mulher de Marcos Antônio, Cláudia Regina Marques de Oliveira, 55, vendeu uma casa por R$ 200 mil. Assim, o plano dos criminosos passou a envolver, também, o restante da família de Marcos Antônio.

Infográfico com fotos de vítimas da chacina no DF e suas relações familiares bem como com os assasinos - Metrópoles

Maior chacina do Distrito Federal

Em 28 de dezembro, Marcos Antônio, a esposa dele, Renata Juliene Belchior, 52, e a filha do casal, Gabriela Belchior de Oliveira, 25, foram rendidos.

Naquela data, o plano dos criminosos — Gideon; Fabrício Silva Canhedo, 34; Carlomam dos Santos Nogueira, 26; e um adolescente de 17 anos — era render as vítimas em casa e as levar para o cativeiro.

Morador da chácara, Gideon permitiu a entrada de Carlomam e do adolescente, para simular um roubo ao imóvel. Horácio Carlos, que também morava no terreno, fingiu ser vítima.

Marcos Antônio teria reagido ao suposto assalto e foi baleado na nuca por Carlomam. O grupo criminoso enrolou o mecânico em um tapete. A vítima estava ofegante e foi levada, com Renata Juliene e Gabriela, para a casa usada como cativeiro, em Planaltina (DF).

Na mesma noite, Marcos Antônio foi esquartejado, ainda vivo, por Gideon e Horácio Carlos. A dupla enterrou a vítima em uma cova improvisada no terreno.

Durante a madrugada, no cativeiro, o adolescente entrou em pânico ao ver a brutalidade da ação, pulou o muro e fugiu do local.

4 de janeiro

Os criminosos também levaram Cláudia Regina e a filha dela, Ana Beatriz Marques de Oliveira, 19, para o local do cárcere.

O grupo conseguiu render a vítima ao simular — com o celular de Marcos Antônio — que Gideon e Horácio Carlos ajudariam na mudança para a nova casa de Cláudia Regina, pois ela havia vendido o imóvel anterior.

Quando Cláudia Regina e a filha, Ana Beatriz, entraram na casa nova, acabaram rendidas por Carlomam, enquanto os demais também fingiam ser vítimas.

As duas foram levadas para cativeiro: Renata Juliene e Gabriela ficaram em um cômodo; Cláudia Regina e Ana Beatriz, em outro.

12 de janeiro

Thiago Gabriel recebeu um bilhete que o chamava, com a esposa Elizamar da Silva, 39, e os filhos do casal, até a chácara no Itapoã. Os criminosos escreveram um termo usado por Marcos Antônio para tornar a mensagem convincente.

Lá, Thiago acabou rendido. A cabelereira Elizamar foi para o endereço só após sair do trabalho, à noite. Ao chegar, também foi feita refém.

Sem apoio do adolescente, que não quis mais participar do crime, o grupo precisou de um novo ajudante: Carlos Henrique Alves da Silva, 27, conhecido como “Galego”.

De lá, os criminosos seguiram para Cristalina (GO), com Elizamar e os três filhos dela, onde asfixiaram as vítimas e queimaram o carro da cabeleireira. Thiago Gabriel ficou no cativeiro.

“Sempre nas ações de queimar corpos e levá-los para fora do DF, estavam presentes Carlomam, Horácio e Gideon. O Fabrício ficava cuidando do cativeiro”, disse Ricardo Viana, delegado responsável pelo caso.

De madrugada, Carlomam, Horário Carlos e Gideon dirigiram com Renata Juliene e Gabriela, no carro de Marcos Antônio, até Unaí (MG). Lá, eles as asfixiaram e incendiaram o veículo com os corpos das vítimas dentro.

Devido às queimaduras, Gideon não participou dos outros assassinatos.

15 de janeiro

Thiago Gabriel, Cláudia Regina e Ana Beatriz deixaram o cativeiro, no Vale do Sol, em Planaltina (DF) ainda com vida. No entanto, foram levados com os criminosos para um terreno no Núcleo Rural Santos Dumont, a cerca de 5km de onde estavam, e foram esfaqueados perto de uma cisterna. Em seguida, os assassinos jogaram os cadáveres das vítimas dentro do poço.

“Os criminosos sabiam exatamente o local onde esses corpos ficariam. As vítimas saíram da chácara com vida, e quando chegaram ao local dos assassinatos, foram mortas por objeto cortante”, afirmou o delegado Ricardo Viana.

“[Os corpos de] Ana Beatriz, Cláudia Regina e Thiago Gabriel foram jogados no interior da cisterna e, depois, cobertos com pedras, calhas e terra”, completou.

A execução do plano durou 18 dias. Para a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), os executores da chacina formam uma associação criminosa armada.

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