metropoles.com

Procurador do MP sobre condenação de Adriana: “Não há o que contestar”

Arquiteta foi sentenciada a 67 anos de prisão por ter mandado matar os pais e a empregada. Crime da 113 Sul ocorreu em 28 de agosto de 2009

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Igo Estrela/Metrópoles
Maurício-Miranda1
1 de 1 Maurício-Miranda1 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Instantes após o presidente do Tribunal do Júri de Brasília proferir a sentença que condenou Adriana Villela a 67 anos de prisão, o procurador do Ministério Público do DF e Territórios Maurício Miranda mostrou-se aliviado com o veredito. “Não há comemoração porque estamos diante de uma tragédia. Quando condena alguém, não soluciona propriamente o crime, apenas minora as consequências”, ponderou.

Questionado sobre a pena imposta à arquiteta, o representante do MPDFT disse que ela está “de acordo com os critérios e que não há o que contestar”. O representante do MPDFT também comentou o fato de Adriana poder aguardar o início do cumprimento da pena em liberdade. “Tem variado de acordo com a jurisprudência. Até a semana passada, algumas pessoas saíam presas [do Tribunal do Júri], daí houve decisão dizendo que não é mais para prender. Pode ser que, mais na frente, haja reversão”.

O crime da 113 Sul teve desfecho após 10 anos. Durante esse tempo, defesa e acusação travaram diversos embates, sendo o derradeiro e mais esperado na tarde desta quarta-feira (02/10/2019), quando sustentaram suas teses finais diante dos sete jurados.

“O balanço que faço é que a legislação é muito injusta, pois cria diferenças na sua aplicação entre o rico e o pobre. Acredito que deva haver modernização para que todos tenham o mesmo tratamento e que o julgamento de um não seja mais demorado por causa de uma condição econômica capaz de exercitar vários expedientes forenses”, criticou Miranda.

Julgamento histórico

O julgamento mais longo da história do Distrito Federal chegou ao fim nesta quarta-feira (02/10/2019) após 10 dias e mais de 100 horas de discussões. Adriana é acusada de triplo homicídio, triplamente qualificado, dos pais e da empregada da família, mortos 28 de agosto de 2009. A pena total foi fixada em 67 anos e 6 meses de reclusão.

A decisão dos sete jurados sorteados para o caso – quatro mulheres e três homens – foi anunciada pelo juiz Paulo Giordano, por volta das 18h. O caso que ficou conhecido como crime da 113 Sul é um dos mais rumorosos da capital federal.

A arquiteta foi condenada a 32 anos de reclusão pelo homicídio do pai, José Guilherme Villela; mais 32 anos pela da mãe, Maria Villela; e 23 anos pelo assassinato da empregada da família, Francisca Nascimento Silva. Além disso, houve condenação de 3 anos e 6 meses pelo furto de joias e dinheiro do casal. As penas, contudo, não são somadas – é o juiz quem fixa o tempo total. Por isso, chegou-se ao total de 67 anos e 6 meses.

Os outros três envolvidos já condenados pelo Tribunal do Júri tiveram as seguintes penas: 62 anos para Paulo Cardoso Santana; 60 anos para Leonardo Campos Alves; e 55 anos para Francisco Mairlon.

Reação de Adriana

Adriana não esboçou reação. Após ouvir a pena, abraçou a filha, Carolina, e o advogado Antônio Carlos Almeida de Castro, o Kakay, e deixou o plenário do órgão sem falar com a imprensa. Ela não saiu presa do Tribunal do Júri, pois poderá recorrer em liberdade. A eventual prisão só ocorrerá após esgotados os recursos e o trânsito em julgado do processo.

Segundo a acusação, Adriana, de 55 anos, contratou por R$ 60 mil Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio onde os pais moravam, para assassiná-los. Ele teria contado com ajuda de dois comparsas: o sobrinho Paulo Cardoso e o ex-entregador de gás Francisco Mairlon.

O ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, a advogada Maria Villela, pais da arquiteta, e a empregada da família, Francisca Nascimento Silva, morreram esfaqueados em 28 de agosto de 2009, no apartamento do casal, na 113 Sul. Foram 73 perfurações provocadas por armas brancas, no total.

O triplo homicídio do qual Adriana foi acusada tem três qualificadoras. Uma delas era motivo torpe, porque, de acordo com o Ministério Público, a filha queria se vingar dos pais pelos frequentes desentendimentos financeiros. E o homicídio de Francisca ocorreu para garantir a impunidade pelos crimes.

Outra qualificadora era o uso de recurso utilizado para dificultar a defesa das vítimas. Os três foram surpreendidos em casa, quando não tinham razões para acreditar que seriam atacados. A terceira qualificadora foi meio cruel, pois todos eles receberam a maioria das facadas quando já estavam caídos.

Após a sentença ser declarada, o advogado Kakay criticou a decisão. “Essa condenação é um erro judiciário inacreditável. O Tribunal do Júri tem essa característica”, afirmou. O assistente de acusação Pedro Calmon também comentou o caso: “Trata-se de um dos crimes mais bárbaros que já vi na história”.

“Ela matou o pai, a mãe e a empregada para tomar conta de uma fortuna. Não digo que se fez justiça. Ainda achei muito pouco. Só o esfaqueamento de Francisca, morta para queimar arquivo, foi muito doloroso. Não podemos nem imaginar a selvageria desse crime. Eu represento a família de Maria Francisca, e agora vamos pedir a indenização para os parentes, que ficaram sem nada após a morte dela”, disse Calmon.

3 imagens
Tribunal do Júri de Brasília
Juiz lê a sentença de Adriana
1 de 3

Adriana Villela durante sessão do Tribunal do Júri de Brasília

Igo Estrela/Metrópoles
2 de 3

Tribunal do Júri de Brasília

Igo Estrela/Metrópoles
3 de 3

Juiz lê a sentença de Adriana

Igo Estrela/Metrópoles

O Metrópoles acompanhou desde o início, na segunda-feira (23/09/2019) da semana passada, todas as etapas do julgamento. Foram 24 testemunhas ouvidas: oito de acusação e 16 de defesa.

6 imagens
O plenário do TJDFT dispõe de 224 lugares
Fila para entrar em sessão do Tribunal do Júri sobre o crime da 113 Sul
Último dia do julgamento de Adriana Villela
Defesa e acusação batem boca durante o julgamento
Adriana Villela acompanha discurso da acusação no caso do crime da 113 Sul
1 de 6

Para acompanhar o julgamento de Adriana Villela, as pessoas chegaram cedo

Rafaela Felicciano/Metrópoles
2 de 6

O plenário do TJDFT dispõe de 224 lugares

Rafaela Felicciano/Metrópoles
3 de 6

Fila para entrar em sessão do Tribunal do Júri sobre o crime da 113 Sul

Rafaela Felicciano/Metrópoles
4 de 6

Último dia do julgamento de Adriana Villela

Rafaela Felicciano/Metrópoles
5 de 6

Defesa e acusação batem boca durante o julgamento

Rafaela Felicciano/Metrópoles
6 de 6

Adriana Villela acompanha discurso da acusação no caso do crime da 113 Sul

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Perdeu algum momento do julgamento? Confira a cobertura do Metrópoles:

Crime da 113 Sul: Adriana Villela é condenada a 67 anos pela morte dos pais

Crime da 113 Sul: Kakay diz que foi alvo de “ataque pessoal”

MP rebate advogado de Adriana: “Enriqueceu defendendo corruptos”

Defesa e acusação batem boca na reta final do julgamento de Adriana

“Adriana é nossa principal testemunha”, diz MP ao citar contradições

OAB: “Ordem não encontrou elementos suficientes para condenar Adriana”

Adriana Villela acredita que Francisco Mairlon seja inocente

Com plenário lotado, Adriana Villela fala com jurados e chora

Promotor: silêncio de Adriana com a acusação vai atrapalhar os jurados

Em meio a julgamento, STF valida laudo com digitais de Adriana Villela

Adriana Villela recebia R$ 8,5 mil de mesada dos pais à época do crime

Após 85 horas de julgamento, depoimento de Adriana fica para esta 3ª

Choro, irritação e selfie: as reações de Adriana durante o júri

Juiz ameaça anular júri de Adriana após intervenções de assistente de acusação

Procurador diz que laudo coloca Adriana em apartamento no dia do crime

Papiloscopista não garante que Adriana esteve na casa dos pais no dia e hora do crime

Júri de Adriana atrai estudantes de direito e até vizinhos dos Villela

Adriana: “A vida me deu um tropeção e meus pais foram assassinados”

“Tinham plena autonomia”, diz Adriana sobre demora em procurar os pais

Questionada por juiz, Adriana Villela relata álibis no dia do crime

Irmão de Adriana Villela: “Temos certeza da inocência dela”

Delegado aposentado diz que álibi de Adriana Villela é “incontestável”

“Cansados dos seus destemperos”, disse mãe de Adriana Villela em carta

Delegado diz que Adriana Villela pagou US$ 27 mil pela morte dos pais

Ex-ministro do TSE afirma que Adriana Villela “pratica a verdade”

Adriana Villela sobre júri: “Oportunidade de esclarecer quem sou”

Segundo delegada Mabel, Adriana teria dito ao pai: “Vai para o inferno”

Crime da 113 Sul: MP diz que PCDF “plantou mentira” para proteger Adriana Villela

Promotor e representante da OAB -DF discutem em julgamento de Adriana

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?