Policial civil do DF que baleou garoto no coração é denunciado pelo MP
Caso a Justiça de Goiás aceite a denúncia, Sílvio Moreira Rosa responderá por tentativa de homicídio duplamente qualificada
atualizado
Compartilhar notícia
O policial civil do Distrito Federal Sílvio Moreira Rosa foi denunciado nesta segunda-feira (16/1) por tentativa de homicídio duplamente qualificada, por três vezes. Ele é acusado pelo promotor de Justiça Eliseu Antônio da Silva Belo, do Ministério Público de Goiás (MPGO), de tentar matar, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas, o casal Erlon Caxias e Paula Caxias e o filho deles, Luís Guilherme Coelho Caxias. A criança foi baleada no coração e, passados 10 dias do crime, ainda está internada no Hospital de Base.
O crime ocorreu no último dia 6, por volta das 9h40, no km 35 da BR-070, no distrito de Edilândia, município de Cocalzinho de Goiás. De acordo com a denúncia, em determinado ponto da rodovia, que estava em manutenção, havia um revezamento de passagem de veículos, já que uma faixa da pista estava interditada. Assim, quando a família chegou próximo da interdição, o veículo de Sílvio Moreira, que até então estava parado no acostamento, entrou bruscamente na frente do carro das vítimas, para ter acesso primeiro à faixa única liberada para passagem dos motoristas.
Em seguida, mais adiante, o denunciado reduziu a velocidade de seu carro, fechando o veículo da família para que não fosse ultrapassado. O denunciado chegou a reduzir a velocidade como se fosse parar na pista, em sinal claro de provocação, segundo sustentado na denúncia. Não tendo outra alternativa, Erlon Caxias foi obrigado a ultrapassar o veículo e seguiu viagem.Contudo, o denunciado, indignado com a situação — o que para o promotor tratou-se de motivo fútil —, foi ao encontro do veículo das vítimas em alta velocidade, tentando uma nova ultrapassagem, apenas conseguiu se aproximar do carro. Naquele momento, Sílvio efetuou, em direção da traseira do carro da família, cerca de três disparos com sua arma de fogo, atingindo as costas de Luís Guilherme, que estava na parte de trás do veículo em uma cadeirinha de segurança.
Risco assumido
Para o promotor, Moreira “assumiu o risco de produzir o resultado de morte não apenas quanto à criança, mas em relação também aos outros dois ocupantes do veículo, os quais não foram atingidos por circunstâncias alheias à vontade do denunciado”.
Ao perceber que Luís Guilherme tinha sido atingido, Erlon parou o carro para prestar socorro ao filho e viu que Sílvio também tinha estacionado. Naquele momento, o pai o advertiu aos gritos e de forma desesperada, assim como sua mulher, que os disparos haviam atingido Luís Guilherme. Ambos acharam que o filho estava morto.
Quando se deu conta da gravidade do fato e com o receio de ser detido ou até mesmo linchado por pessoas que passavam pela pista, Sílvio entrou rapidamente em seu carro e saiu do local em direção a Águas Lindas (GO).
Cirurgia no coração
A criança foi levada pelos pais para o Samu de Águas Lindas, onde recebeu os primeiros socorros e, depois, transferido para o Hospital de Base, local em que ainda permanece internado e em estado grave. Ele foi submetido a uma cirurgia cardíaca, mas o projétil não pôde ser retirado.
Sílvio, por sua vez, foi encontrado por policiais e por Erlon em uma estrada de chão, vestido com uma camisa da Polícia Civil, distintivo e uma arma de fogo em punho. Ele foi preso em flagrante. (Com informações do MPGO)