Pacientes reclamam de composto alimentar comprado pelo GDF
Portadores da doença genética fenilcetonúria não podem comer carnes, ovos, trigo, feijão e outros alimentos com proteínas
atualizado
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Sensível ao drama de portadores de fenilcetonúria e às graves consequências da não obediência à condição alimentar, o Ministério Público de Contas do DF (MPC/DF) encaminhou representação ao Tribunal de Contas do DF (TCDF) pedindo a suspensão da compra do Control PKU pelo GDF. A medida deve vigorar até que seja comprovado não existir relação entre o novo produto e as reações adversas dos pacientes. O MPC/DF pede também que seja restabelecido o fornecimento da fórmula tradicional do PKU.
Em todo o país, as pessoas com fenilcetonúria recebem alimentos especiais adquiridos e distribuídos pelo Estado. O composto alimentar não está disponível em farmácias e é considerado medicação de alto custo. Doentes no Distrito Federal recebiam o produto alimentar PKU, importado da Alemanha.
Entretanto, a partir de uma licitação, em 2016 passou a ser adquirida uma nova fórmula alimentar chamada Control PKU, que não estaria em acordo com a normatização da Anvisa e, conforme pacientes, pode estar provocando reações adversas como vômito, diarreia, afta, fezes esverdeadas e prisão de ventre.Segundo informa a procuradora-geral do MPC/DF, Cláudia Fernanda, responsável pela representação, “apesar de o produto ser tratado como um complemento alimentar, trata-se, na verdade, de uma medicação, sob forma de alimento, já que representa 75% da fonte proteica diária”. Acrescenta que “na hipótese de esses pacientes não receberem o produto de maneira contínua, todos os dias, e na quantidade adequada, ocorre o catabolismo proteico, com a busca de proteína do organismo no próprio paciente, com elevação secundária da fenilalanina e consequente lesão neurológica”.
Doença genética
Um em cada 25 mil recém-nascidos no Brasil é diagnosticado com uma doença genética grave chamada fenilcetonúria e para terem longevidade com qualidade devem conviver com uma dieta basicamente com restrição a proteínas. Os pacientes não comem alimentos comuns da dieta brasileira como carnes, ovos, pães de trigo, feijão entre outros. Além disso, para compensar a falta nutricional, precisam de um composto alimentar que deve ser consumido por toda a vida.
Se a dieta específica do fenilcetonúrico não for cumprida, há consequências muito graves e irreversíveis: retardo mental, atraso no desenvolvimento psicomotor, feridas na pele, cheiro característico devido ao ácido pirúvico no suor, náuseas, vômitos e convulsões.
O organismo de quem tem essa doença genética, ainda sem cura, não absorve a fenilalanina, um aminoácido presente em proteínas de origem animal e vegetal, cujo papel, no fígado, é produzir enzima que converte em tirosina, outro aminoácido necessário para o sistema nervoso.