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Nenê Constantino volta a ser julgado por outro assassinato no DF

Em maio, o ex-presidente da Gol foi condenado por mandar matar o líder comunitário Márcio Leonardo de Sousa Brito

atualizado

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1 de 1 nene constantino - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O Tribunal do Júri de Taguatinga realiza nesta segunda-feira (13/11) o julgamento do ex-proprietário da empresa Gol Linhas Aéreas, Constantino de Oliveira, 86 anos, e mais três acusados. Os réus respondem pelo crime de homicídio qualificado do caminhoneiro Tarcísio Gomes Ferreira, morto com quatro tiros. O processo está em segredo de justiça. A sessão começou às 10h.

Segundo as investigações, Tarcísio havia trabalhado como motorista de ônibus da Planeta, empresa do grupo. Ele teria sido vítima de uma emboscada, em fevereiro de 2001, em uma barraca de sanduíches e bebidas, no terreno onde funcionava a garagem da antiga Viação Pioneira, na QI 25 de Taguatinga, também de propriedade do empresário, à época.

Nesse processo, serão ouvidas sete testemunhas. A delegada Mabel Alves Faria Corrêa foi a primeira. Na época, ela era chefe da Delegacia de Homicídios (hoje, comanda o Departamento de Polícia Especializada). Ao ser questionada pelo juiz titular do Júri de Taguatinga João Marques Guimarães Silva sobre quem havia mandado matar Tarcísio, a policial disparou: “Seu Nenê Constantino. Com certeza”.

Condenação
Esse é o segundo processo a que os mesmos réus respondem perante o Tribunal do Júri de Taguatinga. Em maio deste ano, eles foram condenados pela prática de homicídio qualificado. Os autos encontram-se em fase de apreciação de recurso.

O empresário foi condenado pelo assassinato do líder comunitário Márcio Leonardo de Sousa Brito, em 2001. Além dele, outros réus foram considerados culpados: o ex-vereador de Amaralina (GO) Vanderlei Batista Silva; o dono da arma usada no crime, João Alcides Miranda; e o ex-empregado do empresário João Marques dos Santos.

Constantino, João Alcides, Vanderlei e João Marques foram condenados por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e cometido diante de dissimulação. Os dois primeiros também foram sentenciados duas vezes por corrupção de testemunha. Constantino, João Alcides e Vanderlei poderão recorrer da decisão em liberdade. João Marques, que estava preso, permanece detido.

Mesma arma
De acordo com as investigações, as balas que atingiram Tarcísio teriam saído do revólver calibre .38 usado na execução de Márcio Leonardo. Pelo assassinato do líder comunitário, Constantino foi sentenciado a 16 anos e seis meses de prisão (13 anos e 6 meses pelo homicídio e 3 anos pela corrupção de testemunha), a serem cumpridos em regime inicialmente fechado, além de multa de R$ 84 mil.

João Miranda pegou 17 anos e meio de prisão; João Marques, 15; e Vanderlei, 13. As penas de Constantino e Vanderlei foram atenuadas porque ambos têm mais de 70 anos. A condenação de João Marques foi mais severa porque ele possuía maus antecedentes criminais.

O julgamento também ocorreu no Tribunal do Júri de Taguatinga. Os sete jurados, sendo quatro mulheres e três homens, ficaram convencidos de que Nenê mandou executar o líder comunitário e os demais condenados tiveram participação no crime. No entanto, o autor dos disparos, Manoel Tavares, não foi julgado porque já morreu.

O promotor Bernardo Resende apresentou gravações telefônicas que provariam a culpa dos réus. Ele também refutou a tese da defesa de que um homem chamado Padinho seria o verdadeiro responsável pelo assassinato do líder comunitário. Por fim, Resende apresentou o vídeo de uma testemunha que alegou ter recebido a oferta de uma casa para confirmar a versão de que Padinho era o homicida.

No primeiro julgamento, Constantino afirmou que era inocente, não conhecia a vítima e não sabia quem tinha matado Márcio. “Só soube da morte dele dois dias depois. Se eu tivesse que matar um frango, morreria de fome”, chegou a dizer o acusado.

“Ajuda”
Ainda de acordo com o empresário, ele cedeu o terreno de uma antiga garagem para funcionários morarem, mas outras pessoas começaram a usar o local, incluindo o líder comunitário. O réu admitiu que chegou a visitar o terreno e que houve um bate-boca, mas sem agressão. “Ofereci ajuda para que pudessem se mudar”, contou Nenê Constantino.

A argumentação do ex-presidente da Gol não convenceu os jurados, que decidiram pela condenação de quatro dos cinco réus. Victor Bethônico Foresti, genro de Constantino, era acusado de corrupção de testemunha e foi absolvido.

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