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Nenê Constantino é condenado por morte de ex-funcionário

Julgamento foi concluído na madrugada desta quarta (15/11). Empresário e outros réus respondiam pelo assassinato de Tarcísio Ferreira

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1 de 1 nene constantino - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O Tribunal do Júri de Taguatinga condenou, na madrugada desta quarta-feira (15/11), o empresário Nenê Constantino, 86 anos, acusado do assassinato do caminhoneiro Tarcísio Gomes Ferreira. Além do fundador da GOL Linhas Aéreas, outros dois réus foram considerados culpados de, em 2001, matarem o ex-funcionário, que participava da ocupação de um terreno de Nenê.

Em maio deste ano, o grupo foi condenado pela morte do líder comunitário Márcio Leonardo de Sousa Brito, que comandou a invasão à propriedade do empresário. Agora, Nenê Constantino, Vanderlei Batista Silva (ex-vereador de Amaralina-GO) e João Alcides Miranda (dono da arma utilizada no crime) responderão pela outra morte. João Marques dos Santos (ex-empregado de Nenê), que teve o processo desmembrado, será julgado em outro processo.

As penas de Nenê e de Vanderlei foram fixadas em 14 anos de prisão — e reduzidas em 12 meses porque ambos têm idade superior a 70 anos. Dessa forma, o total somou 13 anos para cada. A punição de Miranda ficou em 15 anos. Ainda cabe recurso da decisão.

Segundo as investigações, Tarcísio, que havia trabalhado como motorista de ônibus da Planeta, empresa do grupo, teria sido vítima de uma emboscada. Ele foi morto em uma barraca de sanduíches e bebidas no terreno onde funcionava a garagem da antiga Viação Pioneira, na QI 25 de Taguatinga.

A defesa de Nenê Constantino acusava o ex-genro Eduardo Queiroz Alves de ser o mandante do crime. Segundo os advogados, o terreno havia sido passado para a filha do empresário, e Eduardo teria interesse na desocupação da área.

Interrogatórios
Os trabalhos no Júri de Taguatinga foram iniciados na manhã de terça (14), com o interrogatório de Vanderlei, que negou participação no crime e disse que Nenê Constantino também é inocente. “Ele não mandou a gente matar ninguém.”

Apesar de negar envolvimento com a morte de Tarcísio, Vanderlei mudou o depoimento prestado durante o julgamento do assassinato de Márcio e confessou ter participado do crime. “Resolvi falar a verdade hoje”, disse.

Às 11h50, foi a vez de João Alcides Miranda prestar um depoimento curto e com poucos questionamentos da acusação. Ele falou por 18 minutos e, em seguida, a sessão foi interrompida para o almoço.

O caso foi retomado às 13h10, com a fala do promotor de Justiça Thiago Gomide Alves. Ele comentou o fato de a mesma arma ter sido utilizada nos crimes de Tarcísio e Márcio. “É óbvio que uma morte está ligada à outra. A defesa fez de tudo para tirar a balística do processo. Tentaram levar também para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de Justiça”, afirmou.

Às 14h50, o também promotor Marcelo Leite Borges deu início à acusação. Ele se mostrou irritado com o fato de a defesa duvidar do Instituto de Criminalística do DF. “Chegou-se a esse ponto, de duvidar da perícia”, reclamou.

Houve um pequeno bate-boca entre Marcelo e o advogado Cleber Lopes, responsável pela defesa de Vanderlei. Em seguida, o promotor Thiago Gomide retomou a fala e encerrou a acusação, às 16h, com pausa para o lanche.

Na volta, o advogado Pierpaolo Bottini, que defende Constantino, contestou os argumentos apresentados pela acusação.

Réplica
O MP sustentou na réplica que, na época dos assassinatos, a família ainda estava unida e Nenê ainda teria ingerência nos negócios da família.

A participação de Nenê nos negócios foi sustentada pelo Ministério Público por conta de uma gravação telefônica em 2008 de uma secretária da GOL, que tratou diretamente com o patriarca para resolver um problema da companhia. “O próprio disse que nunca deixou de trabalhar, mas se envolvia diretamente nos negócios anos depois de transferir os bens”, ressaltou o promotor Thiago Gomide.

Tanto Vanderlei Batista Silva quanto João Marques dos Santos – que teve o processo desmembrado – teriam se beneficiado de uma Mercedes retirada na concessionária da família Constantino e comandada por Eduardo Queiroz. A defesa de Vanderlei desconversou sobre a vantagem econômica obtida, apesar de o veículo ter custado R$ 37 mil em valores de 2001.

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