MPDFT obtém condenação de quadrilha envolvida com o PCC e o Comboio do Cão
Quadrilha brasiliense é envolvida com o tráfico de drogas e com crimes cometidos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC)
atualizado
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O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) obteve a condenação em primeira instância de cinco pessoas envolvidas em esquema de tráfico de drogas, na facção conhecida como Comboio do Cão.
As investigações, em parceria com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), tiveram início em março de 2019, quando dois homens foram presos e tiveram os celulares apreendidos. A análise dos aparelhos demonstrou uma atividade de comércio de entorpecentes complexa e organizada, com fornecedores, atacadistas e varejistas, uma atuação em rede.
Condenações
O réu Marcelo de Oliveira Araújo, considerado líder da célula, foi preso em março de 2019 e agora condenado a sete anos de reclusão em regime fechado e 1.100 dias-multa. As investigações demonstram que ele era um grande “atacadista” de entorpecentes para os “varejistas” do tráfico. Diálogos captados revelaram que ele, com auxílio de pessoas próximas de sua família, como esposa, irmão e até a própria mãe, continuava a promover o tráfico de drogas no âmbito do sistema prisional da Papuda.
Kayque Marques Cruz também havia sido detido em março de 2019. Mesmo dentro da Papuda, ele continuou associando-se a Marcelo para a prática do tráfico. Ele foi condenado a cinco anos de reclusão em regime fechado e 900 dias-multa.
Ana Alice dos Santos Araújo era companheira de Marcelo e passou a chefiar a cobrança de valores provenientes da venda de drogas após a prisão do parceiro. Ela foi condenada por associação para o tráfico a oito anos de reclusão, no regime inicial fechado e 1.600 dias-multa.
Alessandra Marques da Silva, mãe de Kayque, foi condenada por associação para o tráfico a 3 anos de reclusão em regime aberto, pena que foi substituída por pena restritiva de direitos, por ser ré primária e portadora de bons antecedentes.
Vinicius Eduardo Martins Vieira, com quem Ana Alice iniciou um relacionamento após a prisão de Marcelo, também participava do esquema e foi condenado a 5 anos de reclusão em regime fechado e 900 dias-multa.
As investigações apontam que a quadrilha usava adolescentes para distribuir substâncias ilícitas. As drogas eram fornecidas pela facção criminosa conhecida como Comboio do Cão (CDC) e do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Modus operandi
Em outubro de 2019, foi deflagrada a Operação Efeito Dominó, em que se cumpriram 41 mandados de prisão e 57 de busca e apreensão. Ao todo, foram identificadas nove células criminosas distintas envolvidas no esquema. Os cinco condenados na última quinta-feira (23/7) são integrantes da primeira célula.
A investigação demonstrou que o grupo criminoso é experiente na prática de delitos de tráfico de drogas e tem conhecimento dos meios de investigação utilizados. De acordo com o promotor de Justiça Luiz Humberto de Oliveira, observou-se um formato diferente de tráfico e associação para o tráfico de drogas, com criminosos que agem em grupo ou individualmente, porém todos com relação entre si, atuando em uma espécie de rede.
“Há fornecedores, atacadistas e varejistas. Nesse mercado, os atacadistas buscam variar seus fornecedores com o objetivo de angariar entorpecentes de melhor qualidade e preço, conduta que se repete entre os varejistas”, explicou.
Entre os fornecedores, investiga-se a participação de organizações criminosas conhecidas no DF. No grupo dos varejistas, há suspeita de participação de presidiários, que contam com o auxílio de familiares para promover o tráfico de drogas no Sistema Prisional da Papuda. A venda direta para os usuários seria feita por adolescentes.