MP denuncia youtuber por dizer que desembargador recebeu propina
Daniel Mogendorff, durante extorsão ao deputado Luis Miranda, afirmou que Josaphá dos Santos embolsou R$ 250 mil para apreender passaporte
atualizado
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O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou Daniel Luís Mogendorff pelo crime de calúnia. Durante uma tentativa de extorsão contra o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), o youtuber disse ao congressista ter pagado R$ 250 mil ao desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Josaphá Francisco dos Santos para ele reter o passaporte do parlamentar eleito pelo DF. Toda a conversa foi monitorada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Na noite de 5 de setembro deste ano, Mogendorff foi preso em flagrante após exigir dinheiro para que postagens contra Luis Miranda não fossem divulgadas em redes sociais e programas de televisão. Na segunda-feira (07/10/2019), ele e Mauro Cavanha, que vive nos Estados Unidos, tornaram-se réus e respondem criminalmente por extorsão. A negociação era monitorada por policiais, por meio de microcâmeras e microfones instalados nas roupas do político.
Ao justificar a denúncia do youtuber, o promotor de Justiça Fernando Augusto Martins Cuóco escreve que a acusação contra Josaphá é absolutamente falsa e adequa-se aos tipos penais nos “crimes de calúnia, difamação e injúria”. Cuóco ainda destaca que o representado ofendeu a reputação e dignidade do magistrado.
Blindagem
Mogendorff está detido desde a noite de 5 de setembro, quando se encontrou com o deputado Luis Miranda no restaurante Côco Bambu do Lago Sul e exigiu dele R$ 760 mil para cessar publicações de vídeos na internet contra Miranda. O dinheiro, segundo Mogendorff, também serviria para barrar reportagens em programas de televisão.
De acordo com o inquérito instaurado pela PCDF, trata-se de uma “milícia virtual”. A investigação é conduzida pela Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC), a qual ainda apura outro inquérito que trata sobre a organização criminosa.
Luis Miranda relatou, em depoimento na DRCC, que Daniel Mogendorff o procurou para oferecer uma espécie de “serviço de blindagem” com duração de um ano, para que nenhum youtuber do grupo publicasse vídeos que denegrissem a imagem do parlamentar.
Em novembro de 2018, em outro contato, Daniel teria exigido o pagamento de R$ 150 mil para apagar vídeos publicados na rede mundial de computadores. O deputado relatou, na delegacia, jamais ter feito qualquer desembolso dos valores exigidos.
Flagrante
A prisão foi divulgada em primeira mão pelo Metrópoles. Quatro membros do grupo foram indiciados por extorsão, difamação, incitação ao crime e organização criminosa. De acordo com a polícia, eles foram localizados nos Estados Unidos e, no Brasil, nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Outros 18 suspeitos ainda não foram identificados e permanecem sendo alvo de investigações da PCDF.
Instruído pela polícia para caracterizar o flagrante, o deputado disse ao criminoso que daria somente R$ 4 mil de sinal e depois repassaria o restante. Nesse instante, mais de 20 agentes à paisana monitoravam o encontro.
Veja uma parte do encontro. Miranda aparece de preto nas imagens:
Após guardar o dinheiro, o homem entrou em um carro e se dirigiu ao Carlton Hotel, no Setor Hoteleiro Sul, onde foi detido pela equipe da DRCC. A operação foi comandada pelo delegado Giancarlo Zuliani. Daniel Mogendorff possui passaporte alemão, apesar de ser chileno e morar em Tel Aviv, em Israel. Ele permanece preso preventivamente.