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Justiça desarquiva processo sobre assassinato da avó de Bernardo

Neuza foi esfaqueada por Paulo Osório, que também confessou ter tirado a vida do filho, de 1 anos e 11 meses. Homem está preso

atualizado

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A Vara de Execuções Penais (VEP) desarquivou o processo sobre a morte da mãe de Paulo Roberto de Caldas Osório, 45 anos, suspeito de assassinar o próprio filho Bernardo, de 1 ano e 11 meses. O caso estava engavetado desde abril de 2004, quando Paulo concluiu a internação de 10 anos na ala psiquiátrica do Complexo Penitenciário da Papuda pelo assassinato de Neuza Maria.

O Judiciário não explicou o motivo do desarquivamento, mas há indícios de que as autoridades estejam em busca do laudo psiquiátrico de Paulo feito à época do homicídio, ocorrido na 712 Sul.

Confira fotos do caso Bernardo:

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Bernardo, de 1 ano e 11 meses
Preso na Bahia, Paulo Osório confessou ter matado o próprio filho
Bernardo era fruto de relacionamento entre Paulo e Tatiana da Silva
Remédio usado por Paulo Osório para dormir foi dado ao garoto, segundo o próprio pai
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Menino foi levado pelo pai de creche na Asa Sul

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Bernardo, de 1 ano e 11 meses

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Preso na Bahia, Paulo Osório confessou ter matado o próprio filho

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Bernardo era fruto de relacionamento entre Paulo e Tatiana da Silva

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Reprodução
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Remédio usado por Paulo Osório para dormir foi dado ao garoto, segundo o próprio pai

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No quarto onde Bernardo ficou com o pai, na 712 Sul, foi encontrado o copinho que Paulo teria usado para dissolver medicação

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Mensagem encaminhada à mãe da criança, após o sequestro

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Carro de Paulo apreendido

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Faca e biscoito achados no carro de Paulo

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Paulo está preso

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Helicóptero usado nas buscas

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Polícia procura por corpo de Bernardo

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Veja vídeo em que Paulo fala sobre o crime:

Preso por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver de Bernardo, a VEP determinou, nessa quinta-feira (05/12/2019), que Paulo Osório seja submetido a exame de sanidade mental como condição para análise do pedido de sua transferência à Ala de Tratamento Psiquiátrico (ATP) da Papuda.

Ao analisar o caso, a juíza Leila Cury, da VEP, destacou que a ATP “destina-se, preponderantemente, à internação de pessoas submetidas à medida terapêutica de internação, resultante da imposição de medida de segurança”. “Nesse contexto, não é aconselhável a manutenção de presos provisórios, sem confirmação oficial de sua inimputabilidade ou semi-imputabilidade, sob pena de colocar em risco a sua própria integridade física e a dos pacientes que ali realmente precisam permanecer”, acrescentou.

O assassinato da mãe ocorreu em 12 de março de 1992, na 712 Sul. Na ocasião, Paulo tinha 18 anos e atacou Neuza assim que ela chegava de uma caminhada no Parque da Cidade.

Ele pensou se tratar de um ladrão e a matou a facadas, mesmo ela dizendo: “Filho, não faz isso. Eu sou sua mãe”. Logo depois, Paulinho, como era tratado na ocasião, usou uma corda para enforcar a vítima e colocou fogo no corpo da mãe. Tentou apagar, mas já era tarde demais. Depois, Paulo saiu de casa e quem encontrou o corpo de Neuza foi o marido da vítima, também chamado Paulo.

História chocante
Autor de uma série de reportagens sobre crimes que abalaram o Distrito Federal nos anos 90, o jornalista e escritor José Rezende Jr foi até a ala psiquiátrica da Papuda em 1996 e entrevistou Paulo Roberto de Caldas Osório. À época, ele era um jovem de 23 anos e cumpria pena por ter assassinado a própria mãe, Neuza, com uma faca serrilhada, na cozinha de casa.

Em 1996, Rezende solicitou a entrevista à Vara de Execuções Penais e foi atendido. Chegando à Papuda, disse a Osório que estava ali para conversar sobre a morte da mãe dele e perguntou se o jovem topava falar. “Por alguns segundos ele hesitou. Depois concordou e disse que precisava falar sobre isso”, lembra o jornalista.

A conversa durou entre duas e três horas. Naquele dia – quatro anos após o crime –, os dois ficaram sozinhos em uma sala providenciada pela direção da Papuda, sem qualquer agente de segurança ou intermediário. “Ele era considerado um interno de bom comportamento e tinha a confiança da direção da unidade”, diz o jornalista. Enquanto esteve na ala psiquiátrica, Osório fazia sucos e controlava o estoque da cantina. Também levava lanches ao gabinete do diretor.

Paulo, pai de Paulo Osório (de quem herdou o apelido de Paulinho), nunca minimizou o fato de o filho ter matado sua esposa. “Ele tinha consciência do que tinha acontecido, não estava em processo de negação. Dizia que já havia perdido a mulher, não queria perder o filho. Em todos os dias de visita, ele comparecia. Se expunha ao ponto de tirar um cochilo na cama, na cela do filho”, conta Rezende.

Imprevisível

O jornalista reforça que não ser possível saber de que atitudes Osório seria capaz. “Ele era, obviamente, alguém que havia cometido um ato bárbaro, mas não daria para ninguém prever que ele cometeria outro crime bárbaro. Seria muito mais fácil se você pudesse olhar para uma pessoa e saber o que tem dentro dela, mas nem os profissionais da área foram capazes de prever isso”.

À época, ao ser questionado pelo jornalista sobre o motivo de ter matado a mãe, a resposta veio em uma palavra: medo. Conforme a reportagem de Rezende, Paulo Osório e seus pais estavam traumatizados com os diversos roubos que a residência da família vinha sofrendo e, no dia do crime, o jovem teria pensado ver um ladrão ao avistar a mãe chegando mais cedo em casa.

Primeiro, Paulo desferiu uma facada que atingiu os intestinos de sua mãe. Enquanto sentia o sangue escorrer, Neuza ainda teve tempo de fazer um último pedido: “filho, não faz isso. Eu sou sua mãe”. Depois de ouvir essas últimas palavras, ele desferiu outras facadas, a estrangulou com um fio, despejou um líquido inflamável e ateou fogo ao corpo.

José Rezende Jr. atualmente escreve para a revista Traços. Venceu o Prêmio Jabuti de melhor livro de contos do ano de 2010, com a obra “Eu perguntei pro velho se ele queria morrer”.

No dia 29 de novembro, Paulo se envolveu em outra ocorrência grave. Ele levou o filho Bernardo da creche e não o entregou à mãe. Após ser preso na Bahia, confessou ter matado o menino. O corpo de uma criança foi encontrado na região de Palmeiras (BA), a 1 mil km do DF, mas somente o exame de DNA vai apontar se é o do garotinho. Uma cadeirinha e um colar de âmbar também foram achados.

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