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Investigado na Lava Jato, procurador segue recebendo R$ 25 mil mensais

Ângelo Goulart Villela foi afastado do cargo, mas rendimentos e auxílio-moradia estão caindo em sua conta todos os meses

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ANPR/Divulgação
O procurador Ângelo Goulart Villela
1 de 1 O procurador Ângelo Goulart Villela - Foto: ANPR/Divulgação

Afastado da Procuradoria-Geral da República (PGR) desde o dia 18 de maio, quando teve a prisão preventiva decretada, Ângelo Goulart Villela segue sua vida normalmente e com a conta bancária recheada. O procurador vem recebendo seu salário de R$ 28.947,55 (sendo R$ 19.547,77 líquidos), mais R$ 4.377,73 de auxílio-moradia e R$ 884 de vale alimentação. No Portal da Transparência do Ministério Público Federal aparecem os contracheques mensais de Goulart Villela, que tem “vínculo ativo” com a PGR (veja abaixo).

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Após ter a prisão decretada, Ângelo Goulart Villela foi afastado das funções de procurador da República no Distrito Federal e assessor da vice-procuradoria-geral eleitoral, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mesmo assim, seguiu recebendo seu salário. De acordo com a PGR, a legislação diz que o servidor há mais de três anos no cargo terá os vencimentos cortados apenas após a sentença transitar em julgado.

Contra Ângelo Goulart Villela há uma ação penal e outra na área cível por improbidade administrativa. A perda do cargo é prevista nesta segunda ação. O procurador está afastado das funções por uma determinação judicial. Além disso, a corregedoria da PGR está fazendo uma investigação.

Questionado sobre a postura do procurador, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, lamentou a situação pela qual passa o colega, mas prometeu Justiça. “O processo disciplinar está andando, e rápido. Ele está sob sigilo, mas, cedo ou tarde, se o Ângelo for condenado efetivamente, ele vai parar de receber. É um assunto que me machuca; agora, pelas evidências que eu vi, o procurador tem que responder pelo que ele fez”.

Esposa poderá investigar 
Ângelo Goulart Villela ficou conhecido após ser preso pela Polícia Federal (PF), que cumpria mandado de prisão preventiva por determinação do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

O pedido foi feito pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que, além de requerer a detenção de Goulart Villela, determinou sua imediata exoneração da função de assessor da Procuradoria-Geral Eleitoral e revogou a participação do procurador na força-tarefa do caso Greenfield.

O procurador é acusado de tentar interferir nas investigações da Greenfield, que apura irregularidades em fundos de pensão e favorecimento a uma empresa de celulose controlada pelo conglomerado J&F, holding da qual faz parte a empresa JBS.

Segundo a PF, Goulart Villela era o informante dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, dentro da Greenfield. A suspeita é que ele vazava à empresa informações sobre as investigações do Ministério Público que envolviam a JBS. Em delação, Joesley Batista disse que o procurador recebia R$ 50 mil por mês para mantê-lo informado.

O advogado brasiliense Willer Tomaz seria o intermediário da propina. Em maio, a Polícia Federal monitorou um encontro entre o procurador, Tomaz e  Francisco Assis e Silva, advogado e delator da JBS. Em junho, a Procuradoria Regional da República na 3ª Região (PRR3) denunciou Villela pelos crimes de corrupção, violação de sigilo funcional e obstrução de Justiça.

No entanto, antes de figurar nas páginas policiais, o jovem procurador, de 36 anos, era conhecido pela vida glamourosa que levava. Em 2013, seu casamento luxuoso foi manchete nas principais revistas de sociedade do país. A cerimônia ocorreu no Copacabana Palace –  hotel em frente à Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Entre as atrações da recepção, shows com o Mc Marcinho e a bateria da escola de samba Mangueira (veja fotos abaixo).

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A esposa de Villela é a também procuradora Ana Luisa Zorzenon, de 35 anos, que trabalha no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Uma das funções do órgão é zelar pelas boas práticas no Ministério Público. Ali, a conduta do agora acusado por corrupção também será julgada.

Procurada pela reportagem do Metrópoles, a defesa de Ângelo Goulart Villela não quis se manifestar sobre as acusações de corrupção que recaem sobre o procurador nem comentar o fato de que ele segue recebendo seu salário integramente.

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