Fortium será despejada em dezembro, mas faz promoção em busca de aluno
Faculdade não pode mais recorrer da ação de despejo, que transitou em julgado, e terá de deixar 616 Sul. Mesmo assim, busca novos estudantes
atualizado
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A Faculdade Fortium terá de deixar o imóvel que ocupa na 616 Sul até dezembro. A decisão da Justiça transitou em julgado na 25ª Vara Cível de Brasília e, portanto, não cabe mais recurso. Mesmo assim, a instituição continua à caça de novos alunos. Tem feito até promoções para atrair estudantes. Só não informa aos clientes em potencial que tem um prazo curto para desocupar as instalações em definitivo. A Fortium está oferecendo isenção de taxa e desconto de 50% nas mensalidades.
O gerente comercial João Rocha, 40 anos, estava interessado em cursar direito e visitou a faculdade na manhã de terça-feira (20/6). Após pegar informações sobre as aulas, foi alertado por terceiros de que a Fortium seria despejada. Nem mesmo os atuais universitários sabem onde vão estudar a partir de 2018.
Uma aluna de pedagogia confirmou ao Metrópoles que todos temem ficar sem um local para concluir os estudos a partir do primeiro semestre de 2018. “Só falta um ano para eu me formar. Nós não fomos avisados sobre esse despejo. Espero que eles consigam um novo prédio o quanto antes”, disse a jovem, que pediu para não ter a identidade divulgada.
Despejo
Em fevereiro deste ano, a juíza Thais Araujo Correia, da 25ª Vara Cível de Brasília, assinou a sentença que determinava o despejo. A decisão foi tomada no âmbito da ação movida pela imobiliária proprietária do prédio, a Ega Administração, Participações e Serviços Ltda., que não recebe aluguel desde fevereiro de 2016. Os débitos somam mais de R$ 1,5 milhão.
Um mês após a juíza ordenar o despejo, a ação transitou em julgado, ou seja, não há mais como a Fortium recorrer. A faculdade foi notificada da decisão por um oficial de Justiça. “Tendo em vista o retorno do mandado com finalidade atingida, aguarde-se o prazo determinado para efetiva desocupação do imóvel”, registrou o técnico judiciário Hadassa Verzelon de Oliveira e Ferreira, na certidão datada de 16 de março.
Segundo o advogado Daniel de Camillis Gil Junior, que representa a Ega Administração, Participações e Serviços Ltda., a sentença proferida em fevereiro dava prazo de 10 meses para que o imóvel fosse desocupado. “Ainda restam oito meses para o cumprimento da decisão”, disse.
A data, acrescenta o advogado, cairá no período de férias escolares. “O despejo ocorrerá em dezembro. Como é uma instituição de ensino superior, a lei obriga que o espaço seja desocupado em períodos nos quais os alunos estejam de recesso para não prejudicar os estudos”, explicou Daniel.
A expectativa é a de que, quando sair o calendário de férias da faculdade, seja expedido pela Justiça o mandado da efetiva desocupação do prédio.
Procurado para comentar o assunto, o advogado da Fortium, César Villar, disse que a instituição ainda estuda os próximos passos. Só depois os alunos serão informados. “Acredito que teremos uma direção sobre o que vamos fazer ainda nesta semana. Mesmo não tendo mais recurso nessa ação, existem providências que podem ser tomadas em outra órbita, como a administrativa, por exemplo. A faculdade está funcionando normalmente”, afirmou.
Ações judiciais
A Fortium abriga 1,5 mil estudantes dos cursos de administração, ciências contábeis, direito, letras, design, gestão da produção, pedagogia e dois cursos para tecnólogo em gestão de recursos humanos e gestão pública.
Além da dívida milionária com a Ega Administração, Participações e Serviços Ltda., a Fortium soma uma série de ações na Justiça. Em agosto de 2016, havia pelo menos 74 processos em andamento. Entre eles, vários questionamentos da ordem trabalhista.