Ex-delegada Martha Vargas é condenada por falsidade ideológica
Fraudes teriam ocorrido durante a investigação do caso da 113 Sul, onde morreu um ex-ministro do TSE, a esposa e a empregada
atualizado
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A delegada aposentada Martha Vargas foi condenada a 2 anos e 4 meses de prisão em regime aberto por falsidade ideológica e uso de documento falso. A pena foi substituída por duas restritivas de direito, mas a defesa ainda pode recorrer da sentença.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) acusa a delegada de ter solicitado fundos e diárias para o transporte de um suspeito com mandado de prisão preventiva, mas alegou finalidades diferentes das motivações reais.
O suspeito estava em outro estado, o que exigia deslocamento de policiais civis do DF para fazer o transporte do acusado. A inclusão de uma suposta médium “que ajudaria nas diligências” entre os policiais também foi contestada e agravou a denúncia.
O suposto documento falso utilizado pela delegada para solicitar as diárias configurou falsidade ideológica. O MPDFT pediu também a cassação da aposentadoria da ex-delegada, mas a juíza Maria Augusta de Albuquerque Melo Diniz considerou que haveria amparo legal para a retirada do benefício.As supostas fraudes ocorreram durante a investigação do assassinato do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, a mulher dele, Maria Carvalho Mendes Villela, e a empregada Francisca Nascimento da Silva. Os três foram encontrados mortos no apartamento do casal, na 113 Sul. O crime ocorreu em agosto de 2009.
No ano passado, Martha Vargas foi condenada por improbidade administrativa, em decorrência de uma suposta fraude processual.
Relembre o caso
De acordo com a perícia da época, as vítimas teriam morrido três dias antes após levarem 78 facadas. O inquérito foi conturbado. Martha Vargas acabou afastada devido às acusações de prejudicar as apurações. Assim, o caso passou para as mãos da delegada Mabel Farias, da Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida).
Após mais de um ano de investigações e diversas reviravoltas, Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio onde o casal morava; Paulo Cardoso Santana, sobrinho de Leonardo; e Francisco Mairlon Barros Aguiar foram presos pelo triplo assassinato. Em 2012, um júri popular condenou a 55 anos de prisão os assassinos confessos do casal: Francisco Mairlon e Leonardo Campos.
Entretanto, o crime ainda não teve um desfecho completo. Segundo Campos, a mandante dos assassinatos teria sido a filha do casal. De acordo com o Ministério Público do DF, a mulher recebia uma mesada de R$ 8 mil por mês e tinha constantes brigas com a mãe por pedir mais auxílio financeiro. A suspeita chegou a ficar 19 dias detida, mas foi solta e responde às acusações até hoje em liberdade.
A reportagem não conseguiu contato com o advogado de defesa até a última atualização desta reportagem. (Com informações do TJDFT)