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Testemunha joga Rogério Rosso, Santana e Bernardes na Caixa de Pandora

Francinei Arruda afirmou ter gravações que ainda não foram apresentadas à Justiça. MPDFT pede que ele apresente o material

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Rogerio Rosso – Comissão da Câmara aprova processo de impeachment
1 de 1 Rogerio Rosso – Comissão da Câmara aprova processo de impeachment - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O homem responsável pela edição dos vídeos que embasam as ações da Caixa de Pandora fez uma revelação surpreendente na tarde desta quarta-feira (29/6). Francinei Arruda contou diante do juiz que o deputado federal Rogério Rosso, o vice-governador do DF, Renato Santana, e o secretário de Economia do GDF, Arthur Bernardes (todos do PSD), aparecem em vídeos gravados por Durval Barbosa, o delator da operação que, em 2009, varreu José Roberto Arruda do poder no DF.

O depoimento de Francinei Arruda ocorreu na 7ª Vara Criminal de Brasília, durante audiência da Caixa de Pandora. Na mesma tarde, o juiz Paulo Afonso Cavichioli Carmona também ouviu o testemunho do ex-deputado federal Alírio Neto.

Essa é a quarta vez que Francinei presta depoimento sobre o caso. O suposto aparecimento de novos vídeos da Pandora trariam consequências bombásticas nos rumos do processo. Primeiro, porque acrescentaria personagens importantes no maior escândalo de corrupção já descoberto na capital da República. Segundo, pois demonstraria que Durval não entregou tudo o que tinha aos investigadores.

Uma das regras básicas em um acordo de delação é o compromisso que o delator assume de falar a verdade. Quando mente, ele coloca em risco todo o processo.

Segundo o depoimento de Francinei, Rogério Rosso, Renato Santana e Arthur Bernardes aparecem em vídeos editados por ele no mesmo contexto de vários dos réus na Pandora: recebendo dinheiro das mãos de Durval Barbosa.

Na visão dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, no entanto, Francinei está blefando. Para os investigadores, o testemunho de Francinei é uma manobra no sentido de atrapalhar o andamento das ações que podem levar para a cadeia políticos e empresários envolvidos no escândalo. Por isso, os promotores insistem com a testemunha para que apresente provas que sustentem as novas acusações.

“Entendemos que essa é uma estratégia frágil da defesa porque os depoimentos dele são contraditórios. Trata-se, na verdade, de mais uma tentativa infrutífera de anular a Caixa de Pandora e a colaboração processual de Durval Barbosa Rodrigues”, disse o promotor Clayton Germano ao Metrópoles. Ele lembrou que no âmbito do processo da ex-deputada Jaqueline Roriz, Francinei afirmou ao então procurador-geral da República Roberto Gurgel que todos os vídeos estavam nas mãos do MP. “Mudar a versão a esta altura é uma orientação clara dos advogados de paralisar o processo”, complementou Germano.

A audiência começou às 15h e durou cerca de quatro horas. A Caixa de Pandora tem 17 processos na 7ª Vara e 33 acusados. Os nomes que constam nas duas ações em pauta nesta quarta são os do ex-governador José Roberto Arruda; do ex-vice-governador Paulo Octávio; Durval Barbosa; José Geraldo Maciel; Marcelo Carvalho Oliveira; José Luiz Valente; Adailton Barreto Rodrigues; Gibrail Gebrim; Fábio Simão; Alexandre Tavares de Assis e Massaya Kondo.

Resposta
Por meio de nota, o PSD-DF repele com veemência o que considera “tentativas escusas de manchar o nome e a história política de seus principais quadros: o deputado federal Rogério Rosso, o vice-governador Renato Santana e o secretário do GDF, Arthur Bernardes. São episódios sórdidos e reiterados com o objetivo de envolver com condutas não ilibadas os três nomes que não têm mácula, com vistas ao processo político que se vislumbra ainda bastante distante”, diz a nota.

O deputado federal Rogério Rosso (PSD) repudiou o depoimento. “Repudio veementemente qualquer tentativa espúria, sórdida e reiterada de associar o meu nome a supostas práticas ilícitas e envolver pessoas honestas como eu, Renato e Arthur no rol de envolvidos neste processo”, afirmou. Segundo ele, quem o conhece sabe que sempre procurou obedecer plenamente os princípios éticos, morais e constitucionais da administração pública. “Por outro lado, é evidente que se trata por óbvio de tentativa sorrateira de denegrir minha reputação num momento onde discute-se eventual sucessão na Câmara Federal. Tomaremos as medidas judiciais cabíveis que o caso exige”, completou Rosso.

O esquema
A Operação Caixa de Pandora descortinou o maior esquema de corrupção já registrado no Distrito Federal, por reunir, em sucessivas fraudes, diversas instâncias do Executivo e do Legislativo locais com o setor produtivo. Os vídeos divulgados chocaram a população do DF e foram o ponto mais forte do esquema, pois mostravam políticos recebendo dinheiro.

De acordo com a investigação, o ex-governador José Roberto Arruda e o ex-vice-governador Paulo Octávio, além de outros réus — como o delator do caso, Durval Barbosa —, teriam usado contratos de informática para desviar recursos durante a administração de Arruda.

Segundo a denúncia do MPDFT, entre 2003 e 2009, foram celebrados vários contratos de fornecedores com o Governo do Distrito Federal, em que agentes públicos recebiam cerca de 10% a título de enriquecimento ilícito, favorecimento de empresas e uso do dinheiro para financiamento de campanhas políticas.

 

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