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Durval diz ter entregado dinheiro a ex-corregedor em caixa de nobreak

Em depoimento na 2ª Vara de Fazenda Pública, delator da Pandora ressaltou, porém, que não filmou o repasse de R$ 100 mil pagos “por fora”

atualizado

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Marcello Casal Jr/ABr
Durval Barbosa
1 de 1 Durval Barbosa - Foto: Marcello Casal Jr/ABr

Quatro testemunhas de acusação e uma de defesa prestaram depoimento no processo em que o ex-corregedor-geral do DF Roberto Giffoni responde por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito no âmbito da Caixa de Pandora. A audiência de instrução começou às 14h30 desta terça-feira (13/3), na 2ª Vara de Fazenda Pública do DF, e terminou por volta das 16h.

Durval, ex-presidente da Codeplan e ex-secretário de Relações Institucionais do GDF, disse ter entregado R$ 100 mil para Giffoni dentro de uma caixa de nobreak. Garantiu que o dinheiro era pagamento “por fora”, mas não falou o remetente. “Me mandaram entregar. O Giffoni saiu do Buritinga (em Taguatinga) e foi até o Palácio do Buriti para receber”, afirmou.

Questionado pelo advogado do ex-corregedor por que não registrou em vídeo a entrega dos R$ 100 mil, como fez com outras autoridades, respondeu: “Poderia ter filmado. Se eu soubesse de tanta impáfia, teria feito isso”.

Durval afirmou que os R$ 100 mil seriam oriundos de um pagamento feito, em 2007, à empresa Linknet. A defesa contextou, no entanto, que um documento do Governo do Distrito Federal, encaminhado desde 2011 ao MPDFT, demonstra que a empresa não teve qualquer pagamento no ano de 2007.

Durval afirmou ainda ter informação de que o réu, na gestão de José Roberto Arruda, recebia 1% do faturamento de alguns contratos de empresa de informática.

Patrimônio
Depois de meia hora de depoimento, o delator deixou o local acompanhado da advogada. Em seguida, começou a oitiva de Geraldo Gomes de Lemos Neto, cavaleiro da Hípica de Brasília. A Justiça quis saber se Giffoni mantinha animais no local e se eles seriam parte do suposto patrimônio ilícito conquistado pelo ex-corregedor-geral.

“Não tenho conhecimento se ele tinha cavalos”, afirmou ao juiz Daniel Carnacchioni, que conduziu a audiência de instrução do caso. Questionado pelo Ministério Público se Valdez e Piemont eram os animais de Giffoni, Geraldo Gomes disse não saber se ele era o dono.

“Ganhei algumas competições. O que eu ganhasse nas competições era 50% para mim e 50% para Giffoni. Assim, ajudava a pagar as despesas com alimentação. Fiquei dois anos competindo com o Piemont”, disse ainda.

O advogado de defesa de Giffoni afirmou que o animal Valdez é de propriedade de outra pessoa, declarado no imposto de renda, desde 2005.

Em seguida, dois funcionários da hípica também foram ouvidos. Jackson Gomes e Ronaldo Bittencourt falaram sobre os cuidados e custos com os cavalos. Ronaldo Bittencourt confirmou que a filha de Giffoni, Eduarda, ia à hípica para andar nos animais.

Das oito pessoas que fariam a defesa do ex-corregedor-geral, somente Reinaldo Gonçalves de Macedo compareceu à audiência. Ele começou o depoimento às 15h40. Reinaldo trabalhou na Associação Nacional dos Procuradores Federais, de 1997 a 2010, entidade a qual Giffoni era presidente. Ele também foi servidor do GDF durante o governo de José Roberto Arruda, mesmo período em que Giffoni era corregedor.

Entre as testemunhas de defesa que faltaram, estava Paulo Octávio, ex-vice-governador do DF. A próxima audiência ficou marcada para o dia 27 de abril. Durante os depoimentos desta tarde, a defesa de Giffoni fez questão de ressaltar que não há no processo áudio ou imagem que incriminem o ex-corregedor. Ao final, o advogado e Giffoni não quiseram se pronunciar.

Esquema de corrupção
A Operação Caixa de Pandora descortinou o maior esquema de corrupção já visto no Distrito Federal, por reunir, em sucessivas fraudes, diversas instâncias do Executivo e do Legislativo com o setor produtivo.

De acordo com a investigação, o ex-governador José Roberto Arruda e o ex-vice-governador Paulo Octávio, além de outros réus — como o delator do caso, Durval Barbosa —, teriam usado contratos de informática para desviar recursos durante a administração de Arruda.

De 2003 a 2009, segundo a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), foram celebrados vários contratos entre fornecedores e o GDF. As investigações apontaram que agentes públicos recebiam cerca de 10% a título de enriquecimento ilícito, favorecimento de empresas e uso do dinheiro para financiamento de campanhas políticas.

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